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SXSW

Sidney Klajner: tecnologia é pilar para equidade na saúde

Presidente do Hospital Israelita Albert Einstein explica como telemedicina, big data e inteligência artificial tem impactos positivos na distribuição do atendimento em saúde


13 de março de 2023 - 10h36

Para além dos setores mais criativos, um crucial no dia a dia da humanidade, a saúde, também está presente no South by Southwest. Algumas das discussões são sobre inovações na seara da neurocíência e sobre como tratar públicos de diferentes idades, mas é curioso notar a presença de um hospital brasileiro e particular apresentando um painel sobre como a tecnologia pode auxiliar promover equidade na saúde. Foi o que o Hospital Israelita Albert Einstein fez.

Presidente do Hospital Israelita Albert Einstein apresntou um painel no evento (Crédito: Thaís Monteiro)

Pela primeira vez no evento, o intuito do hospital é mostrar como as inovações feitas pela empresa e outros exemplos pode auxiliar em um atendimento de saúde mais justo para as diferenças socioeconômicas e geográficas de um país de dimensões continentais como o Brasil.

Alguns exemplos de tecnologia que já auxiliam nisso é a telemedicina, que foi implentada em 2012 no Hospital Israelita Albert Einstein, aumento da capacidade de processamento de dados, uso de big data, de analytics, de inteligência artificial e de algoritmos para ajudar na tomada de decisões. “Tudo isso é tecnologia de ponta ampliando a equidade na saúde do Brasil hoje. A partir dessa constatação, entendemos que era muito importante mostrar tudo isso para o mundo e não existe um espaço melhor para esse tipo de debate em âmbito global do que SXSW”, descreveu o presidente do hospital, Sidney Klajner.

Além de demonstrar as soluções existentes e indicar que big data e inteligência artificial será promissor para reduzir custos na saúde, o presidente alerta para a necessidade de inovação para o fuuro que trás ameaças. “As mudanças climáticas pressionam ainda mais o sistema de saúde mundial. Riscos desde o aumento de disseminação de doenças transmitidas até a diminuição do acesso a serviços básicos como resultado de desastres naturais. Entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas serão responsáveis por cerca de 250 mil mortes por ano, segundo a ONU”, disse.

No âmbito da saúde pública, o hospital é responsável pela gestão de 29 unidades de equipamentos públicos, mantém 38 projetos de pesquisas para o Sistema Único de Saúde e trabalha no transplante de órgãos junto ao SUS.

Ao Meio & Mensagem, o presidente da instituição dividiu perspectivas da tecnologia na área da saúde.

Meio & Mensagem – Por que o Hospital Israelita Albert Einstein decidiu apresentar uma palestra no SXSW?
Sidney Klajner –
Estar no SXSW é algo que estava em nosso radar, mas a intenção ficou mais aguçada após uma recente visita que fizemos a Israel, um dos maiores polos mundiais de desenvolvimento de inovação, também na área da saúde. Quando voltamos dessa visita, percebemos que, olhando para o Brasil, um país com desafios diferentes na área da saúde – já que lidamos com discrepâncias socioeconômicas e geográficas que pressionam muito o sistema – a tecnologia aqui tem um papel que vai muito além dos muros de um hospital. Ela é um pilar importante quando se fala na promoção da equidade e também gostaríamos de compartilhar nossos desafios e resultados nesse sentido, em uma arena global.

Qual é a relação do hospital com o festival?
Essa é a primeira vez que participamos do festival. E avaliamos que é o momento certo porque no setor da saúde se produz muita inovação, e de forma ampla. O uso de big data e IA na saúde podem reduzir custos, ajudar a prevenir doenças e facilitar o acompanhamento médico, por exemplo. A consolidação da telemedicina tem sido fundamental para ampliar o acesso. Queremos mostrar um pouco da nossa jornada no SXSW, especialmente com os projetos que atendem as necessidades comuns nos sistemas de saúde em outros países.

Como estar presente em um festival que reúne marcas/empresas/pessoas do mundo todo pode fomentar a atuação do hospital no Brasil? E como é essa relação com o internacional? Existe intenção de internacionalização?
Ser a primeira organização brasileira de saúde a palestrar no South by South West é muito significativo, pois reflete a importância cada vez maior de o setor dialogar sobre a tecnologia, a inovação e a transformação digital, e como elas podem ser pilar e/ou motor para resolver desafios na saúde – como o da equidade. Vejo que nossa presença lá irá colocar, em primeiro lugar, o tema “equidade em saúde por meio da tecnologia” em evidência em uma arena global, ou seja, levar a discussão para uma escala muito maior do que as fronteiras brasileiras; em segundo, compartilhar expertises desenvolvidas aqui e que podem servir de benchmark para outros países com problemas similares; e, por fim, ampliar nosso olhar para trazer inovações que também possam ser replicadas não só no Einstein, mas que possam impactar o mercado brasileiro de saúde como um todo.

O intuito da palestra que irão apresentar é demonstrar as formas como a tecnologia pode ajudar nas parcerias público-privadas e levar equidade de acesso à saúde. Quando isso virou uma pauta relevante para o Einstein? E por quê?
O Brasil é um país de grandes discrepâncias socioeconômicas e geográficas, o que torna a equidade da saúde um grande desafio. Mas, isso não é uma questão só do nosso país. Trata-se de um problema global, que fica ainda mais impactado pelas questões ambientais, já comentadas no início da entrevista. A eclosão da pandemia evidenciou tudo isso. O colapso da assistência em Manaus, à época, foi um exemplo, com a falta de profissionais e recursos desde os mais complexos até os mais simples (quantas pessoas não morreram simplesmente porque não tinham nem como se transportar para um hospital. Estamos falando de um local onde as pessoas podem levar horas de barco para ir de um ponto a outro).

Quais outras tendências marcam o setor no momento?
Como já falamos ao longo dessa entrevista, a tecnologia é a chave para a equidade em saúde no mundo todo. Também já iniciamos estudos de aplicação de metaverso e do uso do 5G para melhorar ainda mais todos os procedimentos médicos que necessitam de conectividade de alta qualidade. Para mim, o futuro é tornar a medicina cada vez mais conectada, permitindo tornar os diagnósticos, procedimentos e tratamentos cada vez mais rápidos e precisos em benefício do paciente e do sistema de saúde. Minha visão é que não estamos tão longe disso. Mas, a velocidade em que isso acontecerá dependerá da cultura e da capacidade de investimentos de cada país.

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