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Credores recusam propostas sobre dívida da Abril

Segundo jornal, bancos recusaram propostas de Enforce, Guilder e Jive, grupos que tentam negociar débtio

i 14 de fevereiro de 2019 - 14h43

Em recuperação judicial desde agosto do ano passado, o Grupo Abril teve um revés, segundo a Folha de S.Paulo, na negociação de sua dívida com bancos. A reportagem afirma que os três principais credores — Bradesco, Itaú e Santander — consideraram ruins as propostas enviadas para saldar o passivo de R$ 1,6 bilhão.

Três grupos tentam negociar a dívida. A Jive Asset Management — empresa de recuperação de créditos fundada por Alexandre Marques Cruz — propôs pagamento de 3% da dívida mais 20% de valores negociados na venda de ativos. A Guilder Capital — do ex-VP do Santander João Consiglio — propôs pagamento simbólico de R$ 1.000, venda de ativos para pagar primeiro a dívida trabalhista (aproximadamente R$ 90 milhões) e o restante, aos bancos, que também receberiam futuramente se a empresa se recuperasse. A Guilder também propôs a criação de uma fundação para gerir a Abril e garantir sua independência.

O terceiro fundo interessado é a Enforce, ligado ao BTG, que também apoiou a Cavalry Investimentos, de Fábio Carvalho, no processo de aquisição da Abril, anunciado em dezembro. O grupo apresentou proposta de pagar 8% da dívida, sem incluir porcentagem sobre venda de ativos ou participação futura. Ao se unir a Fábio, a Enforce tentou ganhar preferência na negociação, e mês passado a Cavalry teve aprovação do Cade na aquisição. Mas, segunda a Folha, a estratégia não surtiu efeito.

“A Guilder era concorrente também pela compra do capital, mas não é mais”, falou Fábio, em entrevista ao Meio & Mensagem em dezembro. “Hoje tenho até minhas dúvidas se ainda faz sentido esse movimento da Guilder. Mas o BTG fez uma proposta — não sei se está de pé com a do João Consiglio — que é firme, sem condições, pronta para fechar. Por isso que estamos prosseguindo e vamos negociar com os bancos agora. Já está decidido que será conosco, nós adquirimos o capital e a Enforce, a dívida. O interlocutor está estabelecido.” Fábio também destacou, na época, sua expertise em negociar com bancos.

Os credores têm poder de decisão sobre a dívida do grupo e podem tomar o controle caso o BTG — ou qualquer outro interessado — não convença a maioria das partes sobre a proposta de recuperação. O conselho de credores deve se reunir em 19 de março para se decidir sobre a negociação. Se ainda não houver consenso, pode ser declarada falência e, eventualmente, venda de todos os ativos para saldar parte das dívidas.

O Grupo Abril, a Cavalry, a Guilder, o Itaú e o Bradesco não vão se pronunciar o assunto. A reportagem aguarda retorno da Jive e Satander.

*Atualizada às 16h57