Diversidade não é sobre “fazer o certo”
Promover a diversidade é coisa séria e perpassa por diversos grupos minoritários, mas entendo que ser diverso é algo que pode começar com pequenos passos
Promover a diversidade é coisa séria e perpassa por diversos grupos minoritários, mas entendo que ser diverso é algo que pode começar com pequenos passos
Promover a diversidade é coisa séria e perpassa por diversos grupos, mas entendo que ser diverso é algo que pode começar com pequenos passos (Crédito: Shutterstock)
Segundo dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o rendimento médio mensal das mulheres no mercado de trabalho brasileiro é 21% menor do que o dos homens. Um problema de abrangência nacional que também é refletido no nosso país: a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Em mais um mês da mulher, faço a provocação de olharmos mais atentamente para os avanços que já realizamos, mas, principalmente, o que ainda precisamos executar.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 15% das mulheres em idade ativa no mundo gostariam de ter um emprego, mas não têm, contra 10,5% dos homens. Um anseio que permaneceu praticamente inalterado por duas décadas, de acordo com a OIT. Para além da grande barreira de entrada no mercado de trabalho – que esbarra diretamente em ações práticas para atração de talentos femininos – ainda temos o fator de preparar as empresas para recebê-las, afinal é ali que ela terá que lidar com a discriminação salarial, baixa oportunidade de crescimento, assédios, cultura organizacional inadequada, dentre outros fatores.
E o tema é realmente urgente, se não fosse, o Brasil não estaria mal posicionado no ranking Global Gender Gap Report, conduzido pelo Fórum Econômico Mundial. Para se ter uma ideia, na edição de 2022, o país ganhou o 94º lugar entre 146 nações, e a posição vem piorando desde 2020, quando ocupava o 92º lugar. Isso ocorreu principalmente a partir da pandemia, momento em que as mulheres foram duramente mais afetadas pelo desemprego, neste momento, a taxa de participação feminina caiu pela primeira vez abaixo de 50%, enquanto a dos homens se manteve em níveis mais altos.
Na contramão da maioria dos países está a Islândia, país mais próximo de acabar com a desigualdade de gênero, além de primeira nação a criar uma lei que exige a igualdade de salários entre homens e mulheres – a legislação entrou em vigor desde 2018. No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou ao Congresso Nacional, nesta semana, um projeto de lei para garantir que mulheres e homens que ocupem as mesmas funções recebam os mesmos salários.
Essa é uma medida importante, mas que precisa ser acompanhada de outras políticas e ações que garantam a igualdade de gênero no mercado de trabalho brasileiro, principalmente pelas empresas. Essas também podem exercer uma série de práticas para mitigar essas desigualdades, como a adoção de práticas mais justas em relação a diferença salarial entre homens e mulheres, alinhamento com o RH para os processos de atração e retenção de talentos femininos, a busca por mentorias e outros serviços oferecidos por empresas que visam atender esse nicho, programas de desenvolvimento, dentre outros.
E os ganhos são muitos e cada vez mais comprovados: empresas que promovem a igualdade de gênero tendem a ter um ambiente de trabalho mais positivo, um melhor desempenho financeiro e uma maior capacidade de atrair e reter talentos diversificados. Além disso, as empresas podem se beneficiar de novas perspectivas e ideias, bem como de uma força de trabalho mais engajada e motivada.
Promover a diversidade é coisa séria e perpassa por diversos grupos minoritários para além das mulheres, mas entendo que ser diverso é algo que pode começar com pequenos passos: vagas afirmativas, programa de indicação, plano de desenvolvimento profissional, além de outras iniciativas. Grandes mudanças podem começar aos poucos, afinal, realizar um processo de transformação organizacional requer estratégia e tempo.
Meu convite hoje é para analisarmos, inclusive os ganhos. Segundo uma pesquisa realizada pela Robert Half, em 2020 as mulheres ocupavam 38% dos cargos de liderança no Brasil. Embora esse número ainda seja abaixo do 50/50, já representa uma melhora significativa em relação aos anos anteriores, onde a participação feminina era infinitamente menor.
Para 2023, almejo por mais avanços de atração, retenção e ascensão de mulheres no mercado de trabalho. No fim, a diversidade não é só sobre “fazer o certo”, mas a coisa mais inteligente a ser feita.
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