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Renascer da escuridão

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Opinião

Renascer da escuridão

Embora a mudança no calendário não seja capaz de amenizar as mazelas do mundo, a vacina é a esperança atual que aponta um futuro viável e pode, inclusive, imunizar a saúde dos negócios


12 de janeiro de 2021 - 12h53

(Crédito: Ajwad Creative/ iStock)

Para o conjunto da indústria de comunicação, marketing e mídia, 2020 foi o ano mais difícil das últimas décadas. Exigiu paciência, resiliência e coragem para superar as limitações impostas às relações pessoais e comerciais, ao trabalho, ao desenvolvimento dos negócios e ao planejamento e execução das estratégias das marcas.

Infelizmente, como muitos de nós desejamos nos pedidos de réveillon, a troca do calendário de dezembro por janeiro não é capaz de amenizar as mazelas do mundo atual. A primeira semana de 2021 já se encarregou do choque de realidade nos campos social e político, com o Brasil superando a triste marca de 200 mil vidas perdidas para a Covid-19 e o mundo perplexo com a invasão ao Congresso dos Estados Unidos, incitada pelo presidente Donald Trump, no momento que Câmara e Senado confirmavam a vitória de seu opositor Joe Biden, eleito para o próximo mandato, que começa no dia 20.

Em contraponto a tanta rudeza, a poesia nos socorre: “amanhã há de ser outro dia”. Composta em um dos momentos  mais duros da história do Brasil, a canção de Chico Buarque lembra que a água nova brota sem pedir licença mesmo em tempos de escuridão. E, neste início de 2021, a vacina é a esperança que aponta um futuro viável para a vida das pessoas e, consequentemente, da sociedade e da economia.

Embora a pretendida imunização coletiva não seja garantia de blindagem à saúde dos negócios, agora a ciência é o melhor combustível do otimismo que nos permite encarar o ano novo como um possível período de retomada. Outro ingrediente importante é a confiança que sedimenta as relações pessoais, profissionais e comerciais que conseguem sobreviver aos efeitos do tempo e às tempestades do caminho.

O especial Perspectivas, que publicamos na primeira edição semanal de 2021, se propõe a analisar as relações entre marcas e consumidores, entre agências e anunciantes e entre público e mídia, considerando a instabilidade característica do momento atual, a volatilidade incontrolável da economia e as consequências da Covid-19, como as advindas de um período vivido em maior isolamento e, por vezes, solidão.

Também apontamos temas para se prestar atenção durante o ano, que, de fato, já influenciam a gestão das empresas da indústria, mas que devem se acentuar ao longo dos próximos meses: a automação e o data-driven, o marketing multicultural, a dualidade entre o físico e o digital, o consumo como ato político e a exigência de adaptação e flexibilidade aos CMOs.

As reportagens  se complementam com uma série de nove episódios do podcast Next, Now, disponíveis nas plataformas digitais de áudio a partir de segunda-feira, dia 11, com entrevistas com executivos de grandes marcas, agências e veículos de mídia sobre temas cruciais para o desenvolvimento dos negócios em 2021 nas áreas de inovação, propósito, diversidade, growth e branding.

No âmbito das relações comerciais que sustentam o mercado, o ano começa ainda sob efeito de expectativa em relação aos desdobramentos jurídicos e políticos do processo movido pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a bonificação de volume (BV) paga pela Globo às agências de publicidade, assunto de reportagem publicada na página 24. Embora o inquérito que tramita no Cade não trate o BV como ilegal, e esteja focado no uso que a Globo faz dessa prática, são inevitáveis as preocupações e os questionamentos à sobrevivência desse pilar de remuneração das agências, especialmente das grandes, e, por conseguinte, do modelo vigente de relação comercial da publicidade brasileira.

Provando que a mudança no calendário não tem os efeitos mágicos que gostaríamos, este janeiro se mostra ainda contido em resolver questões deixadas por 2020, que, se superadas, poderão, enfim, nos clarear um novo tempo.

*Crédito da foto no topo: Reprodução

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