O papel de cada um por trás das grandes tecnologias
De longas filas, palestras lotadas e a quantidade de gente interessada em inovação. Será que é só isso mesmo que podemos dizer sobre o SXSW 2023? Bem, a resposta é definitivamente não
De longas filas, palestras lotadas e a quantidade de gente interessada em inovação. Será que é só isso mesmo que podemos dizer sobre o SXSW 2023? Bem, a resposta é definitivamente não
16 de março de 2023 - 9h06
Já passada a primeira metade do evento, é possível afirmar com todas as letras que esta é uma das maiores edições do festival. A atração voltou com força no “pós-pandemia” – apesar de sabermos que a Covid-19 não foi embora totalmente. E uma boa parte dessa potência vista nos primeiros dias do festival em Austin, no Texas, está relacionada à discussão importante de tendências no mundo da tecnologia feita por futuristas, estudiosos, cientistas e quem está por aqui ajudando a criar o futuro.
Uma das mais conhecidas, que também já é recorrente do SXSW, é a Amy Webb, futurista e CEO do Future Today Institute, que todos os anos faz um report do que será tendência na área,e e agora não foi diferente: sua fala principal provoca o fato de que estamos no fim da internet como a conhecemos.
Mas calma, vamos por partes. Na sua palestra, ela explicou que essa mudança brusca está conectada com o crescimento do mundo dos dados, os quais cada vez mais são coletados o tempo inteiro pela web e processados com Inteligência Artificial. Dessa forma, muito em breve devemos ver uma troca de posições: ao invés de nós buscarmos na internet é a internet que pesquisará em nós, já que nossos dados serão coletados o tempo todo. É o que ela chamou de AIMOSIS (AI + Osmosis).
O dia de inspirações em tendências em tech continuou. Logo depois da Amy Webb, os autores do livro “The Future Normal: How We Will Live, Work and Thrive in the Next Decade”, Rohit Bhargava e Henry Coutinho-Mason, falaram sobre tendências que não são exatamente óbvias, mas que também vão moldar o futuro. A ideia principal deles foge um pouco das distopias catastróficas, indo de encontro a um cenário em que poderemos viver com o avanço tecnológico, com muitas novidades que não apenas passarão a ser normais, como nos ajudarão a viver melhor.
O que hoje fazemos de forma operacional, poderá ser otimizado e automatizado com AI; ou ainda quando falamos da área de saúde, poderemos usar a tecnologia para o acompanhamento do nosso metabolismo e até na medição de glicose em tempo real, que tende a ser um divisor de águas para diabéticos. O verdadeiro desafio então segundo eles, “não é prever o que está por vir, mas antecipar o que será normal. E, dentro dessa lógica, quem entender de pessoas sempre estará um passo à frente.”
Além das previsões tech, também teve espaço para conversas importantes sobre mudanças climáticas e soluções que estão sendo colocadas em prática para salvar o planeta. Uma das mais esperadas foi a do Ryan Gellert, CEO da Patagonia, empresa que recentemente anunciou que 100% do seu lucro será voltado a causas ambientais e quebrou alguns paradigmas sobre o quanto é sim possível ser sustentável. Segundo ele, não importa em qual indústria você esteja, é urgente que todos se engajem no assunto: “Não temos tempo de sermos pessimistas e as mudanças climáticas são responsabilidade de todos”, disse.
Nesse sentido, vimos também o painel com o fundador do The Ocean Cleanup, Boyan Slat, projeto que desenvolve tecnologias e dispositivos para retirar plástico dos oceanos e rios, tendo hoje já 11 instalações no mundo; a ideia é prevenir que o material chegue no mar, além de limpar o que já está lá. Para Boyan, muitas coisas que hoje tomamos como certas já foram consideradas impossíveis um dia. O mesmo raciocínio se aplica a atividades como a da iniciativa que ele comanda, as quais precisam ser realizadas para o bem comum, ainda que pareçam complicadas. Ou seja, é considerado impossível, mas ainda assim ele está fazendo!
Se pararmos para olhar com calma, todos esses temas não são distantes. Na verdade, estão mais próximos do que parecem. Já usamos boa parte dessa tecnologia em nosso dia a dia. O ponto é olharmos o quanto temos a responsabilidade de continuar avançando como humanidade para trazer o melhor da evolução tecnológica sem que a gente estrague tudo pelo caminho.
Provavelmente entramos em uma nova era onde o avanço dos próximos 10 anos será ainda maior do que foi nos últimos 50. É importante estarmos atentos a todo rastro que isso pode deixar de ruim do ponto de vista ambiental e social, e sermos responsáveis por esse futuro desde hoje.
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