Tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo: como será o conteúdo no futuro?

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Tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo: como será o conteúdo no futuro?

Na era dos vídeos ágeis e curtos, profissionais falam sobre a necessidade e os riscos de seguir modelos para atender a audiência – e obedecer aos algoritmos


11 de abril de 2023 - 23h36

Patricia Moura, Ian SBF, Ana Paula Passarelli falam ao moderador Caio Fulgêncio, do Meio & Mensagem (Crédito: André Valentim)

Em tempos em que as dancinhas, o humor e o dinamismo dos vídeos curtos tornaram-se uma espécie de padrão da comunicação da geração Z – e até de pessoas de outras faixas etárias –, qual o espaço que sobra para outros formatos de conteúdo? Será que estamos perto de não ter mais paciência de assistir um filme com duas horas de duração?

Esses foram alguns dos questionamentos realizados no painel “Curto, ágil e efêmero: como será o conteúdo do futuro”, que reuniu profissionais que atuam em agências, produtora de conteúdo e marketing de influência. Participaram do debate Ana Paula Passarelli, fundadora e COO da Brunch; Ian SBF, sócio do Porta dos Fundos, e Patricia Moura, head de conteúdo na Gut.

Entregar o que os espectadores – ou consumidores – querem ouvir e assistir parece ser a saída mais lógica. Afinal, se as pessoas querem conteúdo curto, as marcas e veículos precisam saber contar histórias nesse formato. Mas, até que ponto essa lógica vai deixando toda a indústria refém dos algoritmos?

Esses questionamentos foram pontuados no painel, em que cada um dos debatedores compartilhou seu ponto de vista sobre a difícil missão de agradar uma audiência cada vez mais exigente.

Ana Paula Passarelli usou uma frase para definir a atual situação de muitos criadores de conteúdo da atualidade. “Eles enfrentam a dor de tentar não ser reféns de suas comunidades e nem funcionários dos algoritmos”, resumiu.
O que a sócia e CCO da Brunch pontuou é como a busca incessante por tentar agradar a audiência gera stress sobre os creators e os leva a produzir algo que, muitas vezes, não lhes agradaria ou de seguir supostas fórmulas seguras para que seu conteúdo tenha bom desempenho nas redes sociais.

A respeito dessas regras geralmente difundidas entre os profissionais de conteúdo do ambiente digital, Ian SBF declarou que os maiores sucessos do Porta dos Fundos aconteceram quando o grupo procurou transgredi-las. “Sei que pode parecer ingênuo dizer isso, mas minha experiência me mostrou que, independentemente de regras, se um conteúdo é bom, ele vai bem. O que vale ainda é a capacidade de conseguir fisgar a pessoa com um entretenimento feito para ela. Na verdade, o conteúdo bom não será indicado por fórmula. A fórmula vai fazer com que as pessoas repitam algo que deu certo. Mas o que todos queremos e buscamos é o novo”, definiu.

Em meio a uma discussão a respeito de como os algoritmos de cada plataforma influenciam o consumo de conteúdos do mesmo estilo, Patricia fez a observação de como a indústria criativa também, de certa forma, fica condicionada a esse modelo.

“Hoje, não fazemos mais campanhas orgânicas porque não conseguimos mais contar com o algoritmo. Por mais criativa que a marca seja, é preciso ter um planejamento de mídia paga, porque o algoritmo não entregará a mensagem a toda a comunidade”, explicou a head da Gut.

Patricia seguiu explicando como funcionam os algoritmos das plataformas, sobretudo as de vídeos curtos. Segundo ela, a proposta de toda rede social é fazer com que as pessoas permaneçam mais tempo conectadas e a forma mais eficaz de fazer isso é por meio de várias histórias curtas, em sequência – ou seja, os vídeos curtos. “É algo do ser humano ver histórias continuadas, em sequência. A pessoa nunca se dá por satisfeita e fica ali, vendo outro vídeo de 15 segundos. Quando percebe, já se passaram três horas”, destacou.

Esse consumo desenfreado de conteúdo, ao mesmo tempo, gera stress mental, como definiu Passarelli, já que, nessa era de vídeos curtos, as pessoas acabam consumindo fragmentos o tempo todo. “Pensar fragmentos é mudar a chave daquilo que pensamos o tempo todo. Isso cansa, causa dor de cabeça”, definiu a profissional.

Na parte final do debate, os convidados também falaram como a inteligência artificial e as novas tecnologias afetam nessa criação de formatos. Ian pontuou que ChatGPT e outras plataformas de inteligência artificial serão grandes ferramentas, mas não serão as autoras principais das novas ideias.

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