CuboCC reforça perfil full service

Alexandre Zaghi Lemos
14 de novembro de 2011 - 3h54

Há um ano e meio sob o controle acionário do Grupo Interpublic, a brasileira CuboCC muda a estrutura diretiva para adequar-se ao seu acelerado ritmo de crescimento. Outro objetivo contemplado com os movimentos mais recentes é o de se firmar como agência full service, mantendo sua forte expertise digital como centro do pensamento estratégico nos projetos para seus clientes.

Com a finalidade de dividir as responsabilidades executivas da empresa e contemplar esta atuação mais ampla, o fundador, sócio e CEO Roberto Martini foi buscar em um profissional de carreira na publicidade o nome para ocupar a direção geral da CuboCC. Rodrigo Toledo assume a função após cinco anos na JWT, onde foi o diretor global da conta de Lux, o que inclui passagem por Bancoc, na Tailândia, e outros seis anos na Lowe. Sua carreira na área de atendimento começou em 1997, na Y&R.

A meta de Toledo é contribuir para reforçar a oferta de criação e produção de comunicação integrada, que há muito já não limita o trabalho da CuboCC ao ambiente digital. “Dentro do desafio de nos tornarmos profissionais híbridos, dominando todos os meios, estar aqui nesse momento é antecipar o futuro”, salienta. “Buscamos profissionais do off-line para aprender mais de um universo que não dominamos tão bem e também para nos ajudar a desenhar nossos próximos passos”, acrescenta Martini.

As mudanças ocorrem no momento em que a CuboCC ultrapassa a barreira dos R$ 100 milhões de faturamento, prevê fechar o ano com resultado de R$ 115 milhões, o que significa alta de 15% em relação ao ano passado, e projeta crescimento de 35% para 2012. Desde que o Grupo Interpublic comprou 70% de suas ações, em março de 2010, a agência ganhou musculatura para expandir seus negócios e se mudar para uma nova sede, em São Paulo, bem maior que a anterior, onde agora comporta 140 funcionários.

Ao lado de Martini e Toledo, estão na condução da CuboCC os diretores Luisa Bernardes (integração), Matheus Barros (operações) e Eduardo Sumi (canais). Como parte do Interpublic, a agência tem se beneficiado de novas ferramentas de acesso à informação e de uma estrutura administrativa mais bem estruturada.

Os três principais clientes da casa são Unilever (11 marcas), Kraft Foods (Halls, Trident, Chiclets e Bubbaloo) e Google (Orkut, Google+, Chrome e Youtube). Esta lista acaba de ser aumentada com a chegada da verba de Liberty Seguros, seguradora oficial da Copa 2014. “Nosso foco é trabalhar com marcas globais ou líderes de mercado, que nos permitam crescer”, frisa Martini.

O estilo da CuboCC reflete muito o pensamento de Martini, um jovem profissional que começou carreira como programador e diretor de arte e tem o empreendedorismo nas veias. Integrou o grupo que fundou a AG2, no Rio Grande do Sul, quando tinha apenas 17 anos. Depois disso, embarcou na sociedade da Rage, agência digital que chegou a integrar o portfólio da holding Prax, ao lado de W/Brasil, Lew’Lara e Escala.

Em 2004, ainda com 24 anos de idade, Martini fundou, ao mesmo tempo, a CuboCC e a produtora Santa Transmedia. “Eu queria aprende a dirigir filmes”, conta ele. Após sua saída da Santa, deu à CuboCC a dupla personalidade de agência e produtora que entusiasmou o gigante Interpublic a adquirir seu controle, mas mantê-la como unidade autônoma, sem vinculo direto com nenhuma de suas redes globais, como DraftFCB, Lowe e McCann.
Com a chegada do novo controlador internacional, deixaram a empresa Raul Garré e Rodrigo Elste, os outros dois sócios fundadores da CuboCC, que nasceu com o espírito “garagem” que norteou muitas inciativas da esfera digital.

Agora, com a chegada de Toleto, Martini quer dedicar mais tempo ao processo criativo e também ao comitê global criado pelo Interpublic para pensar o futuro do grupo. A expertise da equipe brasileira tem, inclusive, auxiliado na prospecção de contas em outros países. Para participar de projetos das empresas do Interpublic mundo afora, a CuboCC mantém um executivo dentro do escritório da holding em São Francisco, nos Estados Unidos. “Trabalhamos com a perspectiva de migração das verbas da mídia para os serviços agregados”, aponta Martini. Hoje, metade do faturamento da CuboCC vem de projetos que envolvem a compra de mídia e a outra metade dos serviços de produção.

Martini acredita que após consolidar sua presença no Brasil pode aproveitar a capilaridade do Interpublic para expandir a marca CuboCC para outros mercados. “Mas, por hora, ainda vivemos um cenário de demanda crescente no Brasil”, ressalva.