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Conteúdo vende. Pode ser receita para publishers. Vejam a Abril.

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Conteúdo vende. Pode ser receita para publishers. Vejam a Abril.

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5 de novembro de 2016 - 19h47

Há uns quatro anos numa convenção da ANER fiz uma palestra que começava com um gráfico descendente que terminava em zero. Seria esse, em minha visão, o destino da indústria de revistas se não se reinventasse.

Fred Kachar, Presidente da entidade, após minha apresentação, retomou o microfone dizendo… “bem, depois da palestra do “Apyrcalipse” vamos ver se resta alguma saída para o nosso negócio”.

Foi uma boa piada. Todos rimos. Mas ali mesmo naquela apresentação e em pelo menos mais uma que fiz no encontro anual da entidade (achei que a ANER jamais iria me convidar para falar novamente em seus eventos depois daquela), repeti algumas das ações que eu acreditava que o setor poderia adotar para buscar novas fontes de receita. Entre elas sempre esteve usar o conteúdo como alavanca de vendas para os parceiros comerciais dos publishers e, a partir daí, estabelecer um modelo de remuneração baseado em revenue share.

Ninguém, me ouviu.

Semana passada, a maior editora do Brasil, a Abril, comandada pelo seu melhor presidente executivo em uma década (ou mais), Walter Longo, lançou mais um marketplace, o GotoShop, que permite que os leitores possam comprar online produtos que aparecem nas revistas do Grupo.

Editoras como a Abril e tantas outras fazem análises, resenhas, comentários, publicam vitrines, dão dicas, indicam editorialmente produtos aos seus leitores e internautas. Qual o crime em vende-los num ambiente isolado do editorial, mas integrado a ele?

Meses atrás a companhia lançou GoBox, o primeiro marketplace digital do Brasil criado por uma editora oferecendo produtos de empresas parceiras por meio de assinaturas.

“Não há nenhuma empresa mais bem posicionada que a Abril para oferecer esse serviço. Nossa unidade Abril Big Data tem uma base de dados de 40 milhões de consumidores a quem podemos oferecer os clubes de assinaturas. Também temos 3,4 milhões de assinantes de nossas revistas e uma estrutura completa de logística”, disse na ocasião Walter Longo a revista Exame.

Walter percebe claramente, com essas duas cartadas, que dois dos maiores assets do grupo são seus conteúdos como alavancagem de vendas e o uso de dados para otimizar negócios de parceiros. Em ambos os casos, gerando novas fontes de receita para a própria Abril.

A editora lançou ainda toda uma plataforma interativa de realidade aumentada, com direito a óculos 3D (aplicativo Blippar), lançou também seu projeto de assinaturas em bundle.

É público que a Abril, bem como boa parte dos grupos de mídia do País, enfrentam um momento crítico de rentabilidade, bem como em alguns casos de comprometimento com passivos financeiros. Para situações assim não há milagre. Há muito trabalho, mas não há qualquer dúvida de que a inovação e a busca de soluções não convencionais contribuem de forma indiscutível para a otimização de receitas. Mais um ponto para a Abril.

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