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Facebook faz um ano de capital aberto

Após lançamento ruim, que contou até com falha da Nasdaq, empresa de Mark Zuckerberg trilhou caminho para novos IPOs do setor

i 17 de maio de 2013 - 10h14

 Nesta sexta 17 faz um ano que Mark Zuckerberg acordou mais cedo que o normal, vestiu um de seus famosos agasalhos azuis-marinhos e foi até Wall Street, centro financeiro de Nova York, encontrar outros funcionários do Facebook e alguns executivos engravatados para assinar uma placa de acrílico na Nasdaq, a bolsa de valores preferida das multinacionais de tecnologia. Naquele dia, às 9h30, a empresa fazia sua primeira oferta pública de ações, um movimento aguardado por todo mercado.

A expectativa de um “novo Google”, como se falava, logo se revelou exagerada. As ações, oferecidas incialmente a US$ 38, começaram a cair no dia seguinte, fechando a semana a US$ 34,03 e abrindo a terça 22 a US$ 31, quando iniciou leve recuperação. Oscilou negativamente em seu primeiro mês, entre US$ 25,869, o valor mais baixo, sem nunca se aproximar do primeiro lance.

Analistas de mercado dizem que dois motivos colaboraram para a negociação aquém do esperado no IPO do Facebook. O primeiro seria um erro primário da própria Nasdaq, que usou naquela manhã um novo sistema que nunca havia sido testado e não conseguiu interpretar com propriedade o volume de compra e o tipo de demanda. Grandes investidores como as financeiras Fidelity e Knight Capital cobraram publicamente responsabilidades da operadora. Outro motivo teria sido uma estratégia para atrair para o mercado compradores mais conservadores, por um preço mais baixo, até se criar massa para tubarões mais arrojados.

Mas a empresa seguiu em queda. Em agosto, enquanto apresentava sua nova timeline, foi vertiginosa, fechando 3 de setembro com o valor mais baixo desde então, US$ 17,729 ¬– queda de 53,34% no acumulado do período.

Não era um movimento do mercado: a ação do Google, por exemplo, variou em setembro de 2012 entre US$ 670 e US$ 720, com alta de 7,46% no período. O Facebook anunciou que não faria uma segunda rodada de ofertas de ações, mas, para acalmar os ânimos, disse que permitiria a troca de papeis semanas antes do contratado se o investidor assim o desejasse. Também comunicou a conclusão do remanejamento técnico consequente da compra do Instagram, em abril de 2012, por US$ 1 bilhão. A ação subiu a US$ 18,96 em 6 de setembro e entrou em outubro a US$ 21,99.

Apesar do pessimismo, a empresa em si, assim como seu CEO, era pouco afetada por aquela instabilidade, principalmente por causa de seus US$ 11 bilhões em caixa. Para o Facebook, parecia um bom negócio estar fora dos holofotes e poder investir na sua plataforma mobile e no Graph Search, que anunciaria em janeiro. E o mercado ficou menos afetado, tanto quem se deslumbrava com o mito do “novo Google” – os investidores do gigante de busca, aliás, riram à toa com suas ações em escalada –, como quem apostava numa nova bolha da internet, afinal o Facebook não ruiu. A empresa penou, é verdade, mas seguiu se desenvolvendo e apresentando novidades, afastando a temeridade de que não houvesse liquidez o suficiente para continuar crescendo.

O final de 2012 trouxe alento ao capital do Facebook. A ação partiu de uma baixa de US$ 19,21 em 9 de novembro para fechar o ano em US$ 26,62, e seguiu crescendo. Em 7 de março, quando apresentou o redesenho de seu news feed, estava cotada a US$ 28,578, crescendo 3,84% naquele dia, nível no qual oscila até hoje.

Outra expectativa não concretizada com a abertura da empresa era uma corrida de ofertas públicas de empresas do setor. A razão é óbvia, decorrente do início pouco animador do Facebook. Ainda que seja impossível saber como o mercado reagiria, analistas desconfiam que o movimento poderia ter sido nocivo e muito volátil. A trilha aberta por Zuckerberg pode servir, agora, como exemplo a operações mais seguras. Apesar de não apressar o assunto, o mercado acredita que o Twitter deve ser a próxima grande empresa de tecnologia a fazer seu IPO.

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