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Em vez de AI deveríamos falar de EI, Entertainment Intelligence

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Opinião

Em vez de AI deveríamos falar de EI, Entertainment Intelligence

No mundo hoje só se fala no Chat GPT e as consequências do uso de Inteligência artificial. Em vez de AI, deveríamos discutir o EI, Entertainment Intelligence. E sabe por quê? Porque a indústria do entretenimento está dando um baile na indústria da propaganda


13 de abril de 2023 - 9h37

Crédito: Hamara-shuttestock

O que é trendy e o que é commodity. 

Alguns exemplos recentes: 

“The Last of Us”, a série da HBO inspirada no game de mesmo nome é um ótimo exemplo de storytelling impecável e entretenimento 360. A primeira temporada foi uma febre aqui nos Estados Unidos. Repetindo a febre do próprio game, da produtora Naughty Dog, 10 anos antes. A cada semana, junto com a série, um novo capítulo do podcast oficial do show também era liberado. Para quem trabalha com criatividade, o podcast é tão interessante (ou mais) quanto o episódio da TV. Por 40 minutos, os showrunners Craig Mazin e Neil Druckmann, e o ator que fez o Joel no game, Troy Baker, conversam e dissecam as escolhas criativas por trás de cada episódio. É como estar sentado numa ilha de edição, ouvindo as curiosidades sobre cada decisão de trilha, de casting, o que foi adaptado e o que foi intencionalmente criado originalmente para a série de TV. Uma narrativa super interessante que foi criada para um game, ganha vida na TV, continua no podcast e reanima as vendas do game novamente. Dados da CNN mostram que só na Inglaterra, as vendas de The Last of Us no Play Station 5 aumentaram em 238% e no remasterizado PS4 em 322%, de janeiro (quando a série estreou) até agora. 

“Ted Lasso,” série da Apple que já está na terceira temporada, também é um exemplo de campanha integrada muito melhor do que muita campanha de publicidade. Em vários momentos do show existe o cross-marketing. Ted Lasso e os jogadores do time ganharam vida nas redes sociais e interagem com o que há de relevante no dia a dia dos fãs. O time de futebol da série, AFC Richmond, existe de verdade dentro do Xbox Fifa, resultado de uma parceria impecável com a EA sports. E até a Nike lançou uma série de camisetas e acessórios do AFC Richmond e seus patrocinadores. Sem contar os inúmeros product placements de MacBooks, iPhones, iWatches e acessórios que aparecem na série. Tudo Apple, claro. 

“Daisy Jones and The Six”, uma série musical (meio telenovela) da Amazon Prime, vende estilo em forma de episódios. O telespectador, ao mesmo tempo em que acompanha o enredo, recebe a notificação no celular para comprar na Amazon o look de cada personagem da série. O álbum Aurora, com músicas originais criadas especialmente para a série, chegou ao primeiro lugar em downloads no Spotify. De uma banda que só existe na ficção. Boom! 

A indústria do entretenimento cria, cada vez mais, plataformas de marca. Tudo que os anunciantes querem e que nós, criativos, contadores de histórias, adoramos fazer. 

Alguns anos atrás fui a um evento de criatividade da revista Fast Company em Los Angeles. O evento se dividia em duas partes: 1 dia de palestras e mesas redondas nos headquarters da 72 and Sunny, e outro dia em que você podia escolher uma “track” e visitar algumas das empresas do evento: fui na Disney e na Fender. Era 2018. E o pensamento para criação e produção de entretenimento já era o pensamento de ecossistema, o que se pode criar em volta da ideia para que os consumidores (telespectadores) possam viver a experiência do conteúdo. Quanto maior o engajamento, e a relevância para o dia a dia do público, mais forte o conteúdo. Isto é plataforma de marca. Isto agrega valor à mensagem. Uma marca com storytelling definido e reconhecida pelo público vai além do ganho imediato, vai além do “claim” que os advogados assinam embaixo, vale mais do que qualquer commodity. 

Agora peça ao Chat GPT “escreva uma história com o tom de voz do Ted Lasso, num mundo que seja o mix de The Last of Us com Stranger Things”. A criatividade original e o que chamo de Enterteinament Inteligence (EI) ainda são maiores do que a Artificial Intelligence (AI). 

Em tempo, saiu o novo censo das agências no Brasil e continuamos na péssima marca de: 15% dos líderes são mulheres, 8%, negros e 0%, mulher e negra. Se você é lider de indústria ou investidor e quer ficar em dia com o que há de mais trendy no mercado, vá além de Chat GPT e da Midjourney. Contrate mulheres e negras e LGBTQs para os cargos de CEO e CCOs. Esse job é pra ontem. 

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