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Projeto abre as portas de agência a estudantes da periferia

Em parceria com a Mestiça, primeira edição do Periféricas promove cursos para mulheres que pretendam trabalhar na área de criação


24 de outubro de 2019 - 12h59

Tawane Silva (sentada ao centro) e os profissionais da agência que trabalharam, de forma voluntária, para estruturar e desenvolver o projeto Periféricas (Crédito: Divulgação)

A presença de mulheres na área de criação das agências de publicidade ainda é baixa. Pesquisa realizada por Meio & Mensagem em janeiro deste ano, que avaliou a diversidade de gênero nas 30 maiores agências do Brasil, mostrou que, em média, apenas 26% da força de trabalho da área criativa das agências é composta por mulheres.

Se para elas, de forma geral, o caminho para as áreas de criação são mais difíceis, as estudantes de baixa renda – com poucas oportunidades de acesso às instituições de ensino das quais saem os principais profissionais recrutados pelas agências – têm pela frente uma jornada ainda mais difícil para adentrar no universo criativo das grandes agências de publicidade.

Diretora de arte da agência Mestiça, Tawane Silva tinha como projeto pessoal criar alguma alternativa para aproximar as mulheres da periferia das grandes agências de publicidade. Ao compartilhar sua ideia com uma amiga e colega de trabalho – Mylena Dalbone, supervisora de planejamento da agência – Tawane ganhou apoio para desenvolver, pelos meses seguintes, aquele que seria o primeiro projeto de inclusão da agência. “Com a Mylena, passei sete meses pesquisando e estruturando tudo. Só depois montamos uma apresentação para os sócios da Mestiça, que amaram o projeto e não pensaram duas vezes antes de topar ser seu apoiador”, conta a criativa.

Tawane exalta que a primeira edição do Projeto Periféricas – que teve início no último sábado, 19, na sede da agência em São Paulo – só foi possível de ser realizada pelo trabalho conjunto e envolvimento de diversas pessoas da agência, que se mobilizaram em torno da causa inclusiva. “Um a um, consegui mobilizar a agência toda. Não recebi um não sequer. Isso é revolucionário”, celebra.

O projeto consiste em um curso gratuito de quatro meses – realizado sempre aos sábados – para mulheres estudantes de publicidade que tenham interesse em trabalhar na área de criação. Para essa fase piloto do projeto, Tawane e sua equipe fizeram uma parceria com a Universidade de Mogi das Cruzes, que recebeu a equipe do Periféricas para conhecer a proposta e ajudou a divulgá-la entre suas alunas. A seleção das dez estudantes que formam a primeira turma seguiu algumas etapas. “Disponibilizamos um formulário online com uma série de perguntas para conhecer melhor o perfil das meninas interessadas. Primeiro de tudo, selecionamos aquelas que tinham o mesmo foco do projeto: criação. Como o objetivo do Periféricas é dar oportunidade a quem tem menos acesso, nossos critérios de seleção priorizaram as meninas que encontravam mais barreiras, como dificuldade de inserção no mercado, demora no deslocamento até a faculdade e pagamento do curso”, cita a criadora do projeto.

“Como o objetivo do Periféricas é dar oportunidade a quem tem menos acesso, nossos critérios de seleção priorizaram as meninas que encontravam mais barreiras, como dificuldade de inserção no mercado, demora no deslocamento até a faculdade e pagamento do curso”, Tawane Silva, idealizadora do Periféricas

Uma vez por semana, as jovens do projeto passarão um dia na sede da agência, onde terão aulas teóricas e práticas a respeito de toda a rotina da área de criação e dos trabalhos de uma agência de publicidade. De acordo com Tawane, foi montada uma grade de aulas que constrói um caminho para que, ao final dos quatro meses, cada uma das alunas tenha um portfólio que as auxilie e ingressar no mercado de trabalho. No último dia do curso, diretores de criação, diretores de arte e outros criativos do mercado serão convidados para avaliar as estudantes e dar dicas profissionais e para o incremento do portfólio.

Na opinião de um dos sócios e chief designer office da agência, Denis Filippini, contar com um quadro de funcionários mais diverso é uma das chaves para que o resultado final do trabalho desenvolvido pela agência tenha mais qualidade. “O Brasil é um país machista e muitas vezes repele, inibe e dificulta a entrada ou mesmo o interesse das mulheres no mercado de trabalho. A economia criativa está aí e a periferia esta cheia de pessoas super talentosas e, na maioria das vezes, esquecidas ou desassistidas”, reconhece.

Já sonhando com a segunda edição do projeto dentro da agência, Tawane pontua que o Periféricas pode tomar novos rumos e que a ideia é levar a proposta e quem esteja interessado na causa. “Não se trata de uma agência específica, mas do mercado como um todo. Há outras mil maneiras de fazer isso continuar. Hoje tenho certeza de que, além de um laboratório, estamos construindo um movimento”, celebra a diretora de arte.

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