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Opinião

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A vida do maestro e pianista João Carlos Martins ensina que sempre é possível mudarmos os rumos da própria história


30 de maio de 2017 - 11h59

Uma semana após a expectativa em relação à queda do presidente Michel Temer ter alcançado níveis recordes, vai prevalecendo até aqui a avaliação feita desde os primeiros momentos desta crise por analistas políticos mais experientes: presidentes não renunciam; são depostos ou substituídos — o que geralmente acontece apenas quando já há outro nome pronto para assumir a liderança da nação.

Foto: Reprodução

Ao que parece, a ausência de um mínimo de consenso sobre quem pode ser o sucessor no Palácio do Planalto dita o ritmo do processo. Candidatos são lançados nos bastidores e na imprensa como testes e ganham força ou saem de cena muito mais pela aceitação dos agentes políticos que tomarão a decisão do que pela vontade das vozes que vêm das ruas — desde que protestos como o ocorrido em Brasília na quarta-feira, 24, continuem no campo das manifestações radicais e isoladas.

Na quinta-feira, 25, novo pronunciamento de Temer demonstrou que ele ainda não jogou a toalha. O principal fiador do ainda presidente é a já citada falta de um nome forte o bastante para assumir o seu lugar e continuar tocando as reformas necessárias para o País voltar a crescer de maneira sustentável.

O dia 6 de junho, quando está previsto para começar no Supremo Tribunal Federal o julgamento para a cassação (ou não) da chapa Dilma-Temer, por abuso de poder econômico e político (leia-se: recorrer a financiamento irregular de campanha) durante a eleição presidencial de 2014, é o prazo estipulado para um primeiro balanço sobre as possibilidades de sucessão aventadas até a data.  Como não poderia deixar de ser, a crise abissal do governo Temer dominou as conversas nos primeiros dias do Marketing Network Brasil (MNB), realizado por Meio & Mensagem pela 15a vez, a sétima delas na ilha de Comandatuba, no sul da Bahia. “Estamos sofrendo as dores de parto de um novo País”, diagnosticou o presidente do Grupo Abril, Walter Longo, durante apresentação realizada na sexta-feira 26.

Um fórum já tradicional de networking para troca de ideias e experiências entre os principais empresários e executivos da indústria nacional da comunicação, o MNB ganhou contornos ainda mais estratégicos este ano, justamente por conta do conturbado e instável ambiente de negócios. No quesito inspiração, a principal lição veio da palestra proferida pelo pianista e maestro João Carlos Martins. Muitos dos episódios de superação do músico de 76 anos — que, por diversas vezes, pelas mais diferentes causas e razões, precisou reunir todas as suas forças para seguir em frente — servem como metáfora poderosa para que não desistamos do Brasil.

Ao todo, foram mais de 23 cirurgias para tentar recuperar movimentos na mão esquerda, a mais recente delas realizada em janeiro deste ano. Em outra ocasião, uma lesão cerebral causada por agressão sofrida durante um assalto em Sófia, na Bulgária, deixou-o internado por oito meses em um hospital. Com as duas mãos comprometidas, para prosseguir a carreira de músico, optou por tornar-se regente em 2004. Passou a dedicar-se intensamente a trabalhos sociais, ensinando música a jovens carentes.

Martins não é santo, e o filme sobre sua vida, com estreia programada para 3 de agosto nos cinemas nacionais, promete retratar também algumas passagens polêmicas de sua vida. A quantidade de vezes que se reergueu após ser dado como inválido para a música de alta performance, porém, é a prova cabal de que, com propósito, determinação e coragem, sempre é possível mudarmos os rumos de nossa própria história.

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