Projeto quer conectar portadores de deficiência física a empresas

25 de novembro de 2013 - 11h55

POR ARTHUR QUEZADA
aquezada@grupomm.com.br

Muito mais do que um ambiente para negócios, comunicação das marcas ou relacionamentos pessoais, as plataformas digitais podem realmente ser palco de estratégias que busquem potencializar ações sociais. No Brasil, inúmeras associações procuram na internet uma maneira de angariar fundos ou apoio a suas causas. Mas mesmo com a força da conectividade, esta busca muitas vezes não nem sempre é efetiva.

Porém, dentre todas estas causas presentes na internet, um projeto da Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência) parece ter encontrado um mecanismo ideal para otimizar sua principal meta: a inclusão profissional.

Com base em dados do IBGE que apontam que mais de 46 milhões de pessoas no País têm algum tipo de deficiência, o desejo da instituição sempre foi conectar essas pessoas às inúmeras organizações brasileiras de apoio e milhares de empresas que precisam cumprir a Lei de Cotas – que prevê que toda empresa com 100 ou mais funcionários deve destinar de 2% a 5% dos postos de trabalho a pessoas com alguma deficiência.

Com este desafio em mente, a consultoria de branding IK Ideas foi contratada pela instituição para desenvolver um trabalho digital. Nesta busca, surgiu a campanha intitulada “Deficiência é Não Fazer Nada” e, a partir deste conceito, estrou em agosto deste ano o Mapa (Movimento Avape pela Ação – www.avape.org.br/mapa/), uma plataforma digital colaborativa que busca mapear todos os portadores de deficiência física do País, com ajuda dos outros 154 milhões de brasileiros.

“O projeto tem como principal objetivo ajudar essas pessoas. Muitas vezes quem quer ajudar não sabe como fazer e, com o Mapa, elas conseguirão ajudar sem ter muito trabalho. Criamos uma ponte para as pessoas com necessidade e a sociedade como um todo”, diz André Verbiz, gerente de comunicação e marketing da Avape.

O projeto
Financeiramente, o projeto é fruto da última parte de um financiamento feito pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) à Avape, no intuito de expandir a instituição para diversos estados brasileiros. Além disso, toda campanha e a plataforma digital são resultado de uma parceria firmada entre a IK Ideas, a agência The Heart Corporation e a agência Trama.

Na prática, como o próprio nome já sugere, o Mapa visa a localizar e reunir pessoas com deficiência em todo o País por meio de cadastramento online. No aplicativo, localizado dentro do site da Avape, é possível traçar um panorama geral atualizado sobre estas pessoas, que muitas vezes não têm acesso, nem oportunidades de socialização.

Este cadastro pode ser feito por qualquer deficiente físico, ou por qualquer pessoa que conheça um portador de deficiência. “O projeto possibilita que não só as pessoas com deficiência podem receber apoio, reabilitação, valorização e capacitação profissional, mas também as companhias, voluntários e outras organizações possam encontrar essas pessoas”, comenta Irene Knoth, fundadora da IK Ideas.

A ideia da Avape é a partir da coleta dos dados via plataforma, promover a integração de pessoas deficientes e empresas, aumentando as chances de empregabilidade e a inclusão social nas 16 cidades em que a associação está presente no Brasil.

Próximos passos
Com a plataforma digital pronta, a Avape iniciou um processo de expansão e conscientização realizando eventos por todas as cidades em que a Instituição possui parcerias. Porém, Irene considera que esse processo será longo e de muito trabalho, já que o Mapa possui até agora apenas 132 cadastros. “Nós não temos uma meta para número de cadastros. Nós sabemos que o brasileiro institivamente possui esse desejo de ajudar, e nós não estamos pedindo doações ou dinheiro, o que nós queremos é divulgar o projeto e mostrar que a simplicidade de se fazer um cadastro é enorme se comparado ao bem que isso pode fazer”, comenta.

Outra ideia do projeto é conquistar apoiadores. Para isso, a Avape projeta diversas parcerias tanto com marcas como com personalidades que queiram financiar ou apadrinha o projeto. Além disso, a Instituição aposta agora em campanhas para engajar as pessoas a fazerem seus cadastros. Estas ações também estão sendo veiculadas via canais digitais, como YouTube e redes sociais.

Para Irene, as marcas brasileiras também devem começar a apoiar projetos como este, assim como acontece no exterior. “Não é comparando, mas lá fora nós já vemos diversos casos de marcas que apoiam ações sociais de forma contínua. Seria ideal trazer uma marca madrinha para o nosso lado neste projeto, e vamos batalhar para isso”, enfatiza Irene.