O que a fusão entre Omnicom e IPG sinaliza para os negócios das holdings
Transação pode ajudar negócios das multinacionais de comunicação à medida que reduz a competição por serviços de grandes marcas globais, diz Brian Wieser, da Madison and Wall
O que a fusão entre Omnicom e IPG sinaliza para os negócios das holdings
BuscarO que a fusão entre Omnicom e IPG sinaliza para os negócios das holdings
BuscarTransação pode ajudar negócios das multinacionais de comunicação à medida que reduz a competição por serviços de grandes marcas globais, diz Brian Wieser, da Madison and Wall
Isabella Lessa
9 de dezembro de 2024 - 14h15
(Crédito: Shutterstock)
Confirmada nesta segunda-feira, 9, a megafusão entre Omnicom e Interpublic Group of Cos. (IPG) dá origem à maior holding global de publicidade, destronando, depois de décadas, o WPP da posição de principal multinacional de publicidade do mundo.
Ao Ad Age, um ex-executivo do Omnicom disse que o acordo parece um plano para “matar o WPP e iniciar uma corrida dupla para ultrapassar o Publicis Groupe”.
Recentemente, o grupo francês comandado pelo CEO e chairman Arthur Sadoun passou à frente do Omnicom – que, por muito tempo, foi a segunda maior holding global – e estava com planos de encerrar 2024 à frente do WPP em receita.
Ano passado, as receitas orgânicas do WPP e do Publicis alcançaram montantes de US$ 18,5 bilhões e US$ 16 bilhões, respectivamente. Já o Omnicom e o IPG encerraram 2023 com as respectivas receitas orgânicas de US$ 14,7 bilhões e US$ 10,8 bilhões.
Ou seja, somadas, as receitas de ambas no ano anterior chegam a US$ 25,5 bilhões.
À reportagem de Meio & Mensagem, Brian Wieser, analista da consultoria Madison and Wall, afirma que a transação deverá ser útil para o negócio das holdings, à medida que reduz a competição por serviços de marcas globais. “Ao mesmo tempo, permite que as maiores agências invistam em ofertas de tecnologia – algo que vem sendo demandado pelas marcas”, comenta.
Em análise publicada no domingo, 8, quando a aquisição ainda não havia sido confirmada, Wieser também mencionou que Omnicom e IPG poderiam se beneficiar da otimização de custos de back office, além de criarem um grupo melhor posicionado para investir em pessoas, parcerias e tecnologia diante de um mundo em que investimentos em inteligência artificial (IA) e em escala são necessários para melhor atender grandes anunciantes.
Outra vantagem seria o fortalecimento da atuação em principal-based buying, que é a prática de comprar mídia e revendê-la aos clientes. Segundo Wieser, o Omnicom tem sido mais agressivo nessa busca: “Esse provavelmente tem sido o fator mais importante para o crescimento da holding”.
Em contrapartida, o enfraquecimento do IPG, que na semana passada vendeu a Huge, uma de suas marcas criativas, tem a ver com reduções de investimentos significativas por parte dos clientes, explica o analista. O CEO Phillipe Krakowski disse que o grupo estaria fortalecendo sua atuação em principal-based trading, pois é uma prática que tem sido decisiva em concorrências globais.
No terceiro trimestre, o Omnicom alcançou crescimento orgânico de 6,5%, sendo que os serviços de publicidade e mídia obtiveram aumento de 9,4% no período. O marketing de experiência, porém, foi a disciplina que mais cresceu em relação ao terceiro trimestre de 2023, com 35,3% de alta.
Com isso, a holding manteve a previsão de crescimento anual em 4% ou 5%.
O IPG, por sua vez, registrou declínio de 2,9% na receita do terceiro trimestre, que fechou em US$ 2,24 bilhões. Nos primeiros nove meses do ano, a receita orgânica da holding cresceu 1% e Krakowsky afirmou, no final de outubro, que manteria a previsão anual de crescimento a 1%.
Uma das perdas significativas para o IPG em 2024 foi a conta de mídia da Amazon, que foi dividida entre Omnicom e WPP.
Antes de vender da Huge, a companhia se desfez das agências Hill Holliday e Deutsch Nova York. A R/GA também está à venda.
Por outro lado, acaba de realizar uma aquisição de US$ 100 milhões na Intelligence Node, especializada em analytics para o varejo, como forma de fortalecer suas ofertas em commerce e retail media.
A operação adquirida fará parte da Kinesso, braço de dados do IPG.
Em novembro de 2023, o Omnicom também acelerou sua atuação no commerce ao fazer a maior aquisição de sua história – ao menos na época: comprou da Ascential a Flywheel, especializada em digital commerce, por US$ 835 milhões.
Jay Pattisall, vice-presidente e principal analyst da Forrester, disse ao Ad Age que a combinação entre a plataforma de marketing Omni, do Omnicom, e a Acxiom, do IPG, melhor posicionam a companhia para competir com a Epsilon, do Publicis Groupe.
Mas o CEO da ID Comms, Tom Denford, afirmou ao site norte-americano que o acordo entre as holdings não é sobre oferecer benefícios imediatos aos anunciantes. “É sobre sobrevivência das agências, que estão enfrentando o risco de se tornarem obsoletas se não crescerem. Estão tendo de mudar os papéis que desempenham junto aos clientes para se manterem lucrativas”.
Para Wieser, o acordo pode trazer ganhos para os anunciantes no longo prazo. De imediato, contribui para uma indústria mais saudável, no geral. No que diz respeito ao que isso significa para WPP e Publicis Groupe, ainda é difícil dizer.
“O Publicis provavelmente está satisfeito com suas escolhas estratégicas, então não sentem pressão para fazer algo. Ao WPP, em contrapartida, falta muita estratégia coerente e pode ser que sinta a necessidade de fazer escolhas mais ousadas”, analisa.
Compartilhe
Veja também
Confiança criativa está diminuindo, indica The State of Creativity 2025
Elaborado pela Lions Advisory, relatório ressalta ela está sendo abalada pela incapacidade de desenvolver insights de qualidade e pela falta de agilidade cultural
Ana Maria Braga coloca a PPK na mesa em ação de Gino Canesten
Iniciativa é parte do movimento criado pela Droga5 para a marca estimular as mulheres a falarem abertamente sobre saúde íntima