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Comunicação

Publicidade mais diversa abre espaço à locução feminina

Locutoras contam como abordagens mais representativas e inclusivas das campanhas mexem com o mercado de trabalho de quem dá voz aos comerciais


24 de julho de 2018 - 12h01

Atriz e locutora Carolina Mânica é a voz do comercial da seguradora Youse (Crédito: Divulgação)

Quando pensamos em um comercial de TV que anuncia um carro é mais fácil lembrarmos de informações sobre a potência do motor e as características de um veículo sendo transmitidas por uma voz masculina. Da mesma forma que, quando pensamos em uma campanha de shampoo, nosso cérebro possivelmente traz uma voz feminina detalhando as características do produto.

Embora essas distinções de segmentos comerciais por gênero ainda existam na hora de escolher a voz que dará o tom de uma campanha publicitária, algumas coisas já mudaram. Marcas e anunciantes habituados a usar vozes masculinas começam a dar oportunidade para as mulheres e algumas campanhas de carros e de serviços financeiros – territórios em que sempre predominaram a trilha sonora masculina, começam a experimentar o uso de vozes femininas.

Quem percebe a mudança são as próprias locutoras do setor, que notam o no dia a dia e na demanda dos trabalhos que as marcas estão procurando levar também para o áudio abordagens mais representativas e inclusivas. “Estamos vivendo um cenário de libertação feminina e a luta pela igualdade de reconhecimento. É inevitável que a publicidade se adeque a essa realidade abrindo mais espaço para o feminino com uma voz atuante”, analisa Carolina Mânica, atriz e locutora publicitária, que já emprestou a voz para campanhas de Renner, Sadia, Coca-Cola, Faber-Castell, Danone e outros anunciantes.

No currículo de Carolina estão também campanhas de marcas que não tinham tradição de usar vozes femininas. A profissional já trabalhou em mensagens para a Chevrolet Tracker e, recentemente, foi escolhida para ser a voz de apresentação da seguradora Youse no mercado nacional. A profissional recorda que, nas primeiras conversas com a marca, foi ressaltado o fato de que o setor financeiro raramente usava vozes femininas para se comunicar com o público. “O fato de ser um produto moderno, 100% digital pedia uma voz que acompanhasse esse tempo que estamos vivendo. Então, criei para a marca uma mulher moderna, de espírito jovem, antenada ao seu tempo. Acho bastante inovador o fato de Youse apostar em uma voz feminina para ser a sua ‘cara’”, elogia. Veja, abaixo, o comercial da Youse com narração de Carolina:

 

Gabriela Ghirelli abriu espaço de locução para entregar trabalhos com mais agilidade (Crédito: Reprodução)

Assim como Carolina, Gabriela Ghirelli também percebe uma mudança na mentalidade das marcas quando buscam uma voz para ilustrar suas mensagens. A profissional, que trabalha com locução desde 2010, teve a oportunidade de ver a transformação da abordagem publicitária pelo lado de dentro. Gabriela trabalhou na área de RTV da agência DM9DDB entre os anos de 2007 e 2010 e lembra que, na época, as vozes masculinas predominavam em muitos segmentos. “Quando deixei a agência, em 2010, para me dedicar somente à locução, o mercado de trabalho era bem diferente. A maioria dos locutores que trabalhavam com publicidade eram homens porque as campanhas demandavam mais vozes masculinas. Hoje, a quantidade de mulheres que trabalham com locução aumentou muito”, analisa.

Em 2012, Gabriela teve a oportunidade de participar de uma campanha para a Ford, um convite que chamou a atenção por sinalizar uma mudança de caminho. “Não era comum e não é até hoje ouvirmos vozes femininas em varejo de automóveis mas a mulher vem tomando espaço em todas as áreas do mercado de comunicação e a locução também é parte desse conjunto”, acredita Gabriela. Uma prova de que o mercado de trabalho está aquecido para vozes femininas é sua própria experiência pessoal. Junto com outras duas amigas locutoras, a profissional abriu um coworking de locução para ter mais agilidade e demanda na entrega dos trabalhos. “A internet trouxe também novos canais para serem preenchidos e ampliou a demanda por trabalho. Por ter a experiência da agência sei o quão corrido é o ritmo da produção de um comercial e, por isso, acho importante para o locutor contar com uma estrutura própria para entregar o trabalho com mais agilidade”. Conta Gabriela, que já deu voz para as campanhas de Pernambucanas, O Boticário, Marisa, Decathlon, Petrobras, além das campanhas do Projeto “Descubra o Brasil”, da Globo e Globosat. Veja:

https://www.youtube.com/watch?v=EQxFa9uurPc

 

Daniela Mel concilia os trabalhos de locução publicitária com a apresentação na Rádio Kiss FM (Crédito: Divulgação)

Voz que consome

Com 20 anos de experiência na área de locução, Daniela Mel enxerga de forma muito positiva a abertura do campo de trabalho para a s vozes femininas. “As mulheres dirigem carros, possuem conta em banco e tomam cerveja. Então, nada mais natural que a gente  escute vozes femininas anunciando esses produtos. Vejo o mercado se abrindo bastante e acho ideal que exista equilíbrio de vozes masculinas e femininas, com trabalho para todos. Mas é importante entender que alguns segmentos de produtos podem ser anunciados tanto por homens quanto por mulheres”, comenta Daniela, que além dos trabalhos de locução publicitária, também é apresentadora do programa “Rock a 3”, na Rádio Kiss FM.

Nos trabalhos para os quais é contratada, a locutora já percebe uma mudança. Antes, a maior parte das locuções que fazia tinha um certo padrão: comerciais de produtos de beleza ou campanhas de Dia das Mães. Hoje, o leque está mais amplo. “Faço alguns trabalhos para IBM, para o Booking.com e o patrocinador atual do programa da Kiss é a Prudence, uma marca de preservativos que tem como foco o público masculino”, cita. Veja um dos exemplos dos trabalhos de Daniela:

Na opinião da locutora, que também possui um estúdio próprio para a entrega dos trabalhos, a locução feminina pode agregar atributos importantes para compor a estratégia da marca. “É trabalho do locutor ajudar a dar personalidade aquela mensagem e compreender o que o cliente quer. Uma voz feminina pode agregar simpatia, força, credibilidade e ajudar uma marca a passar ao público seu diferencial e isso não acontece somente com comerciais de absorventes, de shoppings ou produtos de beleza. Não dá mais para deixar a mulher consumidora para trás”, pontua.

 

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