Atrair anunciantes e assinantes: os desafios do novo Disney+ no Brasil
Ao integrar Disney+ e Star+, empresa entra na era da publicidade no streaming e tenta atrair público e marcas em cenário competitivo
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Bárbara Sacchitiello
1 de julho de 2024 - 6h00
Na semana passada, a Disney integrou seus dois serviços de streaming – o Disney+ e o Star+ – em uma única plataforma, que carregou o nome do Disney+.
O movimento de consolidação acompanha uma tendência internacional do segmento de conteúdo sob demanda. Em fevereiro, a Warner Bros. Discovery integrou o HBO Max com o Discovery+ na América Latina, agregando o conteúdo das duas plataformas na Max.
Além de agrupar suas duas marcas de streaming em um único serviço, a junção de Star+ com Disney+ também representa outro marco para a maior companhia de entretenimento do mundo. Com o novo Disney+, a empresa entra no universo da publicidade no ambiente do streaming.
O movimento é visto como algo bastante estratégico pelo grupo na região da América Latina. “Para o consumidor, oferece um preço mais acessível. Por outro lado, para a empresa, nos permite monetizar a experiência de streaming, algo que até agora não havíamos explorado na região”, comenta Kattia Quintanilla, vice-presidente Disney Advertising Sales & Partnerships da Disney na América Latina.
O novo Disney+ oferece três diferentes pacotes de assinatura: o Disney+ Padrão, o Disney+ Premium e o Disney+ Padrão com anúncios. Todos reunirão os conteúdos de filmes, séries e demais produções tanto de Disney+ quanto de Star+.
O plano Disney+ Padrão tem valor de R$ 43,90 por mês (ou R$ 368,90 no plano anual); o Disney+ Premium tem o preço mensal de R$ 62,90 (ou R$ 527,90 no pacote anual). Já o plano com anúncios publicitários será oferecido por intermédio de operadora ou empresa parceira. No site oficial do streaming não há a descrição exata do valor.
Ao adentrar na era da publicidade no streaming, a Disney procurou construir um serviço que fosse, ao mesmo tempo, atraente ao mercado publicitário e que não causasse desconforto na base de audiência que verá anúncios em meio aos conteúdos de filmes e séries.
De acordo com Giselle Ghinsberg, head da Disney Advertising and Partnership no Brasil, a empresa procurou trabalhar para garantir que a experiência do usuário seja preservada enquanto a Disney tenta maximizar a receita publicitária.
“A empresa implementou tecnologia de personalização de anúncios para que eles sejam mais relevantes para os assinantes, otimizando a eficácia das campanhas publicitárias”, diz a executiva. Giselle acrescenta que tudo foi pensado para que os fãs das marcas da Disney tivessem uma experiência confortável com os anúncios.
Além disso, o grupo também trabalhou no desenvolvimento de formatos que pudessem ser atraentes e eficazes para as marcas. Giselle conta que o portfólio de opções que os anunciantes têm no Disney+ será expandido nos próximos meses e que a empresa já realizou um upfront no Palácio Tangará, em São Paulo, para apresentar o portfólio a agências e potenciais clientes.
“Continuaremos a fortalecer essas parcerias, oferecendo pacotes de publicidade personalizados e oportunidades de branding dentro da plataforma e em todo o nosso ecossistema”, diz a executiva. Isso, segundo ela, incluirá a exploração de novas formas de integração de marca e a criação de experiências publicitárias que sejam “atraentes para os anunciantes e envolventes para os assinantes.”
Na semana passada, a Disney anunciou uma parceria com o Mercado Livre na América Latina que irá disponibilizar o inventário de publicidade programática do streaming no ambiente do Mercado Ads.
Ao integrar os dois serviços em uma mesma plataforma, o Disney+ teve um reajuste em relação à versão anterior. O aumento nos preços dos serviços de streaming, aliás, tem se mostrado um desafio para a indústria de conteúdo sob demanda. Assinar diferentes serviços no Brasil já é algo que pode ser tão – ou mais – custoso do que assinar um tradicional pacote de TV paga.
A respeito do reajuste, a Disney pontua que o preço é determinado pela dinâmica de cada mercado e pela qualidade do conteúdo oferecido. Na opinião de Katia Quintanilla, apesar do reajuste, os assinantes do Disney+ ganham mais opções de planos nessa nova fase, já que, além das categorias Premium e Padrão, o streaming também oferece a opção Padrão com Anúncios.
A respeito do investimento em conteúdo, a Disney não divulga os valores empregados na criação de portfólio em cada região, mas destaca que tem compromisso com a produção de um audiovisual de alta qualidade e relevância para as audiências da América Latina e Brasil. “Há mais de 20 anos, a companhia produz, em parceria com renomadas casas produtoras e talentos, histórias que refletem a cultura e a idiossincrasia da região”, diz Kattia.
A executiva diz, ainda, que a proposta da companhia é seguir trabalhando com produtoras locais para incrementar o cardápio de séries, filmes e documentários na região da América Latina. Obras como Americana, Jogo Cruzado, Amor da Minha Vida, Capoeiras, Vidas Bandidas, O Som e a Sílaba e Tarã serão os próximos conteúdos regionais a integrar o portfólio da plataforma.
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