Victória Navarro
26 de julho de 2021 - 6h00
Neste 2021, a Qintess, empresa com foco em promover a transformação digital, lançou o Anansi Collective, plataforma que visa ajudar o segmento corporativo a envolver clientes finais de maneira imersiva, por meio de tecnologias emergentes, bem como via narrativas e design desenvolvidos por estúdios de games e produtoras experiência, com foco em storytelling e realidade estendida. No momento, o Anansi Colletive seleciona parceiros que desejam atuar no desenvolvimento do setor games, no Brasil, através de avanços tecnológicos que envolvem jogos e animações. Segundo Gilberto Caparica, vice-presidente de práticas estratégicas e head da QTEX Qintess Total Experience, que objetiva fornecer serviços e tecnologias taylor-made para múltiplas jornadas da transformação digital, “a estratégia de game deve fazer parte de algo muito mais amplo, que considera a jornada e a experiência do consumidor, além de ter claras as características do seu público-alvo. Um estudo profundo dos gamers, um monitoramento de marca nos principais fóruns de discussão das redes sociais do universo geek e um perfil claro do comprador são alguns dos passos que devem determinar a ida para os jogos eletrônicos”. Com exclusividade ao Meio & Mensagem, o executivo explica como a capacitação de tecnologia da informação ajuda a suportar os clientes na jornada em direção a um crescimento sustentável do negócio e por que o movimento ESG — conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança — é tendência entre as marcas.
Gilberto Caparica, vice-presidente de práticas estratégicas e head da QTEX Qintess Total Experience (crédito: divulgação)
Meio & Mensagem – A Qintess lançou o Anansi Collective, plataforma para ajudar o segmento corporativo a envolver clientes finais de maneira imersiva por meio de tecnologias emergentes, narrativas com storytelling e design desenvolvidas por estúdios de games e produtoras de experiências de realidade estendida. Qual é o papel da gamificação no desenvolvimento de percepção de marca?
Gilberto Caparica – No último ano, diversas marcas, como O Boticário, McDonalds, Samsung e Fanta, apostaram e investiram pesado em iniciativas voltadas para os jogos eletrônicos. O Anansi Collective nasce em meio a esse movimento, buscando dar oportunidades e visibilidade para estúdios de games e produtoras, mas também com o objetivo de gerar valor para as empresas, complementando a nossa oferta de digital experience e levando aos clientes uma experiência completamente nova. A pandemia obrigou as pessoas a ficarem em casa e isso fez com o consumo de jogos crescesse em velocidade turbo. Segundo dados da Consultoria Newzoo, o setor de games cresceu 20% e movimentou US$ 165,9 bilhões, mundialmente, ou 60% a mais que o volume das indústrias de cinema e música juntas; e a Pesquisa Game Brasil revelou que 73,4% dos brasileiros jogam. As marcas estão buscando esse público, que é altamente engajado.
M&M – Como atrelar as estratégias de games às de marketing digital?
Gilberto – A estratégia de game deve fazer parte de algo muito mais amplo, que considera a jornada e experiência do consumidor, além de ter claras as características do seu público-alvo. Um estudo profundo dos gamers, um monitoramento de marca nos principais fóruns de discussão das redes sociais do universo geek e um perfil claro do comprador são alguns dos passos que devem determinar a ida para os jogos eletrônicos. Além disso, é preciso traçar a estratégia correta e definir o melhor caminho de impacto. Hoje, é possível usar a realidade imersiva e os jogos na área de publicidade, no e-commerce, em aplicativos, ter jogos completamente personalizados ou ainda fazer conexões com a vida real. O caso mais recente e emblemático é o do McDonald’s, em jogos como Minecraft e The Sims 4, no qual os jogadores podem encontrar um cupom com um QR Code, que, ao ser escaneado, os direciona para o McDelivery. Outro exemplo é o da Samsung que, em 2018, apostou em uma parceria com os desenvolvedores do Free Fire, um dos jogos mais baixados para Android na época, no qual quem comprasse um smartphone da marca, ganharia uma jaqueta exclusiva no jogo.
M&M – Qual é a importância da inovação e da agilidade na tomada de decisão das marcas?
Gilberto – Estamos vivendo uma série de transformações nos modelos de consumo. Temos, hoje, mais de 87% das pessoas com um smartphone nas mãos, além da chegada do 5G. Agora, após todo esse tempo em casa, a afinidade das pessoas com os meios digitais aumentou ainda mais, levando as marcas a aprimorarem seus mecanismos de relacionamento com adoção da inteligência artificial e a abordagem multicanal para atender as necessidades do consumidor. Mas, não para por aí. Um estudo da Euromomonitor Internacional, do ano passado, aponta que 44% dos consumidores receberiam, tranquilamente, uma entrega realizada por um drone ou robô. Portanto, as marcas precisam se adaptar a essa nova dinâmica. E, se consideramos que toda essa digitalização e interatividade entre as marcas e seus clientes geram dados que se bem coletados e interpretados podem levar a melhora de produtividade, a identificação de gargalos e ao desenvolvimento de produtos mais assertivos, vamos entender que a análise de informações é essencial para complementar esse ciclo de digitalização. Por aqui, temos estudado a fundo os processos de negócios de empresas de diferentes setores como varejo, seguros e financeiro, para entregar soluções de ponta a ponta, capazes de serem inovadoras e, ao mesmo tempo, promoverem uma experiência digital com retorno efetivo, geração de insights para novas tomadas de decisão e visão analítica. Estamos lançando uma nova iniciativa agora, a QTEX Qintess Total Experience powered by GH Brandtech. De uma forma inovadora, unimos inteligência de dados e design a uma nova abordagem do marketing, para garantir crescimento acelerado, tomada de decisões assertivas e geração de lucros para negócio.
M&M – Como a capacitação de tecnologia da informação ajuda a suportar os clientes na jornada em direção a um crescimento sustentável do negócio?
Gilberto – Dados da Brasscom estimam que o mercado de tecnologia da informação e da comunicação demandará 420 mil profissionais, entre 2018 e 2024. Isso significa que cerca de 70 mil profissionais serão demandados ao ano, até 2024. Esses números despertam para a necessidade de formação de mão de obra qualificada, no curtíssimo prazo. As universidades ou cursos técnicos não possuem estrutura para atender a essa demanda. Hoje, o Brasil forma cerca de 46 mil pessoas com perfil tecnológico por ano, com relativo descasamento geográfico entre oferta e demanda por esses profissionais. Capacitar pessoas já não é mais uma opção, é uma necessidade latente. Tanto para atender as necessidades do curto prazo, por conta da aceleração dos processos de digitalização e do surgimento de novas tecnologias e perfis, quanto do ponto de vista da inclusão, já que a formação dá às empresas a oportunidade de treinar pessoas em situação de vulnerabilidade, além de permitir a inserção de mais mulheres, negros e LGBTQI+ no mercado de trabalho.
M&M – ESG tem ganhado protagonismo nas estratégias dos anunciantes. Por que esse movimento é uma tendência?
Gilberto – Estudos recentes mostram que a sustentabilidade está mais inserida nas decisões de compra e que vem crescendo o número de pessoas dispostas a pagarem mais por um produto eco-fiendly ou cuja marca tenha ações claras voltadas para as práticas ESG. O mesmo estudo da Euromonitor que citei aqui antes ressalta que as pessoas ficaram mais atentas às ações das empresas, durante o isolamento em função da Covid-19, quando o ativismo de marca ganhou um novo significado. Em 2020, por exemplo, 73% dos profissionais viam nas ações de sustentabilidade elementos essenciais para o sucesso dos negócios e 29% dos consumidores estavam envolvidos em movimentos políticos ou sociais. Essa tendência de maior compromisso vai ajudar as marcas a se consolidarem junto ao público mais consciente e também beneficiar a sociedade como um todo. Além disso, ESG passou a ser um tema vital para as empresas de capital aberto, pois refletem o quanto estão preparadas para lidar com crises e impactos socioambientais. Dados da KPMG mostram que empresas com boas práticas ESG perderam menos durante a pandemia, por exemplo. A entrada de investidores mais jovens na bolsa também faz com que o tema ganhe ainda mais relevância, já que comprovadamente, as gerações mais jovens costumam ter maior engajamento com investimentos sustentáveis.
*Crédito da imagem no topo: Irina Devaeva/iStock