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Direto do SXSW: Edward Snowden, constituição e liberdade

Ex-agente da NSA protagoniza painel mais disputado do SXSW que definitivamente elege a privacidade como seu principal tema


11 de março de 2014 - 11h04

POR REGINA AUGUSTO, de Austin
Do Meio & Mensagem

Com a imagem da Constituição norte-americana como pano de fundo e a estátua da Liberdade como avatar no canto inferior direito da enorme tela que transmitia a conversa virtual de Edward Snowden no SXSW, o evento definitivamente colocou a privacidade como a grande questão desta edição de 2014. Na primeira entrevista do “homem mais procurado do mundo”, hoje exilado na Rússia, após ter protagonizado, no ano passado, as revelações de documentos e ações da Agência de Inteligência Americana (NSA), da qual é ex-agente, ele discutiu a abrangência e o impacto dos vazamentos que protagonizou. A conversa foi moderada por dois diretores da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), Christopher Soghoian e Ben Wizner.

Diferentemente da conversa virtual com Julian Assange, do WikiLeaks, dois dias antes, que foi feita via Skype, o papo com Snowden foi via Google+, mas apesar de todos os cuidados da organização, a transmissão estava bastante prejudicada e com muito delay. Bastante aplaudido nas três grandes salas do evento que estavam transmitindo ao vivo a conversa virtual, Snowden foi enfático ao dizer que indivíduos e empresas necessitam usar encriptação em todas as suas comunicações. “A NSA está incendiando o futuro da internet. Empresas como o Google não estão interessados em encriptação porque isso arruinaria o modelo de negócios delas”, afirmou ao se referir aos altos custos de ferramentas de encriptação.

Simultaneamente ao painel que trazia a conversa virtual com o ex-agente da NSA, outra sala do SXSW recebia Tim Berners-Lee. No entanto, o criador da World Wide Web enviou uma mensagem ao debate agradecendo Snowden por suas ações que tiveram forte impacto na defesa dos direitos civis e lançou a provocativa pergunta: se tivesse que desenvolver um sistema do zero como ele desenharia a web hoje? Snowden respondeu que seriam necessários fiscalizadores. “Alguém que vigiasse o Congresso. Se não formos informados, não podemos consentir com esse tipo de prática de monitoramento em massa”.

Ao responder a uma pergunta da plateia que questionava a diferença entre o monitoramento dos dados das pessoas por parte do governo daquele feito pelas empresas, o ex-agente de inteligência dos Estados Unidos explicou que “muitas das ferramentas que usamos hoje são de empresas de publicidade. Elas foram feitas para facilitar a abertura de dados por terceiros”, disse. E acrescentou: “Todo cidadão tem algo a perder com a interferência do Estado ou de empresas nas comunicações privadas”.

No final da conversa e visivelmente emocionado, Snowden deixou uma última mensagem bastante forte refletindo sobre todo o impacto das revelações que protagonizou: “Eu fiz um juramento para apoiar e defender a Constituição americana, e eu a vi sendo violada em uma escala massiva. O resultado disso é que temos hoje um mundo mais seguro. Apesar do que está acontecendo comigo, isso é algo que todos tinham o direito de saber”.

*A jornalista viajou a convite da Giovanni Draft+FCB.

 

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