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Opinião

A água vai passar

O Rio Grande do Sul vai precisar de ajuda pela próxima década. Nossas cabeças criativas, que trabalham para marcas, empresas e artistas, devem nos ajudar a manter viva essa campanha de reconstrução


4 de julho de 2024 - 7h04

(Crédito: Adobe Stock)

Nasci e fui criada em Porto Alegre, cidade que vivencio e faço questão de frequentar várias vezes por ano para reencontrar minha família e amigos, além das viagens a trabalho.  

Não preciso nem descrever aqui o quanto fiquei impactada e sensibilizada ao ver, por todos os meios, as imagens da catástrofe que atingiu diretamente o estado do Rio Grande do Sul. 

Passada a fase grave e aterrorizante das chuvas diárias, das inundações e dos resgates, além das centenas de vidas perdidas, o sol precisa começar a brilhar novamente. Sem, é claro, nos esquecermos de tudo o que acompanhamos, com apreensão, nas semanas que pareciam intermináveis e vimos um povo lutar diante da força da natureza. Afinal, ainda chove e muitas famílias seguem desabrigadas. O frio chegou. O cenário melhorou um pouco, mas ainda é de calamidade. 

E meu texto deste mês é um convite a refletirmos sobre a nossa capacidade, como seres humanos que somos, de transformar essa realidade trágica em um futuro promissor. Sabemos que nada será como antes, mas temos a oportunidade de pensar diferente, unindo forças, para que possamos, em breve, olhar para trás com a certeza de que fizemos o nosso melhor neste momento. Isso significa que a luta continua! E deve continuar por um bom tempo. Na verdade por anos, com certeza.

Desde a pandemia, estamos cada vez mais pensando de forma coletiva: atitudes individuais que ajudam a comunidade a vencer um obstáculo e a seguir adiante. Em 2020 e 2021, principalmente, esse tema dominou cada um de nós, transformando nossos hábitos, enquanto víamos, por todos os meios, as notícias  angustiantes que chegavam de todo o mundo.

Encerrada essa fase e olhando para este passado recente, pergunto se fizemos o nosso melhor. Há muita gente ainda sofrendo os impactos da pandemia, seja o econômico ou o emocional.

Já em 2023, havíamos acompanhado com apreensão as imagens das cheias no Rio Grande do Sul. O problema é que o cenário só piorou de lá para cá. Famílias que tinham perdido tudo e viviam com doações, tentando se reerguer, aos poucos, foram novamente afetadas.

A água levou tudo. Paralisou o que já estava danificado ou parcialmente com problemas. Fechou o aeroporto, a rodoviária. Dividiu famílias. Destruiu casas, empresas, prédios históricos. A enxurrada arrastou gente, bicho, carro, levando tudo. De poltrona de cinema a livros, de carros a pontes. 

Uma capital extremamente representativa na economia do Brasil virou um grande rio com toneladas de entulhos ocupando as ruas.   

As pessoas que se uniram para socorrer o povo gaúcho, enviando todo tipo de ajuda, devem ser extremamente reconhecidas. Além, é claro, de quem esteve fisicamente no cenário da tragédia, fazendo todo tipo de esforço para tentar amenizar o sofrimento e o caos. Cada um ajudou da maneira que conseguiu. 

Acredito que o ser humano realmente tem uma capacidade incrível de transformação. Foram feitos Pix de R$ 1 ou R$ 2. Mas ainda assim, o ato de contribuir com o pouco que se tem é tão grandioso que vai muito além do valor. Ainda devemos reconhecer o movimento de auxílio e doações da classe empresarial de todo o País. 

Porém, agora esse esforço é mais necessário do que nunca para a reconstrução efetiva do Estado. 

Aproveito para chamar a atenção dos nossos colegas, profissionais da área de comunicação, para que nos mobilizemos nessa campanha a longo prazo, que desperte ainda mais a solidariedade do brasileiro, para continuar auxiliando, para olhar para o povo gaúcho como parte de uma família.

O Rio Grande do Sul vai precisar de ajuda pela próxima década. Nossas cabeças criativas, que trabalham para marcas, empresas e artistas, devem nos ajudar a manter viva essa campanha de reconstrução do Estado. Um auxílio constante. 

As empresas, o povo, vão precisar dessa força. O setor audiovisual também. É preciso comprar de quem produz no Rio Grande do Sul. Participar de campanhas. Ajudar a divulgar as iniciativas. O estrago foi imenso. Mas é apenas com o auxílio de todos que vamos nos reerguer em um grande ato de união e solidariedade.

A água vai passar. 

Ficaremos em pé. 

Não tá morto quem peleia!

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