Meio & Mensagem
30 de janeiro de 2014 - 11h45
Lendo o editorial escrito pela Regina Augusto na edição de 20 de Janeiro fiquei com a nítida sensação que nós homens de marketing às vezes agimos de forma muito seletiva no planejamento das nossas ações de marca. Explico: quem não se lembra das ações de Flash Mob (ah, as expressões em inglês…) que apareceram em quase todas as cidades alguns anos atrás… no dinossauro da Toys”are”us na Times Square (não disse?), na FNAC da Champs Elysees, na esquina da Paulista com a Augusta.
Mini-aglomerações urbanas sem o menor sentido a não ser se reunir não online e curtir uma e quem sabe beijar alguém. Vários escreveram sobre a mobilização das mídias sociais e o que poderíamos pensar em realizar no futuro através delas. Algumas marcas (sem uma que se justifique mencionar aqui ) tentaram se aproveitar desta “nova ferramenta de marketing” e ações foram “planejadas“ e “executadas“ dentro dos budgets de marketing no current year execution plan (ok, exagerei aqui). Nenhum boletim de ocorrência foi registrado naquela época.
“Belíndia”, já teorizava o economista sobre o nosso País.
Com certeza Flash Mobs são belgas e Rolezinhos são da Índia!
Lendo jornais e revistas que conseguiram fazer algum tipo de análise deste fenômeno social um depoimento se sobressaiu. Um gerente de um shopping center na área não nobre, nas mentes dos homens de marketing de plantão – ok, periferia! – disse em boas letras: “todos os consumidores que participam destas ações coletivas conhecidas como Rolezinhos são muito bem-vindos ao nosso shopping center.Temos um espaço democrático e os jovens desta região são nossos clientes”. Esse aí, com certeza, entendeu o fenômeno social! Os jovens só queriam se encontrar, zoar e, quem sabe, beijar na boca. “Pegação”, disse o MC Doug Kamikaze. E isso é universal. Times Square, Covent Garden ou no Largo da Batata!
Será que se tivéssemos chamado os “manos MC’s“ de “City Outskirts Opinion Makers” nossos olhos belgas teriam visto essas ações com algum potencial?
Será que os shoppings da região nobre-nas–mentes-dos-homens-de–marketing-de-plantão agiram certo em pedir uma medida judicial preventiva para impedir o fenômeno social? Ou já tinham agido ao posicionar a entrada do local distante de uma estação de metro e ter uma loja de “Macarrons” ao invés de uma que venda “lanche”? MC Chaveirinho já tinha avisado: “eu só quero ir a shopping que eu possa abraçar e beijar minhas admiradoras“.
A única coisa que ainda não entendi direito é que os jovens da nossa Índia querem as mesmas marcas dos nossos jovens belgas… Oakley, Quicksilver, Aeropostale, John John, Bad Cat, Mizuno, Nike, Abercrombie&Fitch… Mas, como dizia Iain Ellwood, no seu “The Essential Brand Book” (da Kogan Page Limited, publicado no Brasil pela Clio Editora), “a dimensão cognitiva de uma marca é a necessidade declarada do consumidor, sem influência do discurso de marketing ou de soluções dirigidas ao mercado“. Ainda bem, não é mesmo?
Ah, para deixar bem claro: black bloc com violência e baderna, soy contra!
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