Leão de Bronze e Prata para celebrar a diversidade
É iminente a necessidade de valorização e reconhecimento de mulheres e pessoas negras no cenário audiovisual brasileiro
Leão de Bronze e Prata para celebrar a diversidade
BuscarÉ iminente a necessidade de valorização e reconhecimento de mulheres e pessoas negras no cenário audiovisual brasileiro
29 de junho de 2023 - 11h09
Junho de 2023 fica marcado por celebrar um momento de grande conquista da diversidade brasileira na indústria da comunicação. Cada vez mais, os criativos, diretores, maestros e executivos de marketing buscam pelo conhecimento do ESG, sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance”, que significa “Meio ambiente, social e governança”.
Ao buscar pelo ESG, os profissionais entendem que a reputação das marcas depende não só de boa governança para empregar os recursos da melhor forma possível como também de investimentos para gerar impacto ambiental e social positivo. Mas como fazer isso?
Hoje a propaganda está ativa e próxima daquilo que faz sentido. É preciso trazer temas como a falta de oportunidades, o racismo, o preconceito, pois muitas vezes são resultado da falta de conhecimento. O preconceito será sempre um enorme desafio e tem como matriz o ódio. Transformar esse cenário pode ser possível com a inclusão dos talentos da diversidade.
Dados de pesquisa da Ancine sobre diversidade de gênero e raça de 2016 evidenciam a realidade do mercado audiovisual brasileiro. Das 1.326 pessoas analisadas exercendo as funções de direção, roteiro, produção executiva, elenco, direção de fotografia e de arte dos 142 longas-metragens lançados comercialmente em salas de exibição do país daquele ano, 62% eram homens e 38%, mulheres. Entre os principais dados:
– O total de pessoas brancas era 71%; pretas 5%; parda 3%; e indígena e amarela 0%.
– Na direção, 75,4% eram homens brancos; 19,7% eram mulheres brancas; 2,1% eram homens negros; e não havia mulheres negras.
– No roteiro, 59% eram homens brancos e 16,2% eram mulheres brancas. Não havia mulheres negras.
– Na produção executiva, área com mulheres se sobressaindo, 26,2% eram homens brancos; 36,9% eram mulheres brancas; 2,1% eram homens negros; e não havia mulheres negras.
– Na direção de fotografia, os homens eram a grande maioria com 85,2%, enquanto as mulheres compreendiam apenas 7,7% do total de pessoas na função. Foi contabilizado 2,1% de gênero misto.
– Na direção de arte, 59,2% eram homens; 5,6% eram mulheres; e 31% eram gênero misto.
– No elenco principal, do total de 802 pessoas analisadas de 97 filmes, 480 eram do sexo masculino; 321 do feminino; 4 eram pessoas amarelas; 651 brancas; 37 pardas; e 70 pretos.
– Não foi contabilizado ator ou atriz negros no elenco principal.
– 75,3% dos filmes possuem no máximo 20% do elenco composto por pessoas negras.
É iminente a necessidade de valorização e reconhecimento de mulheres e pessoas negras no cenário audiovisual brasileiro. É um mercado em que sucesso e criatividade andam juntos e pode promover contratações que gerem oportunidade de trabalho para os talentos da diversidade.
Na 70ª edição do Cannes Lions, um Leão de Bronze e um de Prata foi entregue para uma produtora em um dos seus primeiros trabalhos para publicidade, oportunidade que é uma vitória de uma sociedade que caminha em uma nova direção. Notas de Respeito é um filme criado pela Grey e produzido pela Malala Filmes, e tem a estreia de Viviane Santos, jovem de 24 anos, preta e nordestina, como diretora e contou com time diverso no set. É, sim, possível gerar oportunidades, ganhar prêmios para a diversidade e construir uma sociedade mais justa econômica e socialmente pensando em todas as etapas do processo e seus impactos.
Há quem lute pela renovação dos profissionais nos longas-metragens e abertura de novo espaços. A produtora Malala Filmes, parte do Grupo Com Atitude, que trabalha há mais de 22 anos com o ESG (essas três letras que praticamente substituíram a palavra sustentabilidade no universo corporativo), prioriza a contratação de mulheres, pessoas LGBTQIAPN+, indígenas e pessoas pretas em suas produções. Entre suas iniciativas produtora, criou a escola Adélia Sampaio, que leva o nome da a primeira mulher preta a produzir um longa para o cinema brasileiro. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no seu tempo, foi premiada mundialmente pelo seu trabalho.
Malala Filmes é fundada por mulheres. Sua principal gestora é uma mulher nascida em periferia, que vivenciou na pele a dificuldade em encontrar o primeiro emprego. A escola Adélia Sampaio pretende formar tecnicamente mulheres e o máximo de pessoas que fazem parte da diversidade. 20% dos ganhos da Malala Filmes são destinados à escola Adélia Sampaio e compõem as contrapartidas sociais dos relatórios ESG das empresas contratantes.
Compartilhe
Veja também
Quais são as tendências de estratégia para 2025?
Lideranças femininas de agências, anunciantes e consultorias compartilham visões e expectativas para o próximo ano
Como as mulheres praticam esportes no Brasil?
Segundo relatório "Year in Sport", da Strava, corrida é o esporte mais praticado globalmente e atividades físicas em grupo crescem 109% no País