17 de outubro de 2013 - 11h24
Por ARTHUR QUEZADA
aquezada@grupomm.com.br
Com 5 milhões de usuários no Brasil e mais de 50 milhões no mundo, o Waze – aplicativo que utiliza a colaboração dos próprios usuários para apontar a melhor rota de trânsito aos motoristas – aponta o País como uma das prioridades para os próximos anos. Em entrevista exclusiva à ProXXIma, o israelense Samuel Keret, vice-presidente de business development do Waze, revelou quais são as estratégias da plataforma no mercado da América Latina. A empresa firmou acordo com a IMS Corporation para buscar parceiras com anunciantes e agências no Brasil.
Keret falou sobre diversos temas, como relacionamento com o Google, formatos de anúncios e rentabilização da plataforma. No Brasil, a empresa já realiza trabalhos com 15 marcas, e com algumas das principais agências, como Pereira & O´Dell e AgênciaClick Isobar.
Dentre os anunciantes, a Fiat – primeira montadora a se associar ao Waze – foi destacada por Keret. A empresa apostou em uma campanha de conteúdo exclusivo para os usuários da plataforma que dava dicas de lugares onde os motoristas poderiam relaxar para escapar do estresse do trânsito. Como resultado, a companhia conquistou mais de 14 mil impressões, 30 mil cliques na funcionalidade e três mil usuários que seguiram as sugestões. “A parceria com a Fiat, assim como outras feitas aqui, revela exatamente o que o Waze está buscando no país. Estamos procurando de parceiros e novos negócios, com boas ideias”, decretou Keret.
Confira abaixo a íntegra da entrevista exclusiva com o vice-presidente de business development do Waze.
Brasil e Waze
“Nós estamos aqui porque o Brasil é um País de suma importância para o mercado global de aplicativos. E, principalmente, para nós. Toda América Latina chama atenção, mas o Brasil é um mercado que cresceu muito rápido nos últimos dois anos. Nós chegamos aqui um pouco tarde, e ainda assim estamos crescendo muito rápido. Com isso, o País pode ser considerado o lugar que o Waze mais cresceu de maneira mais rápida e consistente. Depois dos EUA, o Brasil é hoje nossa maior prioridade. Nós queremos trabalhar com as agências de publicidade e queremos conquistar os anunciantes. Estamos abertos para negócios. Nós não vamos abrir um escritório do Brasil, mas o País é estrategicamente importante para nós.”
Publicidade canarinha
“Eu não era familiarizado com o mercado publicitário no Brasil, mas fiquei impressionado com a adoção do conceito de inovação pelos anunciantes daqui. Nós sabemos que as campanhas brasileiras e as agências ganham vários prêmios pelo mundo e vemos uma grande oportunidade de trabalhar em conjunto com esse tipo de criatividade. Precisamos ter um entendimento que o Waze é um produto novo e, desta forma, as empresas precisam ser pacientes conosco para caminharmos juntos, encontrando formatos publicitários ideais. Aqui no Brasil, nós estamos encontrando grandes parceiros.”
Diferenças com outros mercados
“Comparando com a Europa, vejo as agências do Brasil mais proativas. Elas não esperam nós fazermos o primeiro contato. O Brasil não é tão conservador, principalmente nesta parte publicitária. A maioria das ideias para campanhas vem de agências, enquanto na Europa ou em outros mercados poucas ideias surgem dos criativos. E nós queremos firmar parcerias estratégias com as agências. Esse comportamento é fantástico porque nossos anúncios precisam ser criativos e bem pensados. No Brasil, encontramos isso.”
Formatos de publicidade
“Quando você faz publicidade em TV é tudo sobre a marca, sobre o produto. Alguns outros tipos de publicidade são baseados em performance e vendas. Mas quando você faz anúncios para o Waze é preciso integrar a publicidade tradicional com formatos criativos. O Waze é uma plataforma que permite diversas possibilidades para as marcas. Não apenas como mídia, mas sim para se obter informações cruciais dos usuários, como localização, dados e comportamento. Por isso, na plataforma nós buscamos anúncios que realmente sejam relevantes para os usuários. Não somos mídia, somos um canal de relacionamento.”
A receita do Waze
“Nossa receita é oriunda somente da publicidade. Nossos próximos passos são conquistar anunciantes. Publicidade é a chave para o nosso sucesso. Nós não acreditamos e não vamos cobrar dos usuários para que eles utilizem o Waze. Inicialmente tentamos vender mapas, mas não fazemos isso hoje em dia. Em 2009, nosso CEO e fundadores se comprometeram a não cobrar dos usuários qualquer taxa para a utilização do aplicativo. O Waze é legal por isso. Existem outras maneiras de rentabilizar.”
Brasileiros no Waze
“O crescimento do Waze no Brasil é impressionante e único. Em um ano nós temos cinco milhões de usuários aqui. O comportamento do brasileiro é engajado, como somos uma plataforma de crowdsourcing, esse comportamento é excelente. E o melhor disso tudo é que estamos começando virar febre no País, ainda há muito espaço para crescer.”
Relação com o Google
“Sinceramente, desde que foi anunciada a venda do Waze para o Google, nada mudou. As operações são completamente separadas. Mas em termos de desenvolvimento tecnológico nós ainda temos um longo caminho para percorrer juntos. O Google quer manter o DNA inicial do Waze, portanto não haverá uma junção. Portanto, para a maioria dos empregados do Waze nada mudou. Eles ainda estão trabalhando no mesmo lugar, se reportando para a mesma pessoa, exercendo a mesma função. Nós não usamos a marca Google, não levantamos a bandeira deles. Não há uma conexão.”
Waze como um buscador
“Eu não acredito nisso. As pessoas não entram no carro sem um destino definido, elas podem buscar isso em outras plataformas, como o Google, Foursquare ou Yelp. Nós somos um facilitador de caminhos para atingir o ponto de interesse. Nós somos um navegador. Mas talvez em termos de informações como preço da gasolina ou rotas alternativas somos a melhor opção. Talvez no futuro nós também sejamos capazes de indicar estacionamentos e vagas. Nós temos que manter o foco nos interesses do motorista, somente quando ele está no carro.
Na verdade quando o motorista sai do carro, nós imploramos para ele para fechar o Waze. Porque o app será inútil para ele fora do carro e acaba prejudicando nosso sistema de informações, já que o usuário não está mais com seu veículo na rua.”