Brasileiro na Espanha: “Tensão e incerteza”

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Brasileiro na Espanha: “Tensão e incerteza”

Diretor de criação da agência Tango, Victor Leão revela clima no país que já ultrapassou a China em número de vítimas fatais do coronavírus


26 de março de 2020 - 15h58

“O número de infectados aqui na Espanha não para de crescer”, afirma o brasileiro Victor Leão (Crédito da imagem: David Ramos_GettyImages)

A Espanha superou a China em números de vítimas fatais do coronavírus, e é o segundo país com mais mortes até o momento, atrás apenas da Itália. Desde 2015 morando em Madri, onde é diretor de criação da agência Tango, o brasileiro Victor Leão sente os impactos da pandemia no dia a dia do mercado e da sociedade local. A capital espanhola representa mais da metade dos casos da nação. O publicitário conta que desde o último dia 13 de março a agência opera em home office e segue todas as recomendações dos especialistas e dos governos. Na entrevista a seguir, Leão fala sobre o ritmo de vida e trabalho da Espanha, neste período de confinamento.

M&M – Como está o clima das pessoas e do governo no país?
Victor – Existe bastante tensão e incerteza. O número de infectados aqui na Espanha não para de crescer. E sem a certeza de quando a pandemia estará controlada, tudo fica parado. O governo está tentando trabalhar para minimizar os efeitos econômicos, mas realmente é uma situação extraordinária e não sabemos muito bem como vai ser o futuro próximo. Além disso, o motor da economia espanhola é o turismo, setor que esse ano será claramente afetado.

M&M – Quais impactos no consumo já foram sentidos por aí?
Victor –
As mudanças diretas são com relação aos hábitos e ao ócio. Turismo foi a zero e está havendo aumento de consumo de conteúdo, de TV, videogames, além do óbvio aumento na compra de produtos de higiene. Já estão começando aparecer uma série de iniciativas interessantes adaptadas ao cenário de isolamento, como os festivais de música ou aulas via streaming.

M&M – E como está o mercado publicitário local agora?
Victor –
Acredito que as agências e os clientes estão empenhados em buscar soluções possíveis para o novo contexto, tanto econômicas como de comunicação. Muitas marcas estão se juntando com as campanhas do governo e outras estão buscando se posicionar de forma ativa e social, inclusive mudando seus produtos, seus espaços, a comunicação, a relação com funcionários, acionistas, distribuidores, fornecedores e, claro, ajustando seus gastos.

M&M – Já teve alteração em campanha de cliente?
Victor –
Sim. Grande parte dos projetos da agência está em ativações e eventos. Muitos foram prorrogados e outros foram cancelados.  Também estamos trabalhando em uma campanha que estava com calendário de gravação e veiculação definidos (sairia em junho). Tivemos que suspender e estamos modificando, porque nesse novo contexto as mensagens que queremos levar ao consumidor e inclusive o formato da campanha deverão mudar. Outra campanha mundial com lançamento previsto para a semana passada também teve a veiculação suspendida até segunda ordem.

M&M – Como está funcionando o trabalho em home office?
Victor – Na verdade está bastante controlado e fluindo bem. Estamos reproduzindo um pouco o fluxo que tínhamos presencialmente, talvez com um pouco mais de controle diário. No departamento de criação nos falamos pela manhã e ao final do dia, todos os dias por programas, chats e pelo e-mail. Com a equipe que trabalhamos diretamente, estamos em contato 100% do tempo e acho que todos estão muito dispostos para que tudo funcione de forma dinâmica. Sinceramente estamos trabalhando com a mesma eficácia, e me arriscaria a dizer que estamos trabalhando mais e inclusive melhor. Acho que havia medo por parte da direção da agência das pessoas não se comprometerem, mas nesse curto tempo pude notar que estão se adaptando e confiando mais na equipe.

Crédito da imagem de topo: DKosig/iStock

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