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Opinião

Vida longa ao UFC

Crise existencial da indústria da comunicação ocorre porque a Liga da Justiça da Faria Lima e arredores se esqueceu que o principal fator da equação é a conexão com o ser humano


24 de novembro de 2016 - 13h37

Foto: Reprodução

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A indústria da comunicação passa por uma crise generalizada, que afeta toda a indústria: agências, anunciantes, veículos, imprensa, fornecedores de produção, profissionais, e por aí vai… enfim, uma crise existencial.

E sabe por quê? Porque nos desconectamos da sociedade, da realidade das ruas, das pessoas, nos fechamos no nosso “mundinho”, acreditando que como “arautos da modernidade”, com nossos super-poderes únicos conseguiríamos ditar regras que gerariam riquezas para todos os envolvidos nessa equação não exata chamada comunicação.

Porém, a Liga da Justiça da Faria Lima e arredores se esqueceu que o principal fator desta equação chama-se ser humano, chama-se conexão, e ao distanciar-se deste fator, perdeu seu principal diferencial.

A realidade mudou, a comunicação de hoje não é mais uma via de mão única, onde há apenas um emissor e um receptor (lembra da aulinha da 2ª série primária?), mas sim uma via de mão dupla onde emissor e receptor se misturam, onde os papéis são múltiplos e simultâneos, onde interação é a mágica e a regra máxima da vida e dos negócios.

O conteúdo, que já foi chamado de rei, mas que na real (desculpem o trocadilho) é a grande massa desse bolo, é o que na prática vai dar o sabor e fazer com que a pessoa que receba esta comunicação tenha um momento de prazer e goste do que está recebendo

E nós, os ex-alquimistas dos encantos de convencimento da indústria moderna, ainda queremos seguir a mesma receitinha de bolo que é usada desde os tempos da Madison Avenue… Só que agora temos outras poções mágicas a nosso dispor, dados de todos os tipos: analíticos, preditivos, third party, simulados e uma vasta gama de modelos que possibilitam que a comunicação, independentemente do meio, desde que integrada e bem planejada, seja assertiva e gere resultados totalmente mensuráveis.

Na minha modestíssima opinião, o caminho para que isto aconteça é o UFC. Sim, o UFC: UTILIDADE, FORMA e CONTEÚDO. Nesta ordem, com caixa bem alta, para ser gritado em alto e bom som para que todos lembrem-se destas três palavrinhas básicas, integrantes de praticamente todas as teorias da comunicação humana antiga, clássica, moderna, contemporânea, futurista e whatafuckingelseyouwant.

Utilidade sempre foi, é e sempre será o princípio básico que deve nortear a comunicação. Para que serve esta comunicação? Qual o objetivo? Devemos sempre entender qual é este objetivo (na minha visão, sempre é incrementar o negócio do cliente, mas isso é assunto para outra conversa) e focar em responder a isto da maneira mais clara, direta e objetiva possível.

A forma é o momento onde criamos o encantamento, a diferenciação, mas sem nunca sobrepô-la à utilidade, já diriam os seguidores da famosa escola alemã Bauhaus, afinal, de nada adianta encantar sem entregar, sem cumprir o objetivo, não é mesmo?

Em terceiro lugar, mas não menos importante, o conteúdo, que já foi chamado de rei, mas que na real (desculpem o trocadilho) é a grande massa desse bolo, é o que na prática vai dar o sabor e fazer com que a pessoa que receba esta comunicação tenha um momento de prazer e goste do que está recebendo, do que está vendo, lendo, ouvindo, whatever, que isso acima de tudo, faça bem a ela e, se realmente isso acontecer, que ela goste da marca, compre o produto ou serviço e ainda conte isso para mais gente.

No mundo de hoje, você conta a história como sempre, mas alguém sempre poderá complementá-la, alterá-la, remodelá-la, desdizê-la, parabenizá-la e até mesmo acreditar nela e comprar o seu produto, e essa é a beleza da coisa toda.

Vida longa às conexões e à interação, ao mundo que desconhecemos, às novas descobertas e às certezas que tínhamos e não temos mais, pois o legal da vida não é ser o “arauto da modernidade”, mas sim o “fazedor da realidade”.

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