Endemol reestreia estúdios Vera Cruz com The Wall
Produtora grava no histórico complexo do ABC paulista décadas após última filmagem no local
O Pavilhão e Estúdio Vera Cruz voltará a receber equipes de filmagem neste mês. A Endemol Shine Brasil será a primeira empresa de audiovisual a produzir dentro do espaço, quase 60 anos depois da última vez em que o espaço recebeu esse tipo de atividade.

Cena de episódio da versão americana de The Wall (Ben Cohen/NBC/Divulgação)
A empresa pretende gravar o formato The Wall, game show americano que mistura quiz com uma parede de mais de 13 metros de altura, lembrando uma versão gigante do clássico Lig-4, que dá prêmios em dinheiro. Quatro edições latinas serão produzidas no local, para Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai.
A versão brasileira está em fase de negociação. O SBT já teria tentado comprar o formato anteriormente, mas não teve sucesso. Em agosto, Silvio Santos estreou o quadro o “Jogo das Fichas”, que lembra muito The Wall. Convidada a comentar, a Endemol disse que não se posicionará a respeito.
História do cinema
A Vera Cruz está na história do cinema internacional, já que muitas de suas produções ganharam prêmios internacionais, incluindo uma Palma de Ouro em Cannes para O Cangaceiro, de Lima Barreto, em 1953. Entre os artistas que passaram por suas produções, estiveram Paulo Autran, John Herbert, Renato Consorte, Tônia Carrero, Anselmo Duarte, Ruth de Souza, Mazzaropi e Cleide Yáconis.

Equipe em gravação de O Cangaceiro, na antiga Vera Cruz (Crédito: Reprodução)
O projeto nasceu em 1949 da idealização de industrial Ciccillo Matarazzo. Mecenas e milionário, ele havia iniciado anos antes a investir em projetos culturais variados em São Paulo, como o Museu de Arte Moderno e o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Este foi realizado em conjunto com o engenheiro Franco Zampari, que também o ajudou a planejar e construir o mega estúdio em uma área de 100 mil metros em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.
As atividades cinematográficas só duraram, porém, oito anos, e o estúdio foi desativado em 1954 — um dos motivos apontados é a intensa concorrência com as grandes produções internacionais e suas distribuidoras. Desde então, o espaço vinha sendo usado para eventos, feiras e congressos.
Em 2015, a prefeitura da cidade realizou um edital que concedia a exploração do espaço a título de revitalização e manutenção, que acabou conquistado pela Telem SA, empresa do setor de cenografia, palco e iluminação. Sem cumprir com o contrato, a prefeitura readquiriu a concessão e colocou em processo o projeto de revitalização e retorno do espaço para produções de audioviusal.