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Comunicação inbound: o que é isso?
No último estágio da comunicação digital, todas as ações serão pautadas pelo interesse do público
No último estágio da comunicação digital, todas as ações serão pautadas pelo interesse do público
22 de julho de 2015 - 3h00
(*) Por Marcio Cavalieri
Sabemos que a comunicação digital acompanha o comportamento dos consumidores, conectados e cada vez mais interativos com as marcas. É a ponta da tendência da “consumerização” e tem acelerado a digitalização dos negócios em diversos segmentos, possibilitando modelos disruptivos como o Uber, Spotify e Netflix, por exemplo. Michael Brito, no livro Your Brand, apresenta uma reflexão sobre três estágios da comunicação digital nas empresas e oferece um bom caminho de raciocínio para acompanhar essa evolução.
O primeiro é o social brand, onde a empresa estabelece brand channels e começa a interagir com seu público. No estágio 2, chamado de social business, a empresa busca o engajamento do público com seu negócio. Os conteúdos dos seus canais passam a ser orientados pelos interesses do público, por meio de ferramentas de análise e marketing de conteúdo. A mídia paga (paid media) e a mídia espontânea (earned media) passam a trabalhar para gerar tráfego para a mídia proprietária (owned ou branded Media), que é o eixo propulsor da estratégia de comunicação digital. Nesse momento, a empresa estará fazendo inbound marketing, ou seja, marketing de atração, orientado pelos interesses do seu público.
No estágio 3, podemos afirmar que a empresa conecta sua estratégia de inbound marketing com os resultados mensuráveis de negócios. Mais do que engajar o público e converter desconhecidos em seguidores da marca, busca gerar oportunidades de negócios por meio do marketing digital. Nesse nível, a empresa terá se transformado em uma inbound company, uma marca que, em tese, pauta todas as suas ações, e não apenas as de comunicação, pelos interesses do seu público, ou seja, estará fazendo uma comunicação inbound.
E, nesse cenário, qual é o papel da assessoria de imprensa? Também passa a trabalhar com os conceitos de inbound (inbound PR). Continua a atuar como promotora da marca junto a seus diversos stakeholders, mas deve “pensar inbound”, sempre selecionando os conteúdos em função dos interesses do público a cada momento. É uma diferença crucial. Embora sua ação se direcione muito ainda para a earned media, deve coordenar as ações de paid e owned media, utilizando especialistas e parceiros necessários para entregar essa proposta de valor aos seus clientes.
Isso exige que o profissional de inbound PR desenvolva novas competências em três pilares fundamentais. Um deles é a tecnologia. Com tantos dados e ferramentas disponíveis para análise e tomada de decisão, necessariamente deve aprender a incorporá-las em sua rotina. Por exemplo: ferramentas de monitoramento e analytics, conceitos de SEO e redes sociais corporativas (especialmente para projetos de comunicação interna). Na parte de processos, as competências de relacionamento e engajamento continuam primordiais. Além disso, conhecimentos de storytelling, políticas de social media e métricas são importantes. Um ponto importante é o alinhamento com o processo de vendas, uma vez que as ações de inbound marketing geram leads. Por fim, pessoas. O profissional precisa atuar entre os silos das empresas e das agências, em colaboração constante, para agregar os recursos necessários para entregar as soluções que o cliente necessita.
Tudo isso gera a necessidade de repensar a comunicação digital continuamente, assim como os negócios. E não faltam estudos que apontam isso. De acordo com o ZMOT (Zero Moment Of Truth), estudo do Google que trata do comportamento do consumidor, mais de 80% já tomaram uma decisão de compra antes mesmo de conversar com sua marca. Junte a isso a informação de que 50% das empresas que figuravam na edição da Fortune 500, em 2000, desapareceram do mapa. Com certeza, você não quer que sua empresa faça parte dessa estatística.
(*) Marcio Cavalieri é CEO da RMA Comunicação e membro do conselho da Abracom
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