Black Fraude: como se proteger de golpes?
Veja dicas de como aumentar a segurança nas compras e garantir os melhores descontos em produtos
Veja dicas de como aumentar a segurança nas compras e garantir os melhores descontos em produtos
Meio & Mensagem
10 de novembro de 2022 - 8h30
Uma das datas mais importantes para o varejo e, consequentemente, para a economia, a Black Friday acontece na sexta-feira, 25 de novembro. Muito esperada pelos consumidores em busca de descontos, a data também acaba trazendo o risco de alguns golpes, que acabaram popularizando o termo Black Fraude.
Embora tenha a aderência de empresas de diversos segmentos e chame a atenção pelos preços baixos e descontos, a Black Friday exige atenção por parte dos consumidores.
Não é incomum notar que, em alguns casos, nos meses que antecedem a data, as marcas aumentam os preços de produtos gradativamente para, na Black Friday, aplicar um desconto.
Por isso, no Brasil, o termo Black Fraude é muito associado ao evento de varejo, o que gera uma certa desconfiança sobre o mecanismo da Black Friday. Antes de entender melhor o significado da Black Fraude, é preciso saber a importância da data comercial não só no País, mas em todo o mundo.
Acredita-se que a Black Friday tenha surgido nos Estados Unidos no final da década de 1860. Tudo partiu de dois investidores norte-americanos, Jay Gould e Jim Fisk, que aumentaram o preço do ouro em 24 de setembro de 1869, gerando um colapso no mercado.
A Bolsa de Valores viu ações serem derrubadas em 20%, juntamente com a interrupção do comércio exterior. A ideia deles, a partir do esquema considerado ilegal, era fazer o preço do metal disparar e, assim, render mais lucros a eles.
A fraude foi descoberta pelo então presidente da época, Ulysses S. Grant, que fez com que todo o ouro estocado nos cofres do governo dos Estados Unidos fosse vendido, fazendo com que o valor do material despencasse. Daí nasceu o termo Black Friday.
Quase 100 anos depois, o conceito voltou à tona, também nos Estados Unidos. Dessa vez, a polícia da cidade da Filadélfia, na Pensilvânia, adotou o nome para se referir ao dia entre o feriado de Thanksgiving (conhecido, no Brasil, como Dia de Ação de Graças) e o jogo que acontecia entre o Exército e a Marinha.
Naquela sexta-feira, inúmeras pessoas, entre turistas e consumidores, compareceram à cidade e os policiais tiveram que conter o enorme fluxo. Ainda que lojistas tenham tentado mudar o termo para Big Friday, o nome alternativo nunca foi popularizado.
A Black Friday foi oficializada de maneira informal no fim da década de 1980, quando se espalhou pelo país. Atualmente, a data se estende no final de semana seguinte a sexta-feira e termina na chamada Cyber Monday, em que o e-commerce ganha foco.
No Brasil, a data começou a ser adotada pelos comerciantes apenas em 2010. Na época, o site Busca Descontos atraiu algumas lojas para sua plataforma. A intenção era reunir descontos nunca antes vistos pelos consumidores.
A moda pegou e, aos poucos, a Black Friday foi caindo no gosto do brasileiro por ser símbolo de bons negócios a preços muito baixos. Devido a sua popularidade, ela é sempre esperada pelo varejo e demais segmentos por movimentar grandes quantias de dinheiro.
No ano passado, o faturamento no Brasil chegou a R$ 5,4 bilhões, conforme indica levantamento da Neotrust. O valor representou um aumento de 5,6% em relação a 2020. A empresa monitorou 48 horas de compras desde a meia noite da quinta-feira até 23h59 do dia seguinte. Ao todo, foram registradas 7,8 milhões de transações.
É importante ressaltar que a data é empregada tanto em lojas físicas, quanto no comércio eletrônico, que ganhou força durante o período de pandemia.
Neste ano, a data chega ainda mais aquecida por conta da Copa do Mundo, que acontece no Catar em 18 de novembro.
De acordo com um relatório do Mercado Ads, plataforma de anúncios do Mercado Livre, 80% dos entrevistados disseram que pretendem gastar até R$ 2 mil este ano. Ao todo, foram consultados 10,5 mil usuários.
A expectativa do Mercado Livre é de que as vendas tenham um aumento de 20% em novembro, quando comparadas ao mesmo período da Black Friday no ano passado. Além disso, 68% da amostra deverá aproveitar a data para antecipar as compras de Natal.
Como o próprio nome já indica, a Black Fraude é conhecida pelas ciladas que a data ainda representa para os consumidores. Quando a data dos descontos chegou ao País, ela contava com muita desconfiança das pessoas, o que, de certa forma, ainda persiste.
O conceito surgiu por conta de diversos problemas que surgiram pelo alto contingente de transações comerciais. Descontos não tão atrativos, promessas de entregas que não são cumpridas e falta de atendimento e suporte por parte das empresas são algumas das razões que descredibilizam a Black Friday. No geral, todos esses problemas geram prejuízos para os consumidores.
No início de setembro deste ano, o Instituto Reclame Aqui divulgou uma pesquisa realizada com mais de 12 mil consumidores sobre a percepção acerca da Black Friday.
Para quase metade (46%), a data é vista como uma Black Fraude, enquanto 28% dos respondentes apontam que o evento, na verdade, não existe no País.
É comum ver empresas empregando estratégias e publicidade enganosas de diminuição de preço, como descontos falsos, e até mesmo golpes. Apenas 6% da amostra considera uma boa oportunidade de compras e 13% acreditam que ela piorou muito nos últimos anos.
Ainda de acordo com o Instituto Reclame Aqui, 76% dos entrevistados disseram que não compraram nada na Black Friday de 2021 e 53% deles não pretendem comprar nada na edição deste ano. As razões são diversas e, entre elas, há a crença de que na Black Friday não existem promoções verdadeiras, uma constatação feita por 59% dos entrevistados.
Confira abaixo alguns pontos que levam os consumidores a apelidaram a data de Black Fraude:
Ao longo dos dias que antecedem a Black Friday, não é incomum se deparar com empresas que recorrem à prática de aumentar os preços de itens para, depois, baixar o valor do produto e vendê-lo, na verdade, pelo preço médio que já era praticado.
Por exemplo, para uma geladeira que custa, em média, R$ 2 mil, a loja pode, dias antes, aumentar o preço do eletrodoméstico para R$ 3 mil. Assim, com o “desconto” aplicado na Black Friday, o valor retorna aos R$ 2 mil.
De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), durante a Black Friday de 2020, alguns itens chegaram a custar 70% a mais apenas no mês de novembro. O órgão analisou produtos em trinta categorias. Dessas, 27 tiveram aumento nos preços no período de junho a novembro.
Outra questão que configura a Black Fraude é a promessa pelo frete rápido, sobretudo na era conhecida por “Guerra dos Fretes”. No cotidiano, varejistas têm usado as entregas super rápidas e transformando a logística em diferencial e vantagem competitiva em relação aos concorrentes.
Intensificada desde a pandemia, a omnicanalidade e fortalecimento do e-commerce está no foco das empresas também na Black Friday. Contudo, a peculiaridade do alto volume de vendas pode se tornar um desafio para as companhias que não tiveram o preparo necessário para atender a demanda que a data exige.
Assim, muitas marcas acabam não cumprindo com o prazo de entrega prometido no momento da compra, gerando um atraso no recebimento do produto por parte do consumidor.
Muitas vezes, é possível que as empresas que não possuem logística própria sofram com contratempos nos Correios ou outras empresas que realizam a logística terceirizada.
No ano passado, o Reclame Aqui registrou, nos dias que antecederam o evento, um total de 5.678 reclamações. Dessas, o atraso na entrega foi o líder, com 20,88% das reclamações.
Ainda em relação a fretes, é preciso estar atento ao quanto será desembolsado pelo prazo de entrega que os comerciantes oferecem. Isso porque, para compensar o desconto nos produtos, lojistas elevam o valor do frete.
A fim de garantir vendas, lojistas podem disponibilizar produtos que não estão disponíveis ou estão em falta na realidade. Eles são oferecidos em anúncios publicados em plataformas digitais, mensageria ou até mesmo em sites.
Dessa maneira, o consumidor é dirigido ao e-commerce de determinada marca ou empresa, e chegando lá, é notificado sobre a indisponibilidade do item. A estratégia busca fazer com que os compradores adquiram outros produtos oferecidos pela loja.
No que diz respeito a valores, o consumidor deve estar atento à etapa final das compras na Black Friday feitas via lojas virtuais. Os golpes nesse sentido envolvem uma alteração no preço final dos produtos adicionados ao carrinho, sendo diferentes do que os valores ofertados ao longo da jornada.
Isso pode acontecer devido a diversos fatores. Um deles é o estabelecimento de um prazo para que o cliente compre o produto, como uma espécie de contagem regressiva. Caso ele não conclua a compra dentro do tempo estipulado pela loja, o valor aumenta.
Outra razão é a inclusão de custos adicionais que implicam em preços diferentes no momento do parcelamento do valor da compra, quando não se opta pelo preço à vista. Além disso, pode acontecer da alteração não estar bem comunicada ao consumidor.
Por fim, é preciso ter cautela com sites fraudulentos e com pouca credibilidade. Às vésperas da Black Friday, criminosos aproveitam o momento para criar sites e apps falsos para atrair consumidores.
Os compradores são atraídos por anúncios de ofertas tentadoras que, ao serem acessadas, direcionam para domínios falsos. Dessa mesma forma, o usuário pode receber mensagens eletrônicas sobre pedidos falsos, ou seja, que não foram efetuados por ele.
A prática é conhecida pelo termo phishing, que consiste na ação de roubar informações pessoais, como dados bancários, números relacionados ao cartão de crédito ou dados de login, a fim de roubar dinheiro.
Esse tipo de ataque cibernético pode vir em forma de e-mails em nome de empresas conhecidas e confiáveis. Geralmente, os sites costumam se parecer, em aparência e funcionalidade, com o de grandes marcas e varejistas.
Uma das maneiras de não cair nas ciladas da Black Friday é estar sempre atento, seja antes de realizar compras a partir do monitoramento de preços ou até mesmo para não clicar em links não confiáveis.
Em relação à segurança, é recomendável que o consumidor verifique a segurança da loja virtual a partir da presença de um ícone de cadeado na barra de endereço do navegador. É interessante checar também se as ferramentas de proteção do aparelho eletrônico, como antivírus, estão ativadas.
Para fortalecer ainda mais a segurança, o usuário pode alterar periodicamente suas credenciais de acesso a fim de evitar o golpe de phishing durante a data.
A atenção também vale para o momento de finalização das compras, antes de fechar os carrinhos. Para garantir seus direitos no que diz respeito ao preço dos produtos, o consumidor pode guardar comprovantes, como imagens, do anúncio original e da tela do carrinho de compras para poder reivindicar o desconto.
Já para não cair em falsos descontos, recomenda-se o acompanhamento e monitoramento do valor dos produtos e seu histórico nos dias, meses e semanas que antecedem à Black Friday. Algumas plataformas como Buscapé e Jácotei são ferramentas para realizar esse acompanhamento.
Quanto ao frete, é necessário se atentar a prazos e, sobretudo, valores. O consumidor pode fazer simulações de preço em empresas logísticas e Correios, por exemplo, para saber se o valor a ser pago é compatível com a realidade.
Compartilhe
Veja também
Copa do Mundo: Fifa anuncia os países-sede das edições de 2030 e 2034
Competição será dividida entre Espanha, Portugal e Marrocos, com jogos também na Argentina, Uruguai e Paraguai em 2030 e Arábia Saudita será a sede em 2034
Granado compra a marca Care Natural Beauty
Compra da marca de cosméticos sustentáveis simboliza mais um passo na ampliação da atuação da Granado no segmento