Geraldo Leite
24 de setembro de 2012 - 11h58
É estranho ver o Rádio chegar aos 90 com tanta unanimidade em simpatia, mas sem a mínima indicação de um incremento de uso.
Muito do que se valoriza hoje em comunicação, já está no Rádio há anos: a interatividade (as 10+, a conversa com o comunicador, …), a prestação de serviços (tempo, trânsito, “ouvinte repórter”,…), a mobilidade (sempre seguiu com o ouvinte), a voz da comunidade, a agilidade, a integração do on/off, e por aí vai.
E não por isso muda a percepção do valor do Rádio para a propaganda.
Tudo bem que é um meio pulverizado, que não é fácil ter acesso a todas as informações necessárias, que as redes disponíveis ainda não atendem a todos os públicos e praças, que é necessária uma certa iniciação para saber escolher bem as opções disponíveis, que nem todas as praças tem pesquisa de audiência,…tudo bem, mas isso faz parte do jogo e não por isso deveria ser descartado de antemão.
O Rádio não é programado suficientemente nem pelos próprios anunciantes e agencias locais que, supostamente, conhecem melhor as emissoras como ouvintes e sabem do retorno que oferecem.
Falar que a culpa é das agências que não reconhecem o meio ou tem outros interesses é exagerar. Jogar a questão para os anunciantes que não o aprovam, quando recomendado, também não resolve. Embaralhar tudo e dizer que a culpa é da própria indústria do Rádio e de seus empresários que não investem o suficiente, é colocar o problema para baixo do tapete – há um sistema que não enxerga, um modelo que desvaloriza, um “eco sistema” (radialistas, programadores, produtoras, empresas de pesquisa,…) que se sente meio menosprezado, desprestigiado, tratado como se fosse um profissional ou um setor de segunda classe.
Para pensar na solução e satisfação do Rádio tem que saber levar por música.
Que não se pode cair no “nhem nhem nhem” que o Martinho da Vila já falava.
E precisa lembrar que, como na canção do Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, o Rádio quer flores em vida.
* Geraldo Leite é sócio-diretor da Singular, Arquitetura de Mídia
Compartilhe
Veja também
-
A receita da Diageo: educar o bar e o consumidor para crescer
CEO no Brasil, Uruguai e Paraguai, Paula Lindenberg afirma que expansão do negócio depende do ganho de todos os stakeholders
-
Geração Z vê risco à criatividade humana com avanço de IA, diz pesquisa
Estudo global feito pela EY mostra como os jovens estão enxergando a tecnologia em diversas áreas
-
-
-