Consumo e o fim do mundo: pessimismo marca comportamento
Levantamento da Questtonó aponta que 62% dos jovens acreditam em um agravamento dos problemas do planeta Terra
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Taís Farias
11 de junho de 2024 - 6h03
Ao longo dos anos, o fim do mundo já foi tema de filmes, livros e teorias da conspiração. Mas, recentemente, com os efeitos da mudança climática e os desequilíbrios ambientais cada vez mais presentes no dia a dia da população global, a ideia de um mundo em colapso parece mais próxima.
Essa também foi a percepção de um grupo de executivos e pesquisadores da Questtonó, estúdio de inovação guiado por design. Há pouco mais de um ano, Gustavo Rosa e Leonardo Massarelli, ambos cofundadores do estúdio, notaram uma crescente nas conversas sobre o fim do mundo em diferentes ambientes e projetos que vinham sendo desenvolvidos.
Em paralelo, nos reports de tendências, as mudanças climáticas e as tecnologias emergentes, em especial a inteligência artificial, aparecem como um dos principais vetores de transformação para o mundo nos próximos anos. Esse foi o disparador para o grupo desenvolver a pesquisa “Quem é Você na Fila do Fim do Mundo”, uma análise sobre as expectativas dos jovens brasileiros sobre o futuro em um contexto de crise climática e avanços em IA.
No total, mais de quatro mil jovens de 18 a 34 anos, de todo o Brasil, participaram do estudo com uma metodologia que mesclou diferentes ferramentas como social listening, pesquisa quantitativa, invasão de cenários e pesquisa secundária.
Tensões do jovem brasileiro
Nesse cenário, a Questtonó encontrou algumas tensões entre os jovens brasileiros. A primeira delas é que, de fato, o pessimismo é predominante quando o assunto é a condição do planeta e a relação dos jovens com isso.
Na pesquisa, 68,1% dos entrevistados disseram se preocupar com o futuro da Terra. Ao mesmo tempo, 62,8% dizem acreditar que os problemas de hoje vão se agravar e que, no futuro, o planeta estará pior ou as questões acabarão com ele como conhecemos.
Apesar do pessimismo, os brasileiros pesquisados estão tentando fazer sua parte. 83,6% deles dizem já ter mudado algum hábito de consumo pensando no futuro do planeta. A maneira como eles fazem isso é uma questão. A maioria (54%) acredita que é preciso uma ação coletiva para alcançar um futuro positivo para a Terra. No entanto, ao não reconhecerem essa mobilização, eles optam por ações individuais.
A atitude mais citada foi evitar o desperdício de alimentos, seguida por diminuir o consumo de água, de energia, de plástico, separar recicláveis e, por fim, optar por meios de transporte públicos ou mais limpos. Quando questionados sobre o que mais os preocupa, a principal resposta é o aquecimento global (15%), mas a margem é pequena. Depois, aparecem as guerras e conflitos armados (13,7%), a falta de água (13%), a fome e falta de alimentos (12,2%) e novas pandemias e doenças (10,4%).
O pessimismo é contraposto por uma crença no outro vetor de transformação: a inteligência artificial e a ciência. Ainda que com ressalvas. Na análise, 69% dos entrevistados afirmaram que a ciência é fundamental ou muito importante, mas que não é o único fator para construir soluções. A IA é considerada positiva para 50,6%, nem positiva e nem negativa para 38,8% e apenas negativa para 10,6%.
Entre o grupo que desconfia da IA, as principais preocupações são o risco de desemprego, o uso para crimes e a ameaça à privacidade. As companhias não ficam de fora dessa análise e 46,6% acreditam que as empresas e indústrias têm responsabilidade de pensar no futuro do planeta. As iniciativas esperadas são uma redução na emissão de gases poluentes (73,7%), investimento em tecnologias limpas (69,2%), uso de materiais recicláveis (67,7%) e outros.
Perfis de comportamento
Em comum, as tensões refletem o pessimismo e a preocupação dos jovens brasileiros. Mas, existem também mudanças no comportamento de consumo. Ao questionar o público sobre seu lugar na “fila do fim do mundo”, a pesquisa da Questtonó identificou alguns perfis de comportamento. O primeiro e mais predominante é o dos conscientes. O grupo corresponde a 23,7% da pesquisa e é formado por aqueles que mais mudaram seus hábitos de consumo, pensando em ser mais responsáveis. Esse é o perfil com maior número de pessoas de classe AB.
Na sequência, com 19,3%, aparece o perfil religioso que acredita nas profecias divinas e que o futuro estaria sobre orientação superior. Dentre eles, 71,2% acreditam que a ciência é muito importante, mas não o único fator para a construção de soluções. Com 15,1%, está o perfil adaptativo que se preocupa, sobretudo, com as soluções que adotará para se adaptar às mudanças do planeta.
O quarto perfil é o dos alienados conscientes, que correspondem por 14,7% dos respondentes. Esse grupo, baseado no pessimismo, evita confrontar notícias e informações sobre o futuro do planeta para se sentir menos ansioso. Com 7,7%, estão os hedonistas que priorizam viver o momento presente. É o perfil com maior representatividade de jovens entre 18 e 24 anos. Aparecem na pesquisa, ainda, os perfis pragmático, investidor individualista, engajado e cético. Confira:
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