Pyr Marcondes
30 de novembro de 2017 - 9h33
Se não, vejamos.
Um anunciante convoca agências do mercado, passa para elas um briefing (às vezes, nem isso), solicita propostas de planejamento, mídia e criação de graça, compara entre elas e escolhe a que mais lhe agrade.
Algumas vezes esse processo todo não passa de uma farsa para amealhar algumas boas novas ideias e continuar com a agência de sempre.
Se você perguntar para os anunciantes, a esmagadora maioria vai defender esse como um processo legítimo e uma prática de mercado consagrada. Vai dizer ainda que participa quem quer e que, portanto, as agências que se submetem estão topando as regras desse jogo.
Tudo verdade.
Entre a maioria dos parlamentares brasileiros e as empreiteiras do País, a propina também tem sido, durante décadas, encarada como uma prática disseminada aceita pelo mercado.
Você leitor, pessoa inteligente, já fez a comparação na sua cabeça.
Ética não é uma questão de consenso sobre práticas, é uma questão de vergonha na cara.
Tenho, como consumidor, uma sugestão de nova prática de mercado a sugerir aos anunciantes. Quero, a partir de agora, poder provar, sem pagar, vários produtos concorrentes. Degustá-los à pândega, e depois escolher o que mais gostei, levar pra casa uns magotes, a la grande, gratuitos, pra família. No peito, na faxa.
Que tal, hein? Fechado?
Pois essa é a ótica do anunciante. Uma ótica sem ética.
Falta de ética não decorre da carência de leis, mas da pura e simples má fé.
Pelo fim das concorrências não remuneradas já! E denúncia pública dos anunciantes que insistirem.