De resíduo a produto: reaproveitamento vira negócios para marcas
Empresas transformam sobras da linha de produção em novos itens que são oferecidos aos consumidores e fortalecem os princípios ESG
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Bárbara Sacchitiello
31 de agosto de 2022 - 6h01
Na edição deste ano do Cannes Lions, a categoria Creative Business Transformation, que fazia sua estreia no festival, premiou com o troféu mais importante da área – o Grand Prix – uma empresa que conseguiu produzir roupas à base de fibras de abacaxi.
A agência L&C de Nova York tentou resolver um problema para a Ananas Anam, uma associação de produtores de abacaxis localizadas na Filipinas, um dos principais exportadores do planeta. Apesar da demanda pelo fruto, dois terços da produção, geralmente, acabam sendo desperdiçados por diversas razões. Para dar finalidade a essa produção que não era aproveitada, a empresa praticamente criou uma outra indústria, paralela à do cultivo: as fibras do abacaxi eram extraídas, tratadas e transformadas em tecidos, fornecidos para marcas de vários países. Veja:
O exemplo do case Pinatex mostra que a questão de aproveitamento dos resíduos de produção tende a tomar um lugar mais importante na indústria em um momento em que as empresas voltam mais atenção do que nunca aos impactos ambientais de sua atuação. Entre as diretrizes para tentar diminuir a emissão de gases poluentes e diminuir a produção de lixo, conseguir transformar os resíduos de produção pode ser uma alternativa para preservar o ambiente e, às vezes, até gerar uma nova fonte de receitas.
No Brasil, a Orquídea Alimentos, produtora de massas, biscoitos e misturas para alimentos, também pensou em uma alternativa para aproveitar o resíduo de seu principal ingrediente de produção: o farelo de trigo, que sobra da utilização da farinha.
A solução para essa questão veio a partir de um programa instituído pela companhia, cuja sede é localizada no Rio Grande do Sul, chamado “Fome de Ideias”, em que qualquer funcionário pode apresentar um projeto que tem para a companhia, submetendo-o à avaliação da diretoria. Foi a partir da ideia de funcionários que o Orquídea Eco ganhou corpo. Na prática, a iniciativa utiliza o farelo de trigo como base para a criação de uma linha de produtos biodegradáveis, como copos, bowls, pratos, saladeiros e outros utensílios de cozinha.
Sandra Vaz, gerente de inovação da marca, explica que o público pode adquirir os itens em plataformas como Shopee e Magalu e que parte da produção dos potes é direcionada à sorveteria Urca. “A Orquídea sempre busca internamente incentivar e apoiar iniciativas alinhadas ao seu propósito: ‘Alimentar Além do Alimento’. Derivado do propósito nascem os pilares e comitês cujo objetivo principal é evoluir com o engajamento de todos os colaboradores nas práticas ESG”, explica a gerente. O pilar do futuro para a companhia, antecipa ela, está focado em iniciativas de uso racional da água e energia e redução de desperdícios.
Assim como a Orquídea, a Toyota também vem, já há alguns anos, pensando em como reaproveitar resíduos de produção, transformando-os em novos produtos. A fabricante de automóveis tem, há anos, o Projeto ReTornar, que produz de mochilas a roupinhas para pets, produzidos a partir de sobras de tecidos, uniformes, cintos de segurança e airbags.
Até o ano passado, a aquisição dos itens dessa linha de produção estava restrita às empresas, mas a companhia criou um canal de e-commerce na página da Fundação Toyota, seu braço social, para comercializar os produtos diretamente ao público.
Em junho, a Vivo também disponibilizou em sua loja online ecobags feitas a partir de uniformes de funcionários da empresa, que seriam descartados. O projeto foi criado em parceria com a Retalhar e visa, ao mesmo tempo, conseguir um destino para os tecidos que iriam para o lixo e evitar o uso de sacolas plásticas com as ecobags. Na primeira fase de produção, a Vivo diz que 1,8 mil ecobags foram produzidas.
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