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Transformação Digital além do hype
Em 2019, o desafio dos líderes de transformação é tão grande quanto o tamanho de suas empresas.
Em 2019, o desafio dos líderes de transformação é tão grande quanto o tamanho de suas empresas.
ProXXIma e Arnaldo Azevedo
17 de janeiro de 2019 - 8h00
Por Arnaldo Azevedo (*)
A transformação digital deve se tornar uma prioridade real para as empresas em 2019, pelo menos é o que aponta os dados da Gartner, que mostra que 33% das empresas em etapas de escala ou refino da maturidade digital tem essa preocupação. Soma-se a isso o aumento nos investimento mundiais em TI, que passam de US$ 3,7 trilhões para pouco mais de US$ 3,8 trilhões neste ano. Além disso, o Fórum Econômico Mundial estima que o valor econômico geral da transformação digital para empresas e sociedade atingirá US $ 100 trilhões até 2025.
Sim, a transformação digital deixa de ser uma diferenciação estratégica e passa a ser uma questão de sobrevivência em muitos mercados, mudando a maneira de como fazemos negócios.
Parte das empresas acredita que metade das suas receitas venham de canais digitais em 2020, num ecossistema de mais de 30 bilhões de dispositivos conectados à internet.
É fato que as tecnologias disruptivas mudarão todas as industrias, mais cedo ou mais tarde. Mas o grande questionamento é se as empresas realmente conseguirão sucesso nessa jornada.
Ainda que os números da Gartner e do Fórum Econômico Mundial sejam superlativos e algumas companhias já medem os primeiros OKRs, aprendizados de suas iniciativas, 2019 será também o ano em que os líderes de transformação de outras tantas organizações terão um trabalho árduo pela frente. O mercado ainda busca uma definição mais permanente sobre o que é transformação digital. Este, inclusive, é um dos percalços dentro das organizações: falta de entendimento sobre o que significa a sua própria transformação. As métricas são outras, os processos são diferentes e, essencialmente, o mindset mudou. Nem todo mundo está pronto.
Há quem olhe para a estratégia digital da companha para usar a tecnologia para melhorar seu modelo de negócios existente, mas isso é otimização digital, ou então, usar a tecnologia para criar um novo modelo de negócio ou novos serviços públicos que de outra forma não existiriam sem essas tecnologias, isso está mais próximo de uma transformação de negócios.
Líderes de transformação de empresas cujos processos “sempre funcionaram” e que atuam em mercados muito regulados acompanham isso de perto. Contudo, empresas tradicionais também podem e devem liderar a transformação digital. As grandes companhias continuam a ser o principal motor de inovação de produtos e serviços. É uma vantagem estratégica e tanto. Isso acontecerá com mais intensidade quando internamente houver o entendimento de estruturar suas áreas de inovação e transformação independentes da área de marketing ou do time do T.I, além de aplicar uma visão estratégica, não se contentando em considerar que transformação é simplesmente usar tecnologias disruptivas como blockchain, IoT, machine learning, inteligência artificial, 5G.
A transformação digital é essencialmente uma mudança de cultura da companhia como um todo e deve ter o CEO como avalista. Se as organizações não incorporarem os pilares fundamentais da transformação digital, elas serão destinadas a ter apenas uma coleção de projetos digitais. Muito legal, mas pouco eficiente no longo prazo.
Estão mais próximas de colher resultados irrisórios aquelas companhias que acreditarem que este processo envolva colocar a tecnologia antes da estratégia, ignorar o legado existente, não ter empatia com seu consumidor, se colocando no seu lugar e entendo o que ele precisa – mesmo nos mercados B2B – , não adotar OKRs como indicadores, não entender que erros fazem parte da jornada e demorar muito para aprender com o fracasso.
A competição na era digital exige um olhar diferente: considerar os clientes mais como redes conectadas do que como indivíduos isolados, aprender a enfrentar concorrentes assimétricos como as empresas de saúde, que começam ver as big techs tomando seu terreno ou as agência sendo vencidas pelas consultorias, converter a superoferta de dados em ativos realmente estratégicos, saindo das unidades de inteligência de mercado e ajudando a tomada de decisão e aproveitar o fato das tecnologias digitais tornarem rápido fácil e barato o teste de ideias, validando novas hipóteses de forma rápida e interativa. Transformação são aprendizados, que se transformam em hipóteses, que viram conhecimento, que trazem resultados.
Finalmente, comento muitas vezes sobre o quanto não aprendemos com as jornadas dos outros no espaço digital. Para ter sucesso, os líderes digitais devem compartilhar suas lições aprendidas e aprender com os outros. É certamente uma era repleta de grandes oportunidades e vastos desafios, mas ao reunir nosso conhecimento, acredito que 2019 será o melhor ano para os esforços de mudança, transformação e modernização digital. Vamos esperar que em grande parte abordemos a maioria das questões acima para 2020.
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