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Shane Parrish: o impacto da IA e como tomar boas decisões

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Shane Parrish: o impacto da IA e como tomar boas decisões

Autor do livro Clear Thinking defende uma limpeza nos feed das redes sociais e um uso reflexivo da inteligência artificial

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3 de junho de 2025 - 8h27

Shane Parrish trabalhava como especialista de segurança cibernética em uma agência de inteligência do Canadá quando os atentados de 11 de setembro mudaram a dinâmica do seu trabalho e exigiram que toda a equipe assumisse novas responsabilidades.

Shane Parrish

Shane Parrish: “Se você pensar em tomada de decisão, a fonte de todas as más decisões são os pontos cegos. E a IA pode nos ajudar a ver o que não podemos ver” (Crédito: Reprodução)

A necessidade de lidar com informações complexas, identificar padrões e sustentar a pressão, enquanto mantinha o sigilo e tomava decisões em um contexto de incerteza fez com que ele buscasse ferramentas e modelos mentais que pudessem o ajudar nesse processo.

Aos poucos, a necessidade pessoal se tornou um processo compartilhado no Farnam Street, um blog anônimo em que ele sintetizava e organizava suas ideias sobre como melhorar o processo de pensamento e tomada de decisão. O conteúdo do blog cresceu em público, e Parrish – ainda anônimo – foi alçado a guru de Wall Street.

Em 2015, ele deixou seu cargo no governo canadense e passou a se dedicar integralmente à Farnam Street. Posteriormente, sua identidade foi revelada pelo The New York Times. De lá para cá, ele escreveu o best-seller Clear Thinking, somou 750 mil leitores na sua newsletter semanal e fundou uma empresa de investimentos, a Syrus Partners.

Proteja o seu feed

Em um contexto de saturação, em que o número de dados e canais disponíveis aumenta exponencialmente, Parrish defende que é preciso cuidar do conteúdo consumido. “Acho que há um número esmagador de informações chegando até nós, cada vez mais. E, se você não sabe no que prestar atenção, é fácil ficar paralisado ou atolado com informações irrelevantes ou prestar atenção a sinais errôneos ao tomar decisões. Parte do que temos que fazer para ter clareza é proteger nosso feed”, descreve

Segundo o autor, nossas decisões são influenciadas pelas informações a que temos acesso, sejam elas verdadeiras ou não. Nesse sentido, seria preciso olhar cuidadosamente e fazer uma limpeza intencional nas fontes disponíveis no feed das redes sociais e em outras plataformas que acessamos.

“Você não deixaria estranhos aleatórios baterem na sua porta e consumirem todo esse tempo. Mas fazemos isso online e nunca os expulsamos. Temos a capacidade de evitar isso e deveríamos levar em consideração. É uma das maneiras de adicionar muita clareza à sua mente, apenas livrando-se do barulho”, defende.

Tomando melhores decisões

Parrish conta que escreveu o livro Clear Thinking pensando em situações em que tomamos decisões ou dizemos sim para algo não porque raciocinamos, mas porque fomos impelidos pelo fluxo ou buscamos aceitação social. Para ele, a chave nessas situações é se colocar em uma boa posição para tomar decisões.

Ele cita o exemplo de Daniel Kahneman, psicólogo e economista vencedor do Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2002 e autor do livro “Rápido e Devagar” que faleceu no ano passado.  Em uma conversa com Parrish, Kahneman contou ter criado uma regra pessoal de não aceitar convites para eventos ou trabalhos por telefone. Isso porque, fora da pressão do convite, ele podia avaliar melhor e aceitar apenas o que realmente o interessava.

“Em situações que sabemos que vamos enfrentar no futuro, podemos tomar pré-decisões. Podemos fazer regras sobre elas, sobre o que vamos fazer e como vamos lidar com isso. E, então, quando essas situações surgem, não precisamos realmente pensar no momento e acabamos agindo de acordo com nosso comportamento desejado”, explica

O autor também alerta sobre o risco de tentar antecipar o futuro em momentos de incerteza. “Nos metemos em problemas quando prevemos uma versão particular do futuro. E queremos que essa versão se torne realidade. Então, começamos a ignorar evidências em contrário. Começamos a ignorar os sinais de alerta onde poderíamos sair. E, quando não se torna realidade, nos colocamos em uma posição realmente ruim”, defende o responsável pela Farnam Street.

IA e o processo de tomada de decisão

Parrish está no Brasil nesta semana para o Vtex Day, que acontece nos dias 2 e 3 de junho. No evento, ele pretende abordar sobretudo o impacto da inteligência artificial no processo de decisão. “Primeiro, se você tem entre 24 e 45 anos e não está usando IA reflexivamente, provavelmente não terá um emprego nos próximos cinco anos. Você será substituído por alguém de 21 anos, recém-saído da escola, que usou IA durante toda a vida, e a produção dele será melhor que a sua, e ele pensará instintivamente em IA”, opina.

Para ele, o melhor jeito de começar seria usando a inteligência artificial para coletar informações, verificar fatos, assim como verificar nosso próprio pensamento e mapear o que pode estar sendo perdido. “Se você pensar em tomada de decisão, a fonte de todas as más decisões são os pontos cegos. E a IA pode nos ajudar a ver o que não podemos ver”.

Ele descreve um exercício. Ao tomar uma decisão, ele escreve em um papel o que está decidindo e por que está decidindo. Isso daria tempo ao cérebro para mudar de uma resposta instintiva para uma resposta racional e colocar os seus pensamentos de forma clara.

“E então, às vezes, eu tiro uma foto disso e carrego para a IA e apenas digo: ei, analise isso para mim como se você fosse Warren Buffett, Charlie Munger. E eu crio esse conselho de administração imaginário com o qual eu nunca seria capaz de conversar na vida real”.

E Parrish explica: “O que estou realmente fazendo naquele momento, seja escrevendo ou conversando com a IA, é algo que não costumamos fazer, que é pensar. Não costumamos dedicar tempo e espaço para pensar sobre os problemas antes de decidirmos. Temos uma cultura onde se espera que você tome decisões na hora”, provoca o escritor.

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