Como a publicidade tenta alertar sobre a violência
Ações usam sons, estatísticas e elementos incômodos para alertar a sociedade sobre a gravidade do problema no Brasil
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Bárbara Sacchitiello
5 de junho de 2018 - 7h00
As notícias diárias que chegam à população pela TV, jornais, internet ou qualquer meio de comunicação não deixam dúvidas de que a violência é um dos mais alarmantes problemas do Brasil. Tão complexas quanto numerosas, as causas que tornam o simples ato de circular pelas ruas como uma atividade arriscada acabam impactando todas as atividades e esferas da sociedade – inclusive, a indústria da comunicação.
Embora sua função primordial seja a de ajudar empresas a chamarem a atenção do público – e, com isso, gerarem mais negócios – a publicidade não está alienada a causas que, indiretamente, também afetam sua cadeia. Longe de entrar em questões políticas e sociais que estão engendradas no grave quadro de violência do País, a criatividade tenta, à sua maneira, alertar a população a respeito da gravidade da situação e chamar atenção para algo que, mesmo assustador e preocupante, não pode deixar de ser debatido.
Recentemente, alguns publicitários procuraram usar o recurso do som para mostrar o quanto as pessoas já internalizaram a violência a ponto de se acostumarem a ouvir, diariamente, notícias sobre assassinatos e sequestros sem esboçar reações de indignação. Em um experimento, o coletivo Unlockers transformou disparos de armas em uma canção que provocava sensações incômodas a quem a ouvia, em uma ação chamada “Sinfonia da Violência”. Em conjunto com a produtora Lucha Libre, a Unlockers (projeto formado por diversos profissionais de comunicação que se unem para realizar discussões e iniciativas de cunho social) destacou alguns dos mais recentes casos de violência que chamaram a atenção do País – entre elas, o assassinato da vereadora Marielle Franco – e transformou os sons dos disparos ocorridos nesses crimes em partituras, que deram origem a uma canção que continha os elementos sensoriais dos tiros e da violência. Veja:
“Não há melhor maneira de mudar a percepção das pessoas em relação a alguma situação do que fazê-las sentir o que está sendo falado. Esse experimento sensorial que criamos tem o objetivo de provocar uma experiência desconfortável em que o ouve. Suficiente para que as pessoas voltem a perceber que a mesa sensação de angústia e medo gerada pela Sinfonia deve ser natural frente à violência que vemos todos os dias”, explica Gabriel Araújo,vice-presidente de criação e digital da Edelman e um dos membros da Unlockers responsável pela ação.
Para o criativo, a publicidade não apenas tem o dever de usar seu poder transformador a favor de causas importantes como também pode conseguir provocar mudanças reais quando realiza trabalhos e ações de forma genuína.
O Estadão também têm a crença de que colocar o assunto no centro das discussões da sociedade é a primeira forma de tentar reduzir os altos índices de violência do Brasil. Por isso o veículo tem criado, junto com a FCB Brasil, campanhas que, de forma criativa, mostram o quão alarmante é a questão. Neste ano, o Estadão recorreu às estatísticas de países em guerra para mostrar que os índices de homicídios brasileiros são dignos de revolta.
Dessa forma, surgiu o Placar da Guerra, uma plataforma digital alimentada pelo próprio conteúdo de notícias do Estadão, que compara as taxas de homicídio do Brasil com as da Síria, Iraque e Líbia, por exemplo. Na mesma plataforma, também é possível encontrar notícias sobre crimes ocorridos no País.
Além do impacto numérico, a FCB Brasil também recorreu ao incômodo para tentar alertar as pessoas sobre a gravidade do quadro de violência no Brasil. Também para o Estadão, a agência criou o livro “100 Coisas para Fazer Antes de Morrer”. O título, que lembra os guias que reúnem dicas positivas, visa funcionar, na verdade, como uma crítica à generalização da violência. A obra traz 100 diferentes casos reais de pessoas que estavam realizando as mais diversas atividades e foram vítimas de violência.
No lançamento do projeto, Marcelo Moraes, diretor de marketing do Estadão, disse que a proposta era, justamente, alertar a sociedade. “Queremos mais uma vez chamar a atenção para um problema que atinge a grande maioria da população brasileira, buscando a transformação de uma realidade que muitos enfrentam a cada dia”, disse em comunicado.
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