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Pesquisa brasileira sugere mudanças no WhatsApp

Em artigo publicado no New York Times, pesquisadores da UFMG, USP e Agência Lupa apontam problemas na plataforma identificados em estudo sobre fake news

i 19 de outubro de 2018 - 14h59

Três pesquisadores brasileiros indicaram mudanças que, segundo eles, são necessárias para diminuir o fluxo de notícias falsas do WhatsApp em meio a corrida presidencial. As sugestões são fruto de uma pesquisa que reuniu Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade de São Paulo e a Agência Lupa sobre o conteúdo publicado em 347 grupos do aplicativo de mensagens instantâneas do Facebook.

 

Crédito: Justin Sullivan/Getty Images

Os participantes desses grupos compartilharam mais de 100 mil imagens entre 16 de agosto e 7 de outubro. A pesquisa selecionou as 50 publicações com maior disseminação. A partir de então, a agência Lupa realizou uma verificação do conteúdo. Desses posts, 56% agiram como desinformadores do público leitor. Apenas 8% dessas mensagens foram consideradas completamente verdadeiras. Os conteúdos analisados favoreciam (ou atacavam) ambos candidatos do segundo turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro e Fernando Haddad.

Segundo os pesquisadores, o aplicativo deveria tomar medidas imediatamente: restringir encaminhamentos e transmissões, o que faria com que a disseminação de informações falsas fosse menor; e limitar o tamanho de novos grupos. Três pesquisadores, representando as entidades envolvidas, assinaram um artigo publicado no New York Times na quarta-feira, 17, defendendo as mudanças.

No texto, a equipe indica que procurou o Facebook, dono do WhatsApp, com essas sugestões, mas a plataforma informou que não seria possível realizar as mudanças a menos de duas semanas do segundo turno da eleição presidencial. Os pesquisadores lembraram, porém, o caso envolvendo sequestros de crianças na Índia, quando pessoas inocentes foram linchadas até a morte após serem erroneamente acusadas por boatos espalhados pelo aplicativo. Na ocasião, o WhatsApp fez mudanças em poucos dias.

Poucas horas após o artigo, a Folha de S.Paulo publicou reportagem relatando que empresários favoráveis ao candidato Bolsonaro teriam realizado disparos pagos de mensagens contra o PT e Haddad via Whatsapp. A prática é considera crime eleitoral, já que está proibido o financiamento empresarial de campanha no Brasil.