Um chamado à humanidade

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Um chamado à humanidade

Na NRF, falou-se muito sobre dados (big data), análise e predição, wearables e realidade virtual


18 de janeiro de 2017 - 6h22

Robos-Tecnologias

Foto: Reprodução

Por ser feriado nos Estados Unidos da América, esperava menos movimento. Ao menos os varejistas não foram esquiar neste fim de semana, nem celebrar os direitos civis neste dia de Martin Luther King. “Arena lotada” – como gostamos de dizer no Brasil – provando que o segundo dia da maior feira de varejo dos EUA, a Retail Big Show da National Retail Federation (NRF) estava realmente especial. Neste ano, a feira começou domingo e terminou ontem, segunda-feira dia 16.

Sir Richard Branson, fundador do Virgin Group, não decepcionou na abertura. Com a popularidade e carisma de um pop star, falou um pouco da sua história, das suas iniciativas (e loucuras) e da filantropia que consome a maior parte do seu tempo.

Kip Tindell, da Container Store, foi muito feliz em perguntar: “Como manter a consistência, fidelidade e admiração à marca Virgin por tanto tempo e em tantos negócios diferentes (são mais de 300)?” Sir Richard explicou com base no sucesso de 50 anos de carreira e da marca: “Cada novo negócio não pode danificar a marca, e sim contribuir para ela. É verdade que acertamos mais do que erramos, mas o que realmente importa é manter intacta a sua reputação quando você fracassa”.

Falou-se muito sobre dados (big data), análise e predição. A Intel cunhou o jargão “data is the new oil”, ou “dados são o novo petróleo” – valiosos e devem ser protegidos. Em contraponto, Gwen Morrison, da The Store, nos chamou a atenção: “Em um mundo cada vez mais preditivo, no futuro estaremos vendendo produtos via algoritmos e padrões de comportamento”.

Cada vez menos as pessoas fazem compras espontâneas, pois são influenciadas por pessoas, aplicativos, “wearables”, etc.

Cada vez menos as pessoas fazem compras espontâneas, pois são influenciadas por pessoas, aplicativos, “wearables”, etc. Falando em “wearables”, ou tecnologia que se veste, que compõe nosso guarda-roupas – eles estão em todos os lugares.

Na Best Buy tem um corredor inteiro – 50 metros – dedicados a eles, mas a maioria são relógios com alguma função esportiva. Na NRF, “wearables” ganha outra dimensão, com destaque para uma nova tecnologia para sapato de salto alto (deve ser um alívio para as mulheres), uma tecnologia de lâmpada led que pode ser aplicada em bolsas e camisetas criando mensagens e padrões (muito divertido), óculos de segurança para ser usado em centro de distribuição com uma tela inferior acoplada, eliminando a necessidade do colaborador consultar o celular.

Realidade virtual é um grande tema neste ano. A tecnologia já impacta consumidores e varejistas no mundo todo. Na China, por exemplo, Alibaba usou a tecnologia em novembro por 11 dias com enorme sucesso. Os consumidores, com seu smartphone e um adaptador de papelão, experimentaram um passeio tridimensional em uma loja em Nova York – e fizeram compras… dos seus lares… na China!

Vimos muitas aplicações de realidade virtual para experimentar um móvel na sua casa, um novo layout de loja ou uma experiência inteira de compra virtual como a descrita acima.

O dia terminou com Denny Meyer, da Union Square Hospitality Group, dando um show de como se conectar com o ser humano, lembrando que o varejo vai além dos dados, wearables e realidade virtual. O varejo é olho no olho, é ser atendido por um ser humano. Por se tratar de uma rede de restaurantes, Meyer deu grande foco em hospitalidade, e a importância de se ter um propósito para que seu trabalho faça diferença na vida das outras pessoas. Foi um chamado à humanidade.

Por fim, no segundo dia Sir Richard Branson deu um show de carisma, de realização e mais recentemente de filantropia (e contínua construção de marca). Passamos por uma gama de inovações tecnológicas que são realidades, inclusive a realidade virtual, que de virtual não tem nada. Mas terminamos com chave de ouro com um chamado à humanidade, uma pregação à hospitalidade, uma lembrança de que o varejo é de pessoas para pessoas, antes de qualquer coisa. Não se preocupem! Assim como o varejo físico não morreu, não venderemos roupas para algoritmos… eu acredito na humanidade.

 

 

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