O cenário das lojas de conveniência em 2023
BR Mania expande relação com franqueados; AmPm quer investir em parcerias exclusivas e rede de ultraconveniência
BR Mania expande relação com franqueados; AmPm quer investir em parcerias exclusivas e rede de ultraconveniência
Renan Honorato
23 de maio de 2023 - 6h00
O mercado de conveniência surgiu com os postos de gasolina, porém, em 2023, os agentes de mercado têm buscado expandir os negócios em outras frentes. “Até quatro anos atrás, loja de conveniência era sinônimo de posto de gasolina e bebida, mas essa é uma barreira que as empresas estão tentando quebrar”, diz Eduardo Yamashita, diretor de operações na Gouvêa Ecosystem. Após anúncio em 2022 da joint venture entre Americanas e Vibra Energia, a proprietária da rede BR Mania dos postos Petrobrás rompeu a empreitada no começo do ano, após os escândalos envolvendo arrombo financeiros da varejista.
Para a CEO da Vem Conveniência (Vibra), Natalia Cid, parcerias estratégicas precisam de olhares diferenciados quando se debate as varejistas de proximidade. “A conveniência surge atrelada aos postos, mas atualmente, ela reúne delivery, itens de consumo emergenciais, tudo isso na palma da mão, a pessoa nem precisa ir ao posto 24h mais”, comenta. A Vibra tem testado, em Recife, o e-commerce lojista para além das parcerias que já foram firmadas com o iFood durante a pandemia, por exemplo. A executiva ressalta que a curva de aprendizado tem demonstrado resultados positivos.
Além disso, os investimentos na expansão de tecnologia querem facilitar ainda mais o acesso do consumidor às unidades, com posto de autoatendimento e checkout automatizados. Outro caminho que a Vibra tem apostado é na maior agilidade de negócio com os franqueados com plataformas próprias de comunicação, como o Vem Conecta, e tecnologias de gerenciamento e logística – conhecidos como “gerentes digitais”. Neste ano, a franquia de lojas BR Mania completa 30 anos e para acompanhar a data comemorativa, a loja de conveniências expandiu em 12 unidades no primeiro semestre.
Nos postos Ipiranga quem assume a direção do comércio é a AmPm que, segundo o CEO Renato Stefanoni, quer trazer soluções completas focadas no food service. Nessa linha, a empresa comunicou que disponibilizará opções de Pizza Hut em algumas unidades em São Paulo. “Também firmamos parcerias com a Oakberry e o hot dog do Nathan’s”, diz Stefanoni com exclusividade. Também no radar do executivo estão os caminhoneiros, um dos principais frequentadores do ambiente, com a criação de benefícios exclusivos, como descontos e promoções.
Além disso, Stefanoni destaca que as varejistas de proximidade precisam trabalhar a capilaridade e os regionalismos de cada unidade a fim de proporcionar melhores experiências de consumo. “Temos algumas unidades que são vistas pela população como padarias, em que toda manhã são vendidos mais de dois mil pães”, exemplifica. Todavia, apesar de se manter fiel ao negócio em postos de gasolina, AmPm tem trabalhado o modelo de ultraconveniência. No prédio-sede em São Paulo, a lojista introduziu ao edifício uma unidade com itens de interesse aos frequentadores do local. “Pretendemos implementar mais duas unidades nesse modelo este ano”, explica.
“O mercado de proximidade é última grande fronteira a ser explorada aqui no Brasil. Nos anos 1970, empresas como Carrefour exploraram os setores de supermercados. Mais recentemente, o movimento dos atacarejos cresceu fortemente”, explica Eduardo Yamashita, diretor de operações na Gouvêa Ecosystem. Doutro modo, Yamashita ressalta que mercado de conveniência brasileiro ainda não está totalmente em sintonia com a evolução de outros países da América Latina, com o México, onde a OXXO expandiu os negócios e causou impacto na economia local do país. Apesar disso, essa mesma rede já tem feito uma série de aberturas de lojas, em cidades como São Paulo.
Dentre os debates que circulam pelo setor, um dos principais é o desbalanço na economia familiar local com a inserção de grandes varejistas de proximidade. “Cabe ao empresário desses pequenos negócios saber que é preciso se movimentar. Porque se não equalizar o nível de serviço, provavelmente vão ficar para trás”, opina. Além disso, Yamashita destaca que os negócios familiares ainda possuem vantagens em relação à macro redes de varejo, como a agilidade, a autonomia e, sobretudo, a proximidade.
De acordo com o especialista, a dificuldade desse setor se faz, principalmente no Brasil, pelas questões logísticas de distribuição. “É preciso ter escalas e pulverizações muito bem distribuídas. Geralmente, essas empresas que criaram processos de distribuição para abastecer grandes lojas têm dificuldade para atender milhares de pequenos pontos”, ressalta. Nesse sentido, no modelo adotado pela AmPm, a distribuição para os franqueados acontece de forma interna, inclusive, com a relação entre fornecedores sendo gerenciada pela marca.
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