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A Agência Click sumiu. Isso é bom para a indústria? Por Pyr Marcondes
A mais destacada agência digital do País deixa de existir e cede lugar a um novo momento da indústria
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27 de junho de 2014 - 5h07
POR PYR MARCONDES
pmarcondes@grupomm.com.br
A Agência Click desapareceu porque o futuro anda para a frente. End of the story. Ou seria melhor… end of the history.
A Agência Click escreveu a página mais memorável da história das agências digitais no Brasil. Começou antes de todas, adotou o lema de que vivia para construir a sua própria obsolescência e acaba de provar isso, na prática, sumindo.
A Click nasceu Midialog em 1992, pelas mãos do Pedro Cabral, um baiano porreta, engenheiro de sistemas por formação. Produzia sistemas de automação para processos de gestão empresarial.
Tinha então como sócios investidores Rodrigo Sá Menezes, um fanático e experto em tecnologia, e seu sócio, Haroldo Cardoso, ambos donos da Propeg, uma das maiores agências do Brasil. O IBOPE investiu também.
A Midialog enveredou pela produção de sistemas multimídia, ainda na época dos CD-ROMs e, em 1999, após a dissolução da composição acionária inicial, recebeu aporte do grupo de investimentos NG9/Opportunity (Nizan + Opportunity) e um aporte adicional sem preço: Abel Reis.
A empresa passou a se chamar MidiaClick.
Abel, um carioca formado em Informática pela Puc-RJ, juntamente com Pedro, deram novos rumos ao negócio e, sem nunca deixar de lado o domínio tecnológico que os diferenciaria até hoje, montaram “a maior empresa de internet no Brasil”. Como não havia mais nenhuma, era verdade.
Na sociedade, havia ainda Ana Maria Nubié, uma administradora por formação e profissional de planejamento/atendimento, além de PJ Pereira, bom, o PJ. Sem sombras próximas, o maior criativo digital nascido no Brasil.
Em 2007, a Agência Click foi comprada pelo Grupo Isobar.
A Click continuou sendo a maior e mais destacada agência digital brasileira até esta semana, mesmo que agora e nos últimos 15 anos, com muitas outras mais competindo no mercado.
Ganhou, como todos sabemos, ainda quando o PJ andava por lá, o primeiro Grand Prix de Cyber para o Brasil no Festival de Cannes, mas muito mais do que isso, ajudou a criar cultura de comunicação digital no mercado brasileiro, certamente, como nenhuma outra.
Por ela passaram alguns dos grandes nomes da indústria digital do País, uma escola prática na qualificação do virtual.
Enfim, nem precisamos ir muito adiante, porque afinal, a história da Click é pública. E notória.
O que talvez caiba registrar é o emblema do seu desaparecimento. E o seu significado.
A Agência Click não cabia mais dentro de si mesma. Nem agência era mais. Quer dizer, não aquela, de 1999.
A Click se transformou pioneiramente num centro de inovação a serviço das marcas. Agenciar mídia ajudou muito e ajuda ainda o caixa da empresa, mas nunca foi seu principal centro de receitas e é possível que, num futuro nem tão distante assim, talvez vire zero, no bottom line.
Isso é a história passando e nos transformando. A (agora) Isobar, deve caminhar para virar uma consultoria. Ela e toda a torcida do Corinthians. Todas as agências vão virar, de algum jeito, consultorias. O mérito da (ex) Click está em ter sido pioneira e melhor em tudo o que fez antes. Inclusive em morrer.
Isobar, do conglomerado DAN, não é um grupo padrãozão.
Papai/mamãe. E a (ex) Click é sua joia da coroa. Não por acaso, o Abel assumiu os cargos nacionais e internacionais que acabou de assumir. E também não por acaso, o Pedro segue sendo, de alguma forma, parceiro de futuro do Grupo, com seu fundo Evolution, que investe em empresas que tenham no DNA inovação e conta entre seus sócios o conglomerado que o comprou.
Não há mais lugar no mundo de hoje para Agências Clicks. Esse mundo, de agenciar, estará à cargo de robôs. Nem clicar a gente vai clicar mais, um dia. Nossos dedos cederão lugar à voz e ao gesto remoto e a Agência que agenciava Clicks terá virado uma página brilhante da nossa história.
A Click sumiu. O futuro, nem começou.
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