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Opinião

Você vende o quê mesmo?

Não basta apenas suar muito para se atingir um objetivo, é necessário agir, pois hoje em dia a percepção é tão valiosa quanto a razão


20 de maio de 2016 - 10h39

Um dia desses, por curiosidade, fui buscar no dicionário Houaiss a definição para o verbo “agenciar” e, para minha surpresa, a primeira definição apresentada era: “trabalhar com afinco para obter (algo)”. A origem vem do substantivo “agere”, que significa fazer.

Imediatamente comecei a refletir sobre a realidade desta definição, e me deparei com um paradoxo de teoria X prática, do quanto nossa atuação difere do que deveria ser, segundo o dicionário.

No mundo atual, mundo dos dados, do 24/7, da super exposição em redes sociais, da comunicação sem limites, esta definição é totalmente desconectada da nossa realidade. Afinal, não basta apenas suar muito para se atingir um objetivo, é necessário agir, pois hoje em dia a percepção é tão valiosa quanto a razão. Ou, por acaso, você conhece alguém que constrói a percepção sobre uma marca considerando apenas suas virtudes e pontos fortes, ignorando seus pontos fracos e o que os demais pensam e dizem desta mesma marca?

Na realidade, o mundo da comunicação em geral precisa é gastar seu tempo e esforço na busca pelo entendimento e compreensão do porquê as pessoas constroem suas percepções baseadas também nas percepções de outros, como fazem isto, o que levam em consideração e como filtram tudo o que ouvem nas sempre disponíveis redes sociais (se é que o fazem) para chegar ao seu veredito final.

Outro ponto ao qual deveríamos nos debruçar com afinco ainda maior é se devemos limitar nossa atuação, como agências e profissionais de comunicação, apenas ao ato de agenciar, ou se devemos tornar nossa contribuição mais abrangente, e ainda mais importante para as marcas com quais trabalhamos.

É inegável que nosso mercado perdeu relevância, de acordo com a percepção dos gestores de marca, e arrisco dizer que boa parte desta responsabilidade é nossa na construção desta percepção.

Afinal, fomos nós, publicitários, que passamos a percepção aos nossos clientes e parceiros de sermos fornecedores de layouts e roteiros ou meros intermediadores na compra e venda de espaços de mídia.

E a responsabilidade de construir uma nova percepção sobre nós mesmos também é totalmente nossa, de construirmos uma marca própria baseada no impacto tangível de nossas ações nos negócios das marcas para as quais trabalhamos, de evidenciar o quanto de dinheiro geramos em retorno de nossas ações.

Em um mundo até então “não-digital”, era muito prático você preparar uma campanha que transmitia uma mensagem de mão única ao público-alvo e, quando o anunciante perguntava qual seria o resultado efetivo daquela campanha nas vendas da empresa, por exemplo, respondermos furtivamente que “não poderíamos nos responsabilizar pela conversão em vendas, pois não atuamos em todo a jornada do consumidor e do produto”.

Entretanto, o mundo mudou, hoje o consumidor se informa via Buzzfeed, via Facebook, via Jornal Nacional ou via papo no boteco, e constrói sua percepção a respeito de uma marca ou produto desta forma. Precisamos nos tornar os guardiões do conhecimento sobre pessoas, para que possamos utilizar este conhecimento para gerar relações positivas e concretas com as marcas, de forma que o público-alvo tenha uma experiência única, de marca e de compra, inesquecível e que o faça querer repetí-la. E usando de todo o arsenal de ferramentas, KPIs e dados sobre o negócio para o qual atuamos e sobre a audiência, nos estabelecermos como parceiros verdadeiramente relevantes, que geram e incrementam negócios, que são capazes de entender de pessoas, como se relacionar com elas e também de como gerar lucro através deste ecossistema.

Somente com esta percepção consolidada conseguiremos atualizar também o “agenciar” no aspecto da nossa remuneração, pois como aprendi com os sábios comerciantes da 25 de março: “Não fale o seu preço antes do cliente entender o seu valor”.

Então, amigos, bóra arregaçar as mangas, abrir a lojinha logo cedo, trabalhar com todo o afinco do mundo, ser mais criativo do que nunca, encarar as oportunidades e riscos que se apresentam a nossa frente, e fazer acontecer. Vamos vender “dinheiro” aos nossos clientes para que também possamos ganhar dinheiro com nosso trabalho.

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