O novo ano da indústria de venture capital

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Opinião

O novo ano da indústria de venture capital

O que podemos esperar da indústria de venture capital em 2023? Nunca desperdice uma boa crise

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6 de janeiro de 2023 - 11h31

É seguro investir em ativos digitais?

Crédito: Shutterstock

Entre 2020 e 2021, a indústria de venture capital, impulsionada pela transformação tecnológica provocada pela pandemia, viveu momentos de abundância, tanto no número de investimentos, quanto nos valores investidos em startups. No Brasil, esse movimento não foi diferente. O capital para inovação teve anos seguidos de recordes batidos, o que foi, obviamente, benéfico para as startups.

Entretanto, todo este capital provocou um aumento nas avaliações das empresas de tecnologia, em todo o mundo. Por este motivo, esse período foi de alto risco para os fundos de venture capital, cujo retorno depende da diferença entre o valor investido e o recebido em um momento de saída.

Com a alta da inflação e dos juros, aliada à eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia, a indústria de venture capital em 2022 passou por um ano de ajustes que devem beneficiar o ecossistema, a longo prazo. Afinal, apesar do volume financeiro dos investimentos ter diminuído, os fundos de venture capital estão tendo a oportunidade de reavaliar, não apenas o valor de suas investidas, mas também as teses e modelos de negócio que devem construir o seu portfólio dos próximos anos.

Esta análise mais aprofundada sobre estratégias de investimento por parte dos fundos de venture capital gerou uma série de consequências na cadeia da indústria, principalmente do lado das startups. As empresas que estavam operando com base em um modelo de alta queima de caixa perceberam que enfrentarão dificuldades para levantar as próximas rodadas de investimento e ajustaram a rota estratégica, mirando no aumento do foco em produtos com margens melhores, além da redução de custos e do tamanho da força de trabalho.

No ano de 2023, as empresas precisarão ter um olhar ainda mais cauteloso para os aspectos financeiros e as suas possíveis estratégias de crescimento, focando em estratégias que tragam resultados financeiros e estratégicos mais imediatos. Isso porque, apesar da indústria de venture capital estar altamente capitalizada, o alvo do investidores são as oportunidades de investimentos com indícios que remontam ao básico do venture capital: um produto que solucione um problema, com possibilidade de escala em um grande mercado e que seja desenvolvida por um time que tenha as habilidades necessárias para uma excelente execução.

Parece que caminhamos para um 2023 mais austero e rigoroso com relação a investimentos em startups com modelos de negócio que queimam muito caixa, mas é fato que a indústria de venture capital não vai parar de investir. Até porque, historicamente, as empresas criadas durante ou, logo após uma crise, se preocupam com problemas mais “reais”, com gestão e soluções mais eficientes – exatamente o que os investidores querem: startups engajadas na missão de resolver grandes ineficiências que melhorem a vida das pessoas, pois é assim que o investidor aumenta as chances de resultados financeiros exponenciais.

São essas startups, e suas teses, que têm a capacidade de mudar o mundo como o conhecemos, o que chamamos de inovações de impacto, e é o que o ano pede: investimentos em startups disruptivas, aquelas que percebem que não concorrem com as outras e sim com elas próprias, ou seja, são apaixonadas pela resolução mais eficiente do problema e não pela solução que elas desenvolveram, ou seja, pelo produto em si.

Com relação às empresas mais estabelecidas, o alto custo de capex e de capital, certamente fará com que os estudos financeiros tenham um papel ainda mais relevante nas estratégias de crescimento, especialmente aquelas que exigem um período grande de investimento, o que pode favorecer as estratégias de fusões e aquisições. Em qualquer caso, em 2023, as empresas precisam ter um olhar ainda mais cauteloso para os aspectos financeiros e as suas possíveis estratégias de crescimento.

Em resumo, o ano que vem deve exigir cautela, mas, ao mesmo tempo, pode trazer oportunidades bem interessantes para aqueles que conseguirem agir com eficiência e rapidez para acompanhar as mudanças de mercado que devemos enfrentar, especialmente no Brasil. Sabemos que a inovação tem como grande inimiga a inflação, os altos juros, e 2023, infelizmente, indica que será bastante desafiador neste sentido.

Se prepare para o pior, mas esteja pronto para as oportunidades que 2023 pode trazer e, como dizia Winston Churchill: “nunca desperdice uma boa crise”.

Feliz ano novo para todos!

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