Casos de corrupção afastam marcas da CBF
Gillette, Michelin, Unimed, Sadia e Samsung já romperam com a entidade
Gillette, Michelin, Unimed, Sadia e Samsung já romperam com a entidade
Luiz Gustavo Pacete
18 de novembro de 2016 - 17h30
Com o rompimento da Samsung com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nesta quinta-feira, 17, já são cinco as empresas que deixaram de patrocinar a entidade após os escândalos de corrupção que vieram à tona em 2015 e envolvem também a Fifa e a Conmebol. É uma das maiores crises vividas pela entidade que não comenta nenhuma das rescisões. No período, Ultrafarma e Cimed entraram para o time de patrocinadores.
O início dessa crise foi em 27 de maio de 2015. Em colaboração com a Justiça dos Estados Unidos, autoridades policiais da Suíça conduziram uma operação em Zurique para prender executivos do futebol que se reuniam para um evento da Fifa. Dentre eles, José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
Samsung rompe contrato com a CBF
Os dirigentes estão na mira de uma investigação do FBI, a polícia federal americana, que os acusa de corrupção generalizada nas últimas duas décadas, especialmente envolvendo escolha das sedes da Copa do Mundo em 2018 (Rússia) e 2022 (Catar). As prisões foram decretadas por uma corte federal do Brooklyn, Nova York, que informou em comunicado que os valores desviados no esquema seriam de até US$ 150 milhões.
Em dezembro daquele ano, o FBI acusou Marco Polo del Nero e Ricardo Teixeira de corrupção e a Fifa abriu investigações contra o presidente da CBF por violações ao código de ética e pode suspender o dirigente do futebol. Mas diante de uma decisão judicial no Brasil que impede a cooperação com os Estados Unidos, Del Nero não será preso e nem um pedido de cooperação pode ser apresentado ao Ministério Público Federal.
Os patrocinadores atuais da CBF são Vivo, Itaú, Nike, Guarana Antárctica, Chevrolet Mastercard, Gol, Ultrafarma, English Live e Cimed. De acordo com Anderson Gurgel, autor do livro Futebol S/A, o rompimento da Samsung mostra um agravamento da situação da CBF. “Ainda que a boa fase da Seleção Brasileira em campo crie uma ilusão, o fato é que a gestão da CBF não evoluiu nada. Até a Fifa, depois de todos os escândalos, vem tentando evoluir em termos de gestão. A Conmebol também vem tentando evoluir, com propostas ousadas até mesmo para a Libertadores”, diz Gurgel.
De acordo com o especialista, o modelo político do Brasil ainda não permitiu uma evolução no modelo de gestão do futebol. “Por isso, vivemos algumas aberrações como a atuação da presidência com o presidente afastado Marco Polo Del Nero que, apesar da resistência, perdeu prestígio internacional e tem risco de prisão se sair do Brasil. Por tudo isso, as marcas estão receosas e algumas – como a Samsung – acabam optando por não correr mais riscos de contaminação da marca com os escândalos envolvendo a entidade. ”
Escândalo na Fifa envolve marketing
Gurgel explica que as empresas são sensíveis à opinião pública e, inegavelmente, há um clamor nacional contra a corrupção. “Os escândalos da CBF geram um alerta de risco para as marcas. Isso gera insegurança entre as empresas. Fora isso, um novo paradigma ligado à responsabilidade corporativa vem ganhando força na gestão esportiva. Um exemplo disso foi o Pacto Pelo Esporte, uma iniciativa realizada em 2015, que envolve uma série de grandes empresas, ONGs e personalidades esportivas.”, diz Gurgel.
Marcas que disseram um basta
No mundo, diante dos escândalos envolvendo a Fifa, vários patrocinadores se pronunciaram no ano passado. Nike, McDonald´s, Adidas, Coca Cola e AB Inbev emitiram comunicado pressionando a Fifa. Na ocasião, a Nike, fornecedora de uniformes da seleção brasileira, sem citar a CBF, disse que colabora com as autoridades. “Como todos os nossos fãs ao redor do mundo, nós somos apaixonados pelo jogo. A Nike acredita em ética em fair play tanto nos negócios como no esporte, e repudia fortemente toda forma de manipulação”, disse a empresa.
A rede McDonald´s, patrocinadora da Fifa, demonstrou “extrema” preocupação com o tema e disse que acompanharia as acusações contra a entidade. “O McDonald´s leva muito a sério as questões relacionadas à ética e à corrupção, e considera que as informações divulgadas pela Justiça americana são extremamente preocupantes”.
Como o escândalo Fifa afeta as marcas
Já a fabricante de roupas e acessórios esportivos Adidas reforçou seu compromisso de apoiar o futebol e defender um posicionamento exigente. “Buscamos altos padrões em termos de ética e esperamos o mesmo de nossos parceiros” A Adidas também disse que incentiva a estabelecer padrões consistentes com transparência em tudo que faz. A cervejaria belgo-brasileira Ab Inbev, que patrocina a Fifa por meio da marca Budweiser, afirmou que espera altos padrões éticos e de transparência de seus parceiros. A Coca Cola também manifestou preocupação sobre as alegações. “Nosso desejo é que as questões relativas à corrupção sejam abordadas com seriedade”
A Visa, de forma mais contundente, disse que poderia reavaliar o contrato com a Fifa.”Nosso patrocínio sempre se concentrou no apoio às equipes, permitindo uma grande experiência aos fãs e inspirando comunidades para que se unam e celebrem o espírito de competição e realização pessoal. É importante que a Fifa faça mudanças agora para que o foco continue sobre isso. Se a Fifa deixar de fazer as mudanças, teremos que informar que vamos reavaliar o patrocínio”.
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