Como liderar na pandemia?

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Opinião

Como liderar na pandemia?

Pesquisa da Workana revela que 43,7% afirmam que o home office teve um impacto psicológico em suas vidas


7 de junho de 2021 - 15h22

(crédito: Andrea Piacquadio/ Pexels)

Estamos vivendo uma nova realidade. Um momento em que as empresas e seus gestores não têm certeza se estão no caminho certo, uma vez que o cenário é totalmente inédito. Sabemos que um colaborador precisa ter seu período de descanso, que deve iniciar tal horário e terminar tal horário. Sabemos da importância das férias, dos feriados, das campanhas motivacionais e dos momentos de feedback. Mas sabemos qual a influência dos sons da televisão ao fundo em meio a uma operação de suporte técnico? De pratos sendo lavados enquanto ajustamos a folha ponto de dezenas de colegas? Como é fazer um cálculo financeiro ao som de uma máquina de lavar “dançante” na área de serviço?

Esses questionamentos não passam pela cabeça da maioria dos gestores, porém são uma realidade com a qual os colaboradores não podem fugir. Para muitos brasileiros o trabalho é, ou era, o único refúgio da rotina pesada da convivência familiar.

A Workana, empresa dona de uma plataforma multinacional destinada a freelances, realizou uma pesquisa que revelou o peso do home office para muitos profissionais. A pesquisa entrevistou mais de 2.800 funcionários, de países dos continentes americano e europeu, e mostrou que 43,7% afirmam que o home office teve um impacto psicológico em suas vidas.

Segundo a pesquisa 28% das mulheres entrevistadas foram acometidas por crises de ansiedade, uma taxa muito maior que a dos homens, que ficou em 8%.

O trabalho presencial tem seus incômodos como o trânsito, o tempo de locomoção e o custo de deslocamento, porém, esses mesmos incômodos servem, para muitos, como “ritual” de desconexão com o trabalho. Na atualidade o home office não oferece este momento. E assim muitos não conseguem se desvincular das atividades profissionais e arrastam para o restante de seu dia as preocupações e atividades que no passado não passavam pela porta da empresa.

E as mulheres não têm sofrido só com a ansiedade, é nesse público também que a dificuldade de concentração tem tornado a rotina um desafio constante. Entre os homens essa dificuldade foi apontada por 17,7%, e entre as mulheres essa mesma taxa ficou em 24%.

Eliane Ramos, Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-MG) afirma que 30% dos trabalhadores, no Brasil, sofrem de esgotamento profissional. E essa situação se agravou com o surgimento da pandemia.

“Acredito que esse impacto na concentração não foi apenas em função do trabalho remoto, mas de um contexto maior de ansiedade com a própria pandemia. Mas, após um tempo trabalhando nesse regime, consegui me organizar melhor e hoje acho que está funcionando muito bem pra mim”, afirma a Presidente da ABRH-MG.

Mas o home office veio para ficar ou o mundo “pós Covid” retornará aos padrões existentes antes da pandemia?

Alguns profissionais, que já convivem com o home office, como o arquiteto Matheus Correa, afirmam que o home office é questão de adaptação e cultura. Para ele o tempo e custo do deslocamento é um gasto desnecessário para muitos profissionais e empresas. E que a ansiedade faz parte apenas de um primeiro momento.

Independente de se concordar com a adaptabilidade ou com a formação de uma cultura, o que podemos constatar é que o trabalhador tem sofrido com home office. E sofrimento gera pouca efetividade e baixa produtividade. E quem deve agir para diminuir este sofrimento e conseguir um resultado positivo? Os líderes.

As empresas têm percebido que uma gestão mais humanizada tem trazido mais apoio e mais motivação para os profissionais. O que gera consequentemente um melhor resultado.

Os líderes não foram treinados para gerir equipes a distância, por isso têm dificuldade de atender e entender seus colaboradores. Um gestor que se interessa em como seu funcionário está se sentindo, como ele pensa, como é sua rotina, qual sua estrutura familiar e como é seu local de trabalho, tem muito mais a oferecer do que aquele que apenas cobra resultados. Um líder que tem empatia recebe muito mais apoio e engajamento.

Aí vão algumas dicas para gerir uma equipe a distância sem perder produtividade:

– Comunique-se com seu time. Sem a presença, perdemos a leitura corporal e assim não conseguimos passar as mensagens que queremos de forma mais ampla e completa. Fale com todos, todos os dias. Um líder que deixa passar um dia sem falar com algum membro de sua equipe é um líder que não compareceu ao trabalho.

– Torne-se presente à distância. Não basta enviar uma mensagem, troque e-mails, áudios, mostre que está acompanhando processos realizados por cada integrante do time. Confirme o recebimento de informações.

– Se interesse pela evolução individual. Ofereça links de cursos, gratuitos ou pagos, que façam sentido para a função exercida pelo colaborador. Mostre onde ele pode buscar conhecimentos que agreguem ao seu futuro.

– Torne o feedback uma ferramenta mais confortável, agradável e contínua. Um feedback bem desenvolvido acelera o desenvolvimento do colaborador, cria engajamento, motiva e traz esperança.

O mundo mudou, não fique para trás.

**Crédito da imagem no topo: Sturti/iStock

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