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Metaverso vai impactar a transformação digital

Marcelo Marciano, senior digital strategist da CI&T, diz que realidade imersiva tornará a corrida pela transformação digital mais acirrada


15 de fevereiro de 2022 - 6h02

Se a transformação digital de negócios ainda é um obstáculo e tópico de extensas discussões, de que forma as empresas lidarão com a chegada de uma realidade imersiva que tem o digital como sua matéria prima? Marcelo Marciano, senior digital strategist da CI&T, acredita que o metaverso será decisivo enquanto oportunidade de negócios e promoverá uma intensa – e imersiva – corrida concorrencial.

 

Metaverso já é canal de compras e espaço para eventos (Crédito: Arthur Nobre)

Na opinião do executivo, as empresas que ainda estão endereçando a transformação digital devem atrasar um posicionamento decisivo no metaverso. Mesmo assim, não basta ingressar no metaverso. Esse é um de muitos desafios.

“A fim de capturar o potencial das oportunidades que o metaverso apresenta, as empresas precisarão lidar com o desafio de se comunicar de forma efetiva com seus clientes, que agora estão ainda mais expostos ao imediatismo e à volatilidade das interações virtuais. Com a crescente demanda por atendimento humanizado e, ao mesmo tempo, eficiente, existe a possibilidade de atendentes virtuais se tornarem mais amigáveis e próximos, elevando a qualidade da experiência que já é entregue pelos agentes virtuais que vêm sendo disponibilizados por empresas dos mais variados segmentos em portais web e canais como o WhatsApp. Além disso, investir em diversidade de talentos será cada vez mais indispensável se quisermos lidar com o potencial aumento de intersecções entre as áreas do conhecimento para tratar de forma adequada questões de natureza ética, regulatória e de diversidade sociocultural”, enumera o executivo em entrevista ao Meio & Mensagem.

Meio & Mensagem – Como o metaverso vai impactar a transformação digital das empresas?
Marciano –
A transformação digital é sobre estar presente no cotidiano dos clientes, reduzindo a distância de comunicação e o tempo de resposta às suas demandas reais. Se isso já não é um desafio hoje em dia, com as empresas ainda explorando os conceitos e limites da omnicanalidade, imagine quando a presença do que conhecemos como experiência digital for ainda maior, com uma ubiquidade que vai muito além da internet e das redes sociais. Quem ainda não tem presença 100% digital e não quiser deixar de ser uma opção no dia a dia dos clientes precisará acelerar suas iniciativas de transformação digital, em especial aquelas voltadas para migração e habilitação de serviços de computação na nuvem, captura, processamento e interpretação de petabytes de dados, e aumento da velocidade de criação e validação de soluções digitais competitivas, que passa pela já dura realidade da falta de profissionais qualificados, ao mesmo tempo em que aumenta a urgência pela transformação cultural em empresas que ainda não conseguem produzir times empoderados para gerar valor ao cliente final de forma autônoma.

M&M – De que forma vai afetar a concorrência de mercado?
Marciano –
Quem já estiver atrasado para endereçar a agenda de transformação digital de hoje corre sérios riscos de não conseguir se posicionar de forma competitiva no metaverso. A boa notícia é que, por mais que as ondas de transformação tendem a ocorrer em ciclos de tempo cada vez mais curtos, sua magnitude e abrangência também tem se ampliado, de modo que ninguém está imune à necessidade de reinvenção e adaptação. Desta forma, o seu diferencial enquanto empresa não se limita ao que conseguiu construir até a etapa atual da jornada, mas também será potencializado pelo quanto tem conseguido explorar da sua capacidade de aprendizado e do quanto tem se preparado para prosseguir aprendendo cada vez mais e mais rápido.

M&M – Quais são os pontos positivos e desafios dessa nova realidade imersiva para os negócios?
Marciano –
O metaverso traz uma enorme gama de oportunidades, se imaginarmos que em breve existirá uma cadeia completa de serviços no mundo virtual com novas modalidades de consumo, com ou sem interconexão com experiências no mundo físico, e que possibilitará o surgimento de novos tipos de empresas e modelos de negócios. Para os indivíduos, as vantagens estão relacionadas ao aumento do poder de escolha, uma vez que cada vez mais marcas serão capazes de fornecer produtos e serviços de forma personalizada, adequada ao seu poder de compra e conectada com os seus valores e crenças.

De maneira geral, um dos maiores desafios das empresas que desejarem liderar a corrida pela fidelização de seus clientes está relacionado à entrega de uma experiência fluída, a despeito das políticas e controles necessários para garantir sua segurança e privacidade. Outro desafio é a integração de transações e eventos entre os dois universos, já que as pessoas poderão visitar ambientes de compra que lhes permitam experimentar versões virtuais de produtos físicos, como veículos, eletrônicos e gadgets, roupas e acessórios, cosméticos e assim por diante.

À medida que a experiência virtual se torna mais rica e encantadora, aumenta a expectativa pela mesma qualidade de serviço ao interagir com a sua marca no mundo físico, sobretudo se for uma extensão de uma interação iniciada no metaverso. É preciso levar em consideração variáveis como prazos de entrega, disponibilidade de estoque e divergências de especificações, para citar alguns dos maiores motivos de reclamação de clientes de e-commerce atualmente.

**Crédito da imagem no topo: Lucky Step/Shutterstock

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