“A gente adora competição”
Márcio Alencar, diretor de estratégia digital, negócios e marketing da Alelo comenta participação na NRF, os investimentos em inovação e o cenário de concorrência para 2023
Márcio Alencar, diretor de estratégia digital, negócios e marketing da Alelo comenta participação na NRF, os investimentos em inovação e o cenário de concorrência para 2023
Roseani Rocha
18 de janeiro de 2023 - 2h16
Experiente na NRF, evento do qual já participou mais de uma dezena de vezes, Márcio Alencar, diretor de estratégia digital, negócios e marketing da Alelo, comenta que se este ano não percebeu nenhuma grande novidade em relação às soluções para o varejo, por outro lado, algumas coisas que eram tendência há poucos anos já foram mostradas de forma mais tangível. Uma delas é o uso da inteligência artificial. Diretamente envolvido na agenda de inovação aberta da Alelo, Márcio faz um balanço de aquisições recentes, como da Eats For You, de comida saudável, e da plataforma Pede Pronto. Neste último caso, não se furtou a comentar os desafios que a marca tem em encarar o iFood, que tem mais de 80% do mercado, porque exige contratos de exclusividade com os restaurantes. O executivo da Alelo demonstra surpresa com a demora do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em tomar uma medida “mais efetiva” sobre o caso. Enquanto isso, a Alelo, com seu negócio principal, fez o maior investimento em marketing de sua história ano passado, quando contratou o cantor Luan Santana como embaixador, e promete lançamentos sequenciais de produtos para 2023.
Meio & Mensagem – Quais são os focos de interesse do segmento e da Alelo especificamente na NFR?
Márcio Alencar – Essa é a minha 13ª NRF; venho aqui desde 2009. As únicas vezes em que não vim foram em 2013 e em 2021 por causa da pandemia. Mas minha visão sobre essa evolução da NRF é que a gente viveu um momento de muito questionamento sobre varejo físico e digital, da evolução de toda a digitalização do varejo, do desafio logístico, de cadeia. Tem N visões ao longo do tempo. Mas este ano em especial me chamou bastante atenção uma agenda muito focada no ser humano. Desde a primeira agenda de domingo até hoje. Houve uma palestra com o presidente da Pepsico aqui na América do Norte e ele trouxe muito foco no indivíduo, do lado do empregador para que os seus colaboradores representem esse pensamento aos clientes. Acho isso muito bom, porque vivemos um tempo globalmente muito desafiador e precisamos ter o lado humanitário mais destacado, especialmente no mundo corporativo, onde naturalmente o foco é mais no resultado, nas questões de negócio e obviamente financeiras, mas não pode perder esse lado humanitário, que é tão importante. A gente vem vivendo transformações muito importantes na nossa sociedade e se eu pudesse fazer um resumo de tudo que eu vi aqui, o que se destacou, de fato, foi essa questão de todas as agendas trazendo temas ligados a pessoas.
M&M – Por que que as marcas estão tão preocupadas nesse aspecto do funcionário e da cultura corporativa?
Márcio – Tem algumas razões. Somos uma empresa de pessoas. A Alelo tem dez milhões de pessoas como clientes. Nosso negócio é vender solução para as empresas, para melhorar a vida das pessoas. Tem um vínculo de negócio muito forte pra gente, estudamos muito esse tema, praticamos muito na companhia. E a aí a gente tem, na minha opinião pessoal, uma virada muito forte em função da gerações que chegaram nos últimos 20 anos. Os profissionais com menos de 40 anos são muito mais exigentes. Isso reflete também na exigência no consumo, mas também do ponto de vista das empresas como contratantes. São muito exigentes na perspectiva de quem quer ter uma empresa equilibrada, com um olhar de sustentabilidade, de inclusão e diversidade. Essas gerações que chegaram ao mercado de trabalho, pessoas com 20, 30, 40 anos impulsionaram as empresas nessa direção. Acho que não foi um movimento planejado: vamos sentar aqui o board e avançar na pauta de social. Foi uma necessidade que as empresas foram percebendo.
M&M – E antes de vir aqui e se deparar com esse tema se ressaltando, qual era o foco da Alelo na NRF? Que outros assuntos buscavam?
Márcio – A gente sempre vem para cá em três, quatro e nos dividimos para ampliar a perspectiva. Viemos para olhar tendências e destaco a palestra incrível da Andrea Bell, da WGSN, sobre tendências. É um núcleo de inteligência que inclusive na Alelo usamos. Eles fazem para nós um relatório anual “Perspectivas e tendências para os próximos dois anos”, bem interessante. Tem N temas ali que trazem desafios para os negócios, especialmente para o nosso, porque nessa pauta de tendências volta o tema de pessoas: tecnologia para servir, negócios para servir, é o human centric o tempo inteiro. Depois, tem uma agenda muito forte de relacionamento. Encontramos aqui três mil brasileiros, decisores, pessoas que estão construindo muitos negócios no Brasil, especialmente no varejo. Temos aqui uma prática muito forte de relacionamento, de entender o que esses empresários desejam, para, do nosso lado, tentar oferecer serviços mais aderentes a esses desafios. E tem uma perspectiva clara de inovação, de buscar o que os americanos estão fazendo. Aqui é o celeiro global do varejo. Viemos para beber um pouco da fonte.
M&M – E nesse sentido o que você já conseguiu ver de interessante?
Márcio – Como já venho há muitos anos, de fato, não vi nada de grandes novidades. Tem data driven sempre, uma agenda muito forte de centralidade no cliente, todas as camadas de varejo, seja na tecnologia seja no atendimento, supply chain, loja física, digital, uma concentração muito grande de experiência do cliente. Mas também vemos uma agenda muito forte de ESG para o negócio, como forma de trazer esse equilíbrio de buscar resultados, mas de ter diversidade, muita inclusão para que a empresa represente com mais fidelidade o que é a sociedade. Esse é um desafio que todos os negócios estão enfrentando e, para mim, o que ficou mais forte em termos de pensamento. Do ponto de vista de prática de inovação, de verdade, não vi nenhum destaque. Estou vendo coisas que são uma continuidade do que vinha sendo feito. Por outro lado, tem muita gente aplicando algo que era tendência há dois, três anos. Por exemplo, o universo do big data para direcionar o negócio, acelerar crescimento e construir relacionamento; o uso da inteligência artificial de maneira bastante pragmática, não é mais aquele sonho, robotização por robotização. É o uso focado no atendimento, na eficiência e na melhoria de serviços.
M&M – E em termos de experiência do cliente, o que você ressaltaria?
Márcio – Essa é uma pauta muito conectada com essa centralidade no humano, seja dentro das empresas, com seus colaboradores, seja fora, porque, de novo, liga a essa questão geracional. Essas três gerações que eu citei estão ignorando marcas e empresas que não têm esse olhar. As empresas precisam estar com foco absoluto na experiência e na jornada do seu cliente para que elas possam sobreviver. Porque esses consumidores não comprarão de empresas que não têm um olhar genuíno para as pessoas. Isso, na minha opinião, é o maior dessa da NRF, porque não é mais uma ambição. Tem empresas grandes, globais, praticando isso com resultados muito consistentes também. Era uma tendência há quatro anos. Não era algo praticado. Agora, chegou no patamar da execução com qualidade. É difícil você ver uma empresa, hoje, que não olha NPS ou onde ele não esteja na meta corporativa das equipes. É difícil você não ter o foco muito grande no atendimento de multicanais e ter um olhar genuíno para a qualidade da entrega. Não é mais um desejo, mas uma necessidade para você sobreviver.
M&M – Ano passado, a Alelo lançou um programa de inovação aberta e parceria com startups, como isso tem andado desde então?
Márcio – A open innovation é uma agenda na qual eu, pessoalmente, me envolvo muito. Temos N caminhos para desenvolver essa agenda, mas dois grandes focos. Um, de fato, é a olhando a experimentação, trazer empresas nichadas em soluções que a gente está atrasado do ponto de vista de formação de squad ou de ter conhecimento embarcado. Então a gente busca esse conhecimento externo, contrata essas empresas para acelerar nossa entrega de valor e isso tem sido muito bom. Conseguimos dar saltos bem relevantes em várias demandas que a gente tinha nos negócios. E o outro é, de fato, você começar cocriar negócios. Nesses últimos dois anos, compramos uma startup que virou a Pede Pronto, uma plataforma de pedidos do grupo que cresceu dez vezes ano passado. Saiu de 100 mil pedidos e chegou a 1,2 milhão de pedidos. Óbvio que é muito pequena frente aos grandes players de pedidos do Brasil, mas é um desafio importante, porque está na cadeia desses nossos dez milhões de usuários consumidores, que têm dinâmicas diferentes de comer num restaurante, numa praça de alimentação, de receber no escritório. E a outra frente voltada à open innovation é aquisição de equity de empresas promissoras. Fizemos uma aquisição, ano passado, da Eats For You, que é uma foodtech voltada para comfort food. Eles nasceram já procurando a gente – “olha, tenho uma ideia” – e começamos a incubar isso em 2017. Eles criaram uma aplicação, marcavam um território, uma região, no começo em Barueri lá onde a Alelo está instalada, olhava a demanda de comida caseira. Aí criaram uma rede de produtores caseiros de alimentos, donas e donos de casa que gostam de produzir alimentos, e usavam tecnologia para conectar essas pessoas – produtores de alimentos caseiros – com os consumidores, funcionários de empresas. Então, criamos a Eats For You, que nada mais é do que uma vending machine superinteligente. Você pede seu almoço até às 10:30h da manhã do dia e quando for meio-dia essa comida caseira chega para você super fresca e saudável. E é produzida no entorno da tua empresa, ou seja, você não só come uma comida barata (geralmente custa menos de R$ 20) e ao mesmo tempo fomenta socialmente a comunidade onde a empresa está instalada, então, está sendo um sucesso. Depois de ter feito um investimento ano passado, crescemos doze vezes também.
M&M – De quanto foi o investimento?
Márcio – Não posso falar valores por conta de confidencialidade com esses fundadores, mas é um investimento que foi bem relevante para o crescimento do negócio e para importar o capital fixo, que basicamente são essas vending machines inteligentes. Elas congelam e esquentam o alimento. Você escolhe no app, chega para você na geladeira, na hora que você for almoçar. Você faz a leitura de um QR code, ele coloca a tua marmitinha, que é super bonitinha e elegante, coloca num forno, esquenta e você e faz uma alimentação de qualidade e barata. Temos 175 empresas usando a solução da Eats For You e em 2022 atendemos algo perto de 300 mil pessoas em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Santa Catarina. E tem uma agenda de expansão ao longo de 2023. Temos uma ambição de chegar a 300 pontos de distribuição e passar de um milhão de pessoas consumindo esse tipo de produto barato e que fomenta a economia local. É uma foodtech ESG na veia, porque vende o produto barato para um trabalhador que tem o desafio de chegar no final do mês com o seu voucher de refeição (com crédito). E, com isso, não só consegue como consome uma comida de qualidade, em vez daquela industrializada, produzida em série.
M&M – Como avalia o cenário de concorrência para a Alelo em 2023? Você citou o investimento na Pede Pronto, e ela faz frente ao iFood. Além disso, o core business tem atraído marcas como Flash, que investiu bastante em marketing, e a francesa Swile agora.
Márcio – A gente nasceu num cenário de muita concorrência. A Alelo está fazendo 20 anos este ano, agora em junho. Antes dela, as pessoas pagavam refeição com um papelzinho. Trouxemos o cartão magnético para essa dinâmica, o que criou há 20 anos um conceito de conta digital e vem evoluindo ao longo do tempo. Somos líderes desse mercado há mais de dez anos. Vemos com muito bons olhos a chegada de novas empresas, inclusive com uma mudança regulatória que é importante. Você passa a ter dois sistemas de pagamento, um sistema fechado e os sistemas abertos, que usam as bandeiras para operar. Isso viabiliza novos competidores, essas empresas que você citou, e traz um desafio adicional para nós, que é seguir inovando de maneira consistente, porque, no final do dia, o que você precisa ter é um diferencial para o teu cliente, seja ele o RH das empresas seja ele as pessoas que consomem no dia a dia. Falo com muita tranquilidade: a gente tem trabalhado talvez mais em função de ter novos competidores, porque você sai da zona de conforto, então cria realmente uma condição de alerta para construir coisas com velocidade e qualidade, para que o teu cliente continue optando por você como fornecedor. No ponto de vista do Pede Pronto, de fato, tem aqui um ponto de atenção que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) está olhando isso com bastante proximidade. Enfim, tem N discussões acontecendo. Houve saída de competidores globais do Brasil. Ano passado saiu o Uber. Este ano parece que a 99 Food também está revendo sua posição. Isso mostra uma concentração de um player muito grande, que é ruim para a economia, ruim para o setor de bares e restaurantes e ruim para novos competidores. Esse competidor tem contratos de exclusividade que impedem que os restaurantes, especialmente as redes de restaurantes, contratem outras plataformas, como a Pede Pronto. E olha que a Pede Pronto é da Alelo, que tem 400 mil restaurantes na sua rede, e ainda assim tem um desafio de crescimento, porque você chega numa grande rede e ele não consegue fazer um contrato com o Pede Pronto, porque está com um contrato de exclusividade com outro cara. Isso é um ponto de atenção. A gente espera que a agora no primeiro semestre deste ano o regulador antitruste no Brasil consiga atuar de forma efetiva, porque a atuação preliminar que aconteceu lá em 2020 não foi efetiva. Esses contratos de exclusividade continuaram e eles impedem…
M&M – Qual foi o processo? Vocês entraram com uma ação?
Márcio – Não chegamos, até o momento, a entrar com uma ação no Cade contra esse competidor, porque entendíamos que o assunto estava sendo tratado. De fato, o que é um ponto de atenção para todos – e a gente está bastante atento a isso – é a demora de ação do regulador. Claro, se tem um competidor com mais de 80% de concentração, você vê outras empresas globais desistindo do mercado brasileiro, tem alguma coisa de errado. Alguma coisa não está promovendo a devida concorrência. A gente adora competição. É melhor para o país, para as empresas que estão estabelecidas, porque elas precisam se mexer. A Alelo está sendo desafiada pelas empresas que você citou e isso faz com que a gente melhore investimento, acelere o processo de open innovation, crie diferenciais para o negócio, então, isso é favorável para o negócio. Manter um mercado concentrado nesse nível, significa que ninguém ganha. Só um competidor que está à frente ganha.
M&M – Temos visto se falar bastante a respeito de inflação e recessão, mesmo aqui nos Estados Unidos. No Brasil, a inflação também está alta e parece que sem perspectiva de mudar, no curto prazo. Como é que isso afeta o negócio de vocês?
Márcio – Inflação realmente é um grande desafio global. Acho que a gente fez um dever de casa muito bom no Brasil, no último ano. O Banco Central teve uma antecedência bem importante na atuação e no ajuste de taxa de juros, que é ruim do ponto de vista de crescimento econômico, que encarece o dinheiro e diminui ou retarda a capacidade de investimento. Mas a inflação no Brasil, a perspectiva que tenho neste momento, janeiro de 2023, é que a gente tem uma inflação sob controle. Não vejo risco de voltar para um crescimento, a não ser que o novo governo não siga aquilo que é o básico da economia, que é você manter as contas públicas sob controle. Isso que, de fato, gera essa preocupação. O cenário global é muito diferente. Nos EUA, em especial, a inflação é algo novo para eles. Converso com amigos executivos aqui dos EUA e eles não sabem como é que faz. Procuram a gente, com muita frequência inclusive, para saber como conseguimos conviver com inflação. Temos uma experiência bem grande em inflação, a casca bem grossa aqui em relação a isso, então, eles estão aprendendo a viver nesse ambiente inflacionário. E num ambiente inflacionário a tendência ao longo de 2023, a visão, inclusive dos economistas dos nossos acionistas (Bradesco e Banco do Brasil) é que ela deva persistir fortemente nos EUA e na Europa, porque há fatores que geram inflação que ainda não foram totalmente contornados e, no Brasil é diferente. Devemos continuar num ciclo de juros pelo menos até o meio do ano nesse patamar de quase 14%, que é muito alto e traz impacto no investimento – as empresas investem menos nesse cenário, tanto é que a nossa previsão do PIB para este ano é ficar abaixo de meio por cento. Tudo indica essa direção, a não ser que realmente o novo governo estabeleça um nível de confiança para o empresário e o investidor de que ele vá começar fazer investimento. E não pode ser só investimento público, porque a gente já viu essa foto e não é tão feliz no longo prazo, porque tem um impacto nas contas públicas que a gente precisa estar estar preocupado. No final, temos que ter as contas públicas muito bem equilibradas pra que não só o investimento doméstico…
M&M – Está meio difícil com o legado que foi deixado, não?
Márcio – Tem um legado de pandemia, uma agenda de gastos muito intensos do Estado, a própria eleição que a gente assistiu no Brasil: os dois lados que disputaram prometeram coisas que não dava para cumprir. A aprovação dessa PEC foi meio “não tem o que fazer, temos que aprovar”, e que bom que aprovou só por um ano, porque isso é bom, do ponto de vista de equilíbrio pro longo prazo. O governo vai ter que trabalhar com o Congresso, com a sociedade civil e encontrar caminhos para que haja equilíbrio fiscal, porque não dá para um país do tamanho do Brasil seguir com os déficits sequenciais que a gente vem seguindo. Tudo bem, viemos de dois anos de pandemia, que obrigou o Estado a gastar, e fez bem em fazer isso. Teve movimentos felizes do ponto de vista de proteger o emprego. Geramos muito emprego ano passado, quase três milhões. Foi muito bom para o nosso setor em especial, que vive de emprego formal. Isso foi muito favorável para a gente, houve uma retomada. Porém, 2023 é um ponto de atenção. Como vai acontecer? A gente não sabe. Estamos esperando essas primeiras semanas do novo time da economia, do planejamento, o próprio presidente indo buscar essa direção do equilíbrio. De fato, é o que a gente precisa: de um ambiente mais estável – óbvio que essa estabilidade não está fácil, a gente tem acompanhado essas últimas cenas no Brasil e isso não é um negócio fácil de contornar – , mas a gente como sociedade tem que cobrar dos governantes parcimônia, equilíbrio, tentar pacificar o País. Não é uma coisa fácil. Tenho 45 anos e adoro política, do ponto de vista de observação, e é a primeira vez que vejo um país tão dividido quanto a gente está vivendo. Então, o novo governo não pode ignorar os outros 50% que não votaram nele. Precisa encontrar caminhos para dialogar com esse público. Mas estou confiante. O presidente Lula é um cara muito experiente, conhece muito de política. Acho que ele vai encontrar um caminho para que isso aconteça.
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