A coragem em quatro estágios
Em meio ao SXSW, há muitos aprendizados que vão além da tecnologia e do cotidiano do trabalho e do consumo. São lições humanas, que dizem respeito a um atributo central: a coragem.
Em meio ao SXSW, há muitos aprendizados que vão além da tecnologia e do cotidiano do trabalho e do consumo. São lições humanas, que dizem respeito a um atributo central: a coragem.
15 de março de 2023 - 19h54
Em meio ao SXSW, há muitos aprendizados que vão além da tecnologia e do cotidiano do trabalho e do consumo. São lições humanas, que dizem respeito a um atributo central: a coragem. Como? Neste artigo, compartilho quatro formas de se ter — e utilizar — a coragem nestes tempos, conforme as reflexões de quem está no maior festival de inovação do mundo:
O ser humano tem o costume de focar no negativo — no ruim, no que vai dar errado. É um mecanismo de sobrevivência. O escritor e ativista americano Simran Jeet Singh abriu o SXSW e os nossos olhos para uma outra forma de ver o mundo. Talvez não seja um jeito fácil, mas certamente é necessário: voltar a ter a capacidade de conversar com pessoas que pensam diferente. O executivo do Aspen Institute tocou em diversos pontos sensíveis: antes de mais nada, tentar entender o que fez aquela pessoa chegar até ali. Segundo, encontrar pontos de contato onde vocês concordem. E, por último, não se achar superior à outra pessoa, sem partir do pressuposto de que você está certo. Ouvir. Só assim vamos conseguir chegar em um mundo realmente mais justo para todos.
Quando falamos sobre Inteligência Artificial (AI), há um receio de que essa tecnologia acabará com os empregos. Cofundador da OpenAI, que criou o Chat GPT, Greg Brockman destacou dois aspectos sobre esse tema. Nas empresas, segundo ele, a AI chega para acelerar e reduzir os custos de escala e de crescimento — afinal, ela diminui a necessidade de investimento em diversas áreas que são fundamentais para que isso aconteça. Já do lado individual, há o desafio de entender e dominar ao máximo as ferramentas. Ou seja: saber fazer as perguntas certas para obter os melhores resultados é o caminho. Até porque, na sua visão, ninguém perderá o emprego para a AI; mas, sim, para outro profissional que sabe explorar e extrair o máximo dela. Então, a hora de estar um passo à frente é esta.
Diante do medo, fazer um recuo seguro parece o caminho mais confortável. A psicóloga Nancy Hill “colocou o bode na sala” ao falar sobre a recessão americana. E mais: sobre como as empresas podem e devem se comportar para passar por ela e sair mais fortes do outro lado. É dela frases como “Cuidado. Mas siga em frente”, “Em tempos bons você deve anunciar. Em tempos ruins você precisa anunciar”, “Se você não anuncia durante a crise você perde a retomada depois dela”. Elas foram seguidas por diversos exemplos de sucesso, o que nos mostra que dois elementos são fundamentais para tomar as decisões certas: dados — e coragem.
A sigla AI é comumente usada para tratar de Inteligência Artificial, certo? A psicoterapeuta Esther Perel fez uma provocação para usar as mesmas letras de uma forma diferente: Intimidade Artificial. A intimidade presente entre amigos, parentes e parceiros vai escapando aos poucos. No lugar, as telas de celular viraram presença obrigatórias em mesas de jantar, no restaurante e em casa, no sofá, quando se está lado a lado. E isso acaba com o chamado tempo de qualidade, afastando quem está muito perto. Com o celular na mão, cria-se um escudo que muitas vezes nos defende de conversas difíceis e necessárias dentro de todo tipo de relacionamento. Mas, não é isso que nos faz nos sentir vivos? É preciso coragem, também, para baixar o celular.
E por aí, qual será seu próximo ato de coragem?
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