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Opinião

Energia criativa para além do óbvio

Trazer nossas vivências e repertório pessoal para o mundo corporativo nos torna ainda mais autênticos e relevantes, muito além do que qualquer job description pode prever


31 de março de 2022 - 6h00

 

(Crédito: Shutterstock)

“Como você alimenta a sua criatividade?”

Toda vez que tenho a oportunidade de conversar com mentes brilhantes que admiro e respeito, busco entender como esse processo acontece individualmente.

Essa pergunta também aconteceu durante uma conversa com o rapper Rashid em 2020, a partir da reflexão sobre o processo criativo com base na leitura do livro “O Caminho do Artista”, da autora americana Julia Cameron. Essa obra é considerada a bíblia da criatividade, e já vendeu 4 milhões de exemplares pelo mundo.

Antes de trazer essa questão ao rapper, contei sobre a conversa que tive com Rincon Sapiência, no Meteora Podcast, sobre processo criativo.

Rincon, também conhecido como Manicongo, me contou que suas ideias surgem em momentos inusitados, muitas vezes sem papel e caneta por perto. Nessas horas, ele recorre ao celular para registrá-las. Foi aí que eu brinquei dizendo que ele jamais poderia perder aquele celular: “Não posso perder, mesmo! Tem muita coisa inédita guardada”, respondeu o rapper, rindo.

Ao saber disso, Rashid disparou: “primeiro eu queria saber qual é o modelo do celular do Rincon, pra eu comprar um igual e ver se eu começo a escrever como ele, porque o bicho é muito brabo! Admiro demais!”

Brincadeiras à parte, este fato evidencia o quanto a vida pessoal não é distinta da profissional. Por isso, o bloqueio criativo não acontece apenas no âmbito profissional. Como diria Fábio Mariano Borges, PhD em Sociologia & Antropologia, “o nosso trabalho é também a nossa biografia”.

Trazer nossas vivências e nosso repertório pessoal para o mundo corporativo nos torna ainda mais autênticos e relevantes, muito além do que qualquer job description pode prever.

A autora do livro nos ensina a refletir sobre a energia criativa acumulada ao longo da vida, já que não somos ensinados a manifestar e exercitar essa sensibilidade. Ela reúne uma série de exercícios, reflexões e ferramentas para ajudar a recuperar a autoconfiança. São alguns caminhos, como:

– A elaboração de páginas matinais;

– O encontro com o (eu) artista;

– O reconhecimento do nosso artista-sombra;

– A ligação entre criatividade e espiritualidade para além dos conceitos dogmáticos.

“Existem muitos ensinamentos da física quântica aplicada à espiritualidade do quanto a criatividade nos coloca enquanto seres energéticos. Podemos ou não nos ver como seres criativos ou criadores, mas a busca por esse entendimento é com certeza engrandecedora”, revela Tássia Melo, internacionalista e produtora executiva de música. Ela conheceu o livro por meio do rapper J. Cole, assim como Rashid.

J. Cole descobriu uma forma de desbloquear a mente escrevendo as páginas matinais diariamente, um dos exercícios recomendados pelo livro. E foi assim que ele deu origem ao álbum Born Sinner.

Tássia ressalta que o “O Caminho do Artista” é um livro para todos porque coloca todo ser como artista. É uma obra que pode ser um divisor de águas tanto para o artista, que está sofrendo com um bloqueio criativo, quanto para o não-praticante, que se sente prejudicado no seu processo de pensar e produzir.

Outro relato interessante veio da Larissa Magrisso, VP de Criação e Conteúdo da W3Haus, que já gostou muito da ideia de cuidar do seu “eu artista”, apresentada no começo do livro, e também de praticar a criatividade como uma criança que precisa brincar e se divertir, e não ser útil:

“Quando me afasto da criatividade, é justamente uma atividade que eu amava quando criança que me desperta para a criação novamente: a colagem. Mexer em revistas e papéis coloridos, recortar e colar, ver a criação surgindo e se transformando sem pensar muito são coisas que me conectam muito com a infância e, ao mesmo tempo, é um processo quase meditativo. Fico horas sem celular, sem computador. Engraçado que, depois da adolescência, parei de fazer isso. Quando tive vontade de voltar, achei que fosse necessário aprender. Fiz um workshop, dois, três, e em todos eles as professoras falavam: ‘não tem muita técnica, recorta e cola, experimenta e encontra o que dá mais certo pra você’. O livro também fala sobre isso: coloque em prática, não espere ficar perfeito. Não critique a sua criação como se você já fosse um artista profissional. Na verdade, tente não ser tão crítico com sua criação e ponto. É isso que nos afasta da coragem pra criar. Já comecei minhas páginas matinais e estou empolgada pra mergulhar nessa jornada!”, aconselha.

São muitas as ferramentas para o processo criativo que caminham lado a lado com o autoconhecimento. A criatividade é mesmo uma força transformadora de realidade.

E você? Como tem alimentado a sua criatividade e usado essa energia a seu favor?

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