O princípio do biscoito e da roupa suja de John Maeda
O VP de e design e inteligência artificial da Microsoft entende a IA uma ferramenta de auxílio ao ser humano, poupando-os de tarefas que não "despertam alegria"
O VP de e design e inteligência artificial da Microsoft entende a IA uma ferramenta de auxílio ao ser humano, poupando-os de tarefas que não "despertam alegria"
Amanda Schnaider
13 de março de 2023 - 6h04
O tecnólogo, líder de experiência de produto e vice-presidente de design e inteligência artificial da Microsoft desde novembro do ano passado, John Maeda lotou o Ballroom D do Austin Convention Center mais um ano, para apresentar o seu report de design e tecnologia.
O primeiro “Design in Tech Report” do tecnólogo foi lançado durante o SXSW, em 2015. De lá para cá, a tecnologia evoluiu de tantas formas, que o seu report foi se modificando e se moldando às tendências de cada ano. Para este ano, o que mais chamou a atenção de Maeda foi o assunto do momento: a inteligência artificial, principalmente, a generativa, com a ascensão do ChatGPT.
Quando questionado sobre o surgimento do ChatGPT, Maeda faz uma comparação com uma garrafa de vidro de ketchup, que é muito difícil de tirar o conteúdo de dentro, mas que se for forçada acaba caindo tudo. “Esse é o tipo de problema com o qual estamos lidando agora”. Vale destacar que a Microsoft investiu US$ 10 bilhões na OpenAI, criadora da ferramenta.
Apesar disso, diferentemente de alguns speakers do South by Southwest, o VP da Microsoft, não enxerga a inteligência artificial com maus olhos, pelo contrário. Para ele, a IA é uma forma do ser humano se livrar de coisas que ele não gosta de fazer, para que possa ter tempo de fazer o que realmente ama.
“Quando pessoas como me perguntam, devo ter medo dessas tecnologias? Eu gosto estilo de pensamento de Marie Kondo, do ‘despertar de alegria’. Portanto, se você acordar de manhã e for trabalhar e estiver trabalhando como um “despertar de alegria”. Algumas tarefas no trabalho te levam a pensar: ‘Eu realmente preciso fazer isso?’”, exemplificou.
De acordo com Maeda, essas tarefas que não precisam ser feitas por humanos, como gerenciamento de calendário, apresentações de Powerpoint, limpeza de dados, gerenciamento de e-mails e pesquisas de mercado, estão na coluna do não “despertar de alegria”. “Acredito que aproveitar essas novas IAs para fazer parte disso não faria mal”, salientou. “Portanto, se você pensar cuidadosamente sobre como fazer isso, poderá remover as coisas que não despertam alegria para criar mais tempo ou as coisas que despertam alegria”, completou.
Anos após escrever o seu livro “Leis da simplicidade”, em 2005, criou o “Cookie and laundry principle” (princípio do biscoito e da roupa suja, em tradução livre). Maeda explicou que ele é baseado na reação de crianças. “Você oferece para uma criança duas opções: um biscoito grande ou um biscoito menor, sem glúten e todas essas coisas. Qual ela escolherá? Ela irá querer o maior. Entretanto, se você dar para ela uma pilha de roupas sujas para lavar, ela irá querer a menor”.
Anos depois, Maeda, então, percebe que essa é a mesma lógica de abordagem da inteligência artificial. “Temos que saber o que mais queremos fazer versus o que não queremos fazer. Temos que separar essas duas coisas. É como se tornasse a vida mais divertida e menos dolorosa, e a IA pode nos ajudar a fazer isso”, concluiu.
Para saber mais sobre os detalhes técnicos dos report acesse aqui.
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