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Quantos professores você tem dentro da sua agência?

A missão do professor é ser uma referência, não um modelo. Todo jovem, quando entra numa grande agência, espera trabalhar ao lado daqueles que são referências na profissão. Há na sua empresa gente assim? Leia mais no artigo de Eric Messa


15 de outubro de 2012 - 1h00

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Hoje é dia do professor. Por causa disso, ganhei a semana de folga. Na verdade a folga é por conta de outro feriado. De qualquer forma, os alunos agradecem. Não é o dia deles, mas ganharam uma semana sem me ver. Felicidades deles. Ironia minha.

Nessa semana de folga eu aproveito para ler o Meio & Mensagem com mais calma. Aproveito para ver os amigos que estão no mercado publicitário, correndo para entregar mais um job. Trocamos ideias e opiniões sobre o futuro da publicidade. Eles contam seus últimos “cases” de sucesso. Eu falo sobre as reflexões que desenvolvemos na academia.

Aliás, nunca na história da propaganda brasileira, o mercado esteve tão próximo da academia. Aliás, houve até um tempo em que nem existia academia: os primeiros grandes nomes da publicidade brasileira aprenderam a fazer propaganda no dia-a-dia, errando e acertando.

Quando chegaram ao auge da carreira, ajudaram a formar as gerações seguintes, mas logo perceberam que uma graduação em propaganda seria importante para a formação do publicitário, e assim, no início dos anos 60 surgiram os primeiros cursos de ensino superior de propaganda no Brasil. A Faap faz parte dessa história. Tenho colegas que estudaram nas primeiras turmas do curso de comunicação social. Trabalharam no mercado e hoje são professores da casa. 

Com o surgimento das faculdades, a publicidade começou a contar com profissionais diplomados dentro de suas agências, mas a bem da verdade é que o tempo passou, e o mercado começou a menosprezar o conhecimento científico.

Nos anos 1980 e 1990 havia aqueles que desencorajavam seus estagiários a voltarem para a faculdade após o expediente. Diziam que propaganda se aprende no dia-a-dia, dentro da agência.

Hoje ninguém mais tem coragem de falar algo assim. Sabem a diferença que faz para a formação do profissional aquilo que se apreende durante o processo de reflexão teórica. Ainda mais agora, em plena era digital e revolução dos meios de comunicação, época em que nada mais está bem definido.

Perdemos o chão. Vivemos uma transição de paradigmas. O conhecimento prático oferecido pelo cotidiano da agência não basta. É preciso ter um bom repertório e consciência crítica suficiente para ressignificar os modelos de comunicação. Inovar é palavra-chave. Salve a semiótica.

Corremos todos para a academia. Em busca do conhecimento científico-teórico capaz de amplificar o repertório individual. Teoria da Comunicação. Sociologia do comportamento. Psicologia do consumidor. 

Em meio a isso, acreditem ou não, há aqueles que defendem que o professor perdeu sua função. Vai desaparecer. Bobagem. Bobagem das grandes. E não sou eu quem diz. São meus alunos. 

Mais do que alguém para despejar dados e informações (o Google está aí pra isso), os alunos sentem falta de uma referência sólida. Alguém que possa orientar a formação do seu repertório intelectual. Alguém que apresente os fundamentos teóricos que servirão de base estrutural para a formação de todo o conhecimento.

Fundamentação teórica sobre os meios de comunicação é essencial. Vejo isso no discurso de muitos gestores de agências de publicidade. Eles buscam jovens profissionais que saibam pensar, antes de qualquer coisa. Eles próprios estão buscando uma formação teórica mais sólida. 

A missão do professor é ser uma referência, não um modelo. Referência é tudo aquilo que serve de inspiração. Modelo é aquilo o qual devemos copiar e, convenhamos, ninguém aceita o plágio. Nem a academia, nem o mercado.

Acredite, depois da universidade, outros professores virão. Desta vez dentro da empresa. Dentro da agência. Ao menos é isso que todo jovem espera quando entra numa grande agência. Trabalhar ao lado daqueles que são referências na profissão. Já parou pra pensar se na sua empresa/agência existem bons professores? Aqueles que inspiram e servem de referência para os jovens estagiários?

Se você consegue identificá-los, fique feliz. Sua empresa/agência tem grandes chances de sair-se bem nesse período de transição de paradigmas que vivemos. Aliás, aproveite para dar a eles uma semana de folga, afinal hoje é dia do professor.

Eric Messa é articulista do Meio e Mensagem. Escreve mensalmente para a coluna "Opinião", na edição impressa do jornal. É professor da Faap/SP e também atua com planejamento estratégico/criativo em mídias digitais. Este artigo está publicado exclusivamente no site do www.meioemensagem.com.br
Twitter: @ericmessa
Facebook: /ericmessa

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