Varejo de moda online: sustentável, digital e regionalizado

Buscar

Varejo de moda online: sustentável, digital e regionalizado

Buscar
Publicidade

Marketing

Varejo de moda online: sustentável, digital e regionalizado

Marcas internacionais, como Shein e Urbanic, pregam modelo de negócio por demanda com tecnologia e aposta no mercado latino-americano


9 de dezembro de 2022 - 14h15

A ascensão do e-commerce nos últimos dois anos indicou um terreno fértil para a moda no País. Um levantamento da Melhor Envio, plataforma de gestão de fretes do Grupo Locaweb, mostra que o setor da moda foi o que mais cresceu no comércio online brasileiro. Entre janeiro e novembro de 2020, 1,8 milhão de itens foram comercializados, entre 9 milhões de transações monitoradas.

Varejo de moda

(Crédito: Andrey Popov/Shuttertock)

Benéfica não só para as marcas brasileiras, a oportunidade foi uma porta para o amadurecimento de e-commerces de varejo de moda internacionais. É o caso da Shein, varejista asiática fundada em 2012, está há alguns anos no Brasil e, como todos os e-commerces, começou a crescer durante a pandemia.

Neste ano, a marca regionalizou sua operação no País e deu início ao processo de formação de times comerciais, de marketing, logística entre outros. “Esse é o ano que começamos essa transformação de crescimento exponencial, mas muito focado com decisões no headquarter” afirma Felipe Feistler, general manager da Shein no Brasil.

A marca pega carona na ascensão de e-commerces asiáticos, que atraem os consumidores pelo preço baixo. Em 2021, dados da Conversion comprovam que a Shopee e Shein representam 33% do setor de importados do País em fevereiro e registraram aumento em market share.

A companhia espera finalizar 2022 com cerca de 100 colaboradores, que integrarão o time de mais de 10 mil colaboradores que a marca tem em todo o mundo. Atualmente, os mercados líderes são Cingapura e Estados Unidos. Contudo, é a décima maior plataforma de comércio eletrônico do Brasil desde junho, também segundo a Conversion.

Atacando as frentes de roupas, acessórios, moda íntima, de praia, calçados, maquiagens, entre outras, a Shein está presente em mais de 150 países e, em setembro, inaugurou um centro de distribuição em Guarulhos, em São Paulo. A nacionalização de operações beneficia a tradução do aplicativo, melhor entendimento das tendências locais de moda, troca de informações sobre o público local, entre outros.

São Paulo também passou a abrigar, neste ano, um centro de distribuição da britânica Urbanic. Localizado em Carapicuíba, o espaço de 20 mil m² tem capacidade de abrigar 2 milhões de itens. A aposta no Brasil é sua primeira presença na região da América Latina, que se junta ao México e à Índia como core dos negócios da varejista em países emergentes no mundo.

Potencial brasileiro

“Buscamos investir mais no Brasil criando empregos locais, localizar a oferta e cadeias de suprimento”, diz James Wellwood, sócio e líder de desenvolvimento de negócios da Urbanic, que esteve em viagem ao País no segundo semestre. As roupas da marca são produzidas na Índia, Vietnam, Bangladesh e China, mas o objetivo de longo prazo é que a produção venha também a ser localizada.

Com um budget de US$ 30 milhões em investimento para o Brasil, a presença mira na diversidade da região e engajamento da comunidade da marca com diversas questões. Wallwood explica que o objetivo é fortalecer tais comunidades e ter a região contribuindo para metade da receita global de US$ 10 bilhões da Urbanic.

O potencial nacional é encarado pela Shein como um mercado chave. “O Brasil, para qualquer empresa que quer estar presente globalmente, é muito relevante. Temos cerca de 215 milhões de população com potencial consumidor”, declara o general manager, Felipe Feistler.

E a popularidade já é notória. No mês passado, a Shein promoveu uma pop-up store em São Paulo, no shopping Vila Olímpia. Com duração de três dias, a loja recebeu cerca de 5.500 e teve 90% das roupas disponibilizadas vendidas. Uma unidade em Belo Horizonte já é estudada pela marca, e mais quatro ações do tipo deverão ocorrer em 2023.

Sustentabilidade e tecnologia no varejo de moda

O compromisso com a agenda ESG se estende ao varejo de moda. O relatório Fios da Moda, desenvolvido pelo Instituto Modefica ao lado da Fundação Getúlio Vargas, aponta que são fabricadas cerca de 9 bilhões de peças anualmente. Os dados são referentes ao Brasil. Pontos específicos no mundo, como o Deserto do Atacama, no Chile, e o litoral de Gana, na África, são pontos que recebem toneladas de roupas em aterros sanitários. Os itens podem demorar anos e até mesmo séculos para se decompor.

Destacam-se, neste cenário, aquelas que apostam na produção por demanda como forma de mirar a sustentabilidade. A Urbanic trabalha a partir do ‘zero inventory model’, que só tem produção quando existem pedidos ou demandas notórias. A tecnologia é responsável por uma grande base de dados que digitaliza a produção e os processos de venda, além de ter uma análise preditiva de inventário à medida em que os usuários utilizam o app.

“A inteligência artificial permite que a gente atinja nosso objetivo, que é realmente entender e se comunicar com cada um dos nossos consumidores de forma personalizada, para entender seus gostos, interesses e o que procuram”, afirma o sócio da Urbanic. “Somos uma empresa relativamente jovem e, quando começamos, tomamos a decisão absoluta de não cortar custos em sustentabilidade e questões como essa”, acrescenta.

Estima-se que o desperdício seria 20% menor caso a indústria adotasse o modelo por demanda, conforme comenta o executivo da Shein. Baseada em testes para qualidade, variedade e preço baixo, a asiática produz de 100 a 200 peças de itens para escalar vendas conforme exista público consumidor. Sendo assim, o prazo de design até a disponibilização no app leva entre 10 e 14 dias, um tempo menor em comparação com a indústria.

Em meio à comentários em redes sociais e notícias na mídia sobre a falta de transparência em relação à fornecedores e força de trabalho da Shein, o executivo aponta que a companhia tem um esforço de fiscalização global para que a produção dos itens esteja de acordo com leis locais e seguindo os princípios de ESG da marca.

Marcas digitais, estratégias variadas

Nativas digitais, as marcas caíram – inevitavelmente – nas graças da Geração Z. As páginas brasileiras da Shein contabilizam 7,5 milhões de seguidores no Instagram e 1,9 milhão no TikTok. As plataformas são estratégias de comunicação certeiras para atingir o público jovem e antecipar tendências. Até a sazonalidade de estação nos dois hemisférios é um ponto forte, com presença nas mídias em todo o mundo.

Ambas as marcas apostam em ações com influenciadores, tanto por campanhas quanto por meio de mídia orgânica. Para a Urbanic, este tipo de conexão leva a mais venda e motivação de compra, ao mesmo tempo em que gera brand awareness. Ainda, há um squad fixo de 200 meninas que produzem conteúdo mensalmente para plataformas como TikTok, Instagram e YouTube.

Em suma, Apesar da importância dos meios digitais, ativações off-line vem compondo o mix de estratégias. Mídia out-of-home em praças como São Paulo e Rio de Janeiro, é uma das apostas das marcas, além de áreas com amplo acesso público. “Essa é até uma discussão do mercado: onde o off-line entra em um pós-pandemia?”, justifica Feistler, da Shein.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • O Boticário patrocina Festival Folclórico de Parintins

    O Boticário patrocina Festival Folclórico de Parintins

    Marca do Grupo Boticário estará presente no Bumbódromo, nas festas dos bois Caprichoso e Garantido e em festas de rua

  • Projeto quer capacitar publicitários das periferias

    Projeto quer capacitar publicitários das periferias

    Edição 2024 do PerifaCriativa já conta com Ampfy, Suno United Creators, Agência Solano Trindade, Greenpark, BR Media, JNTO, Vitrio e Fillet como empresas madrinhas