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Grupo Boticário reforça compromissos socioambientais

Até 2030, gigante brasileira de beleza quer solucionar 150% dos resíduos sólidos da cadeia e envolver um milhão de pessoas em ações de geração de renda e no combate à desigualdade


20 de abril de 2021 - 18h57

Em evento na tarde desta terça-feira, 20, do qual participaram o recém-empossado CEO Fernando Modé e o ex-CEO e atual vice-presidente do Conselho de Administração, Artur Grymbaum, o Grupo Boticário anunciou um plano ambicioso no âmbito socioambiental, com objetivo de intensificar sua participação na construção de uma economia circular.

A companhia tem a meta de solucionar 150% de todo resíduo sólido gerado por sua cadeia produtiva até 2030, assim como envolver um milhão de brasileiros em iniciativas sociais relacionadas à melhoria da gestão de resíduos, incluindo capacitação e ações de empreendedorismo. “Esta é uma década de ação”, defendeu Artur Grynbaum em relação à intensificação da agenda ESG da companhia.

Para cumprir a meta, o grupo está assumindo 16 compromissos socioambientais divididos em duas frentes: duas inspiracionais e 14 estratégicas. As duas primeiras são as citadas, com objetivo de atacar os problemas dos resíduos sólidos gerados pela cadeia de produção e distribuição (por meio de redução, reutilização e reciclagem) e a desigualdade social. Já os objetivos estratégicos estão distribuídos em quatro pilares de atuação: I- Neutralizar impacto ambiental; II – Potencializar a conservação da biodiversidade; III – Impulsionar a beleza transparente; e IV – Alavancar a diversidade e inclusão.

Comitê executivo específico terá a missão de transformar propósitos em práticas (Crédito: Reprodução)

Os executivos destacaram o case de Malbec como um exemplo que será replicado em outras linhas. Investimentos em inovação para o produto levaram o grupo a fazer embalagens com uso de vidro pós-consumo reutilizado. Além disso, a gramatura do vidro foi reduzida. A primeira medida resultou na não utilização de 93 toneladas de vidro virgem e a segunda, ultrapassa 210 toneladas, representando redução equivalente ao lixo gerado por 300 mil pessoas em um dia, dado que em 2020 foram vendidas mais de 14 milhões de unidades do perfume. E o bioálcool, feito de bagaço de cana e outros resíduos de biomassa, estará em todas as linhas de perfumaria a partir deste ano (o que representa 30% de redução da pegada de carbono em relação ao uso de álcool tradicional).

Para reduzir o uso de plástico, a empresa também pretende intensificar nos processos de inovação a questão da menor geração de resíduos. As linhas Nativa Spa e Cuide-se Bem, por exemplo, oferecem refis, o que leva a 69% menos plástico que o frasco tradicional. A ideia é estender a prática dos refis para a perfumaria. Já o programa de logística reversa, que envolve 4.000 pontos de coleta em mais de 1,7 mil cidades, será ampliado a todas as marcas e canais de venda.

No aspecto social, os trabalhos têm como objetivos ter os resíduos como fonte de renda e capacitação e empreendedorismo. Uma vez que para o Grupo Boticário 60% dos pesos de suas embalagens vêm de vidro, mas este material é menos valorizado nas cadeias de reciclagem do que as latinhas de alumínio, a ideia é valorizá-lo. Inclusive porque 70% dos catadores no Brasil são, na verdade, catadoras. Assim, em trabalho com as  23 cooperativas com as quais o Grupo Boticário já trabalha, o objetivo é incentivar a coleta, reutilização e reciclagem do produto.

Completando a agenda ESG, o Grupo pretende, até 2023 ter 50% de colaboradores negros  e 25%  das lideranças negras (hoje, são 8%, segundo Grynbaum). Já para 2025, a meta é ter 50% de mulheres na diretoria da companhia.

Para fazer todos os propósitos virarem prática, o Grupo está criando um Comitê Executivo de Diversidade e Sustentabilidade. Todos os compromissos estão reunidos numa plataforma chamada “Uma Beleza de Futuro”.

“Todo real que trazíamos voltava a ser destinado a essas ações. Agora, realmente vamos dar mais visibilidade às iniciativas que temos nessas áreas”, comentou Artur Grynbaum, ao ser questionado sobre o perfil mais “low profile” do grupo no assunto até então, quando a principal concorrente brasileira – a Natura – fala muito na comunicação a respeito. Fernando Modé, CEO do Grupo, no entanto, ressaltou respeitar a concorrência e fez questão de enfatizar que no tema ESG, colaboração é o que faz mais sentido.

O Grupo Boticário ainda não é uma empresa do sistema B – instituição internacional que confere o selo às companhias que conjugam propósito e lucro, equilibrando justamente suas ações com as questões ambientais e sociais -, mas deu o que foi considerado um primeiro passo para isso: recentemente, a companhia passou a integrar o Índice Dow Jones de Sustentabilidade. Mas ainda analisa todas as medidas necessárias para preencher os requisitos e seus impactos ao negócio.

 

(*) Crédito da imagem no topo: Ruslan Khismatov/iStock

(**) A nota foi atualizada em 22/04, às 11h40. O número correto de cooperativas com as quais o Grupo Boticário trabalha é 23, e nelas atuam 780 pessoas.

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